Brasileiro bateu na Tyrrell do japonês Satoru Nakajima no GP do Brasil de 1990. Foto: Reprodução

Brasileiro bateu na Tyrrell do japonês Satoru Nakajima no GP do Brasil de 1990. Foto: Reprodução

O japonês Satoru Nakajima, até hoje, paga por um "crime" que não cometeu.

Foi condenado pela legião ufanista que não conseguiu separar razão da emoção.

Explico para a turma que foi apresentada à Fórmula 1 pelo Netflix.

Interlagos voltava a sediar a Fórmula 1 em 1990, desbancando o ótimo circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

Sim, Jacarepaguá era um circuito muito bom, que os pilotos adoravam.

Seletivo, com ótimos pontos de ultrapassagem e curvas variadas.

A infra-estrutura, sim, esta ficava devendo.

Sou testemunha disso.

Estive na arquibancada do Retão em 1985, ano em que Ayrton Senna estreava pela Lotus após sua primeira temporada na Toleman.

Afora o calor dos infernos, aquelas tábuas de madeira que balançavam perigosamente, banheiros distantes e indignos de uso completavam o cardápio carioca para quem fosse assitir uma corrida de carros por lá.

Falando em cardápio, esqueçam alimentação. Precária, igualmente distante da arquibancada.

Resumindo: um show de horrores.

A cidade de São Paulo, entenda-se sua prefeita, Luiza Erundina (PT), mobilizou-se para trazer a F1 de volta a Interlagos.

Antes dos liberais empertigados que se gabam em acionar a iniciativa privada, Erundina orquestrou uma parceria público-privada com a Shell e as obras para reformar Interlagos foram feitas a toque de caixa.

Senna, inclusive, foi uma espécie de arquiteto sem diplomar a palpitar na obra, incluindo o tal "S" após a Reta dos Boxes.

O circuito de quase oito quilômetros de extensão foi reduzido a pouco mais de 4.000 metros, perdendo seu DNA, para desespero das lendas do nosso automobilismo que atolavam o pé direito no acelerador para fazer as curvas 1, 2 e 3 e aprumavam as "baratas" para contornar a Ferradura e o Sol.

Alguns, mais alarmistas, rotularam o tal "S" do Senna de curva da morte.

Então, em 1990, a Fórmula 1 retornou a Interlagos.

O malufista Senna teve de se curvar à nordestina Luiza Erundina e lhe cumprimentar pela empreitada.

Assombrou nos treinos, na classificação e liderava a corrida até julgar que poderia ultrapassar a Tyrrell de Satoru Nakajima (retardatário) no Bico de Pato, por dentro, sem espaço, como a imagem que ilustra este texto mostra claramente.

Quebrou a asa dianteira de sua McLaren, precisou fazer uma parada nos boxes e retornou em terceiro, 30 segundos atrás de Alain Prost (Ferrari). Também atrás do companheiro de equipe, Gerhard Berger. Terminou a corrida em um frustrante terceiro lugar.

No último domingo (9), outro brasileiro, estreando com um Fórmula 1 em Interlagos, também pôs tudo a perder na mesma curva, o Bico de Pato.

Depois de erro primário no final da Sprint, tentando ultrapassar afoitamente Alex Albon no "S" do Senna, sofreu um fortíssimo acidente, que só não teve piores consequências por conta do atual nível de segurança dos carros e a providencial proteção de pneus no local.

Largando do final do pelotão no GP, Bortoleto quis superar Lance Stroll (Aston Martin) por fora, sem espaço, assim como Senna tentou (por dentro) superar Nakajima lá em 1990.

Com um agravante: os atuais carros da F1 são mais compridos e mais largos.

Não havia espaço e ele bateu na metade da primeira volta.

Sim, as insuportáveis redes sociais foram coalhadas de críticas a Stroll, assim como as rodas de amigos (rede social da época) fizeram com Nakajima lá em 1990...

Sim, ainda há um time de aparvalhados que, revendo o acidente entre Senna e Nakajima, aponta o dedo para o japonês.

Assim, como agora, os novos aparvalhados, fazem para Stroll.

O próprio Bortoleto disse que foi um incidente de corrida e, ainda que não de forma incisiva, livrou Stroll da culpa.

Poderia ser mais enfático, assumir o erro e calar essa turma que nunca vê as coisas como elas são de fato.

Em tempo: em 1992, nas eleições seguintes à administração de Luiza Erundina, a prefeita que recuperou Interlagos para a Fórmula 1 no Brasil, Ayrton Senna apoiou Paulo Maluf (PDS) para prefeito de São Paulo. Maluf, inclusive, ganhou o pleito de Eduardo Suplicy (PT), apoiado por Erundina.

Engenheiro formado pela Poli (USP), Maluf se vangloriava, a cada ano, ao recapear a pista de Interlagos, que a mesma havia ficado uma "mesa de bilhar", algo que os pilotos nunca concordavam, com seus carros pulando feito cabritos na Reta dos Boxes e na Reta Oposta...

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