Falemos um pouco sobre etarismo, o odioso preconceito por conta da idade de uma pessoa.
Seja o preconceito contra o jovem (menos comum) ou contra o idoso (o mais comum).
No limitado mundo da Fórmula 1, em que apenas 20 almas se digladiam em pistas pelo mundo, ele também está presente.
Na verdade, mais fora do que dentro dele.
Explico.
Depois do anúncio sucinto (curto e grosso, no popular) de Fernando Alonso na última quinta-feira (11), decretando sua permanência na Aston Martin para um vínclulo "plurianual", notei manifestações desabonadoras pelo fato de um piloto de 42 anos seguir firme no grid da Fórmula 1.
Alguns etaristas em seus blogzinhos, instagranzinhos e tiktokzinhos, lançaram a etarista questão, achando injusto um veterano como Alonso "estar tirando o lugar" de algum jovem piloto...
Para a geração criada à base do Drive to Survive, que achou que a Fórmula 1 se resume a polemicazinhas de bastidores e dancinhas nos boxes, tenho uma péssima notícia: a Fórmula 1 é muito mais do que isso.
Ainda que haja pilotos pagantes, isso se resume (felizmente) a poucas equipes.
Na maioria delas se privilegia o talento, a capacidade técnica.
E é bem por isso, pelo fato de existirem apenas 20 vagas, que uma legião de jovens bons pilotos não saltaram da Fórmula 2 para a Fórmula 1, algo que seria possível em décadas passadas, quando 30 pilotos estavam inscritos para um fim de semana de corrida e os 26 melhores alinhavam no grid. Basta dar um "Google" na temporada de 1988, por exemplo...
Fernando Alonso Días, que completa 43 anos no próximo 29 de julho, está na Fórmula 1 por vários motivos.
Primeiro, porque é um bicampeão que não parou no tempo, passou brilhantemente por mudanças severas de regulamentos, destrinchando como poucos as novas engenharias motrizes, construção dos monopostos e eletrônica embarcada.
Fez muito bem a transição da F1 tipo "Atari" para a F1 tipo "Playstation" e "Xbox".
Lida tão bem com a parafernalha de botões do volante como um menino que está brincando no simulador de um F1.
Paralelamente a isso, exceto por um ou outro (Max Verstappen é o maior exemplo), as safras que Alonso viu nascer desde sua estreia na Fórmula 1 não foram, nem de longe, de causar suspiros.
Charles Leclerc e George Russell, mais recentemente, parecem exemplos claros de pilotos superestimados por Ferrari e Mercedes, respectivamente.
E Lando Norris, na McLaren, caminha para um breve ofuscamento pelo nada espetacular Oscar Piastri.
Especula-se que a Mercedes, que perdeu Hamilton para a Ferrari, não descarta o retorno do hoje aposentado Vettel, prestes a completar 37 anos.
Então, por que não considerar Fernando Alonso no grid?
Pelo fato de estar com 45 anos no grid de 2026?
Fernando Alonso, aos 42 anos, é ainda melhor que foi quando estreou na F1, quando tinha 19 anos.
Será melhor encontrar uma outra desculpa.
Destruir carros inteiros durante treinos e corridas, por exemplo.
Mas isso, quem fez nos últimos tempos, foram jovens como Mick Schumacher na Haas e Logan sargeant, na Williams, pilotos imberbes com pouco mais de 20 anos de idade...
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