Claire Williams poderá ter um 2020 mais feliz. Foto: ROKiT Williams Racing

Claire Williams poderá ter um 2020 mais feliz. Foto: ROKiT Williams Racing

Em menos de um mês vai começar mais uma temporada da Fórmula 1.

Para quem ama esse esporte (sim, é esporte), a abstinência em ficar tanto tempo sem um GP ao vivo pode levar a tremores e laricas incontroláveis.

É o meu caso. 

Assumo o vício, afinal não bebo nada de álcool e sou absolutamente careta para quaisquer tipos de drogas, às quais incluí o açúcar como uma delas nos últimos tempos.

Estou até pensando em reler o best-seller "Sugar Blues".

"Pra valer", de fato, será minha 44ª temporada de F1, a 12º como jornalista, com o dever (prazeroso) de assistir treinos e corridas e relatar em matérias no Portal Terceiro Tempo.

Fora as colunas, como esta, outra tarefa que me dá um prazer danado.

Não vou contar as parcas lembranças antes de 1976 e nem mesmo o GP do Japão daquele mesmo 1976, uma temporada que rendeu até película das boas, "Rush".

Nos últimos tempos, depois de dois ou três dias de treinos de pré-temporada, tudo parece claro sobre quem vai brigar pelo título, quem vai andar no meio do pelotão e quem vai dar vexame.

Nem vou me estender para dizer que a Mercedes é franca favorita ao título de construtores e de pilotos (com Hamilton).

Também não vou gastar mais que uma linha para cravar que a Ferrari seguirá em jejum de campeonatos e outra para apostar que Verstappen vai beliscar algumas vitórias sempre que tiver carro para encarar as Mercedes.

Assim, direciono meu holofote para o time de Frank Williams, hoje comandado por sua linda filha, Claire Williams.

É bem possível que se fosse o filho, e não a filha de Frank quem tivesse assumido a equipe, as críticas não fossem tão duras.

O mundo da F1 também olha de "esgueio" para as mulheres.

Depois de duas temporadas na rabeira da tabela, a de 2019 com apenas um ponto, a outrora gigante Williams chegou a aquele lugar conhecido por muita gente, o chamado fundo do poço.

Às vezes é preciso mesmo descer tão fundo para, lá de baixo, pensar no que foi feito de errado.

A culpa sempre é da gente, por mais que tentemos condenar um demônio.

Anjos, de fato, não existem.

No caso da Williams, uma série de escolhas erradas, entre pessoal da área técnica e pilotos, podem entrar na contabilidade dos fracassos recentes.

Para quem desembarcou agora no planeta, a Williams é uma das maiores da história da F1, com nove títulos de construtores, sete de pilotos e 114 vitórias.

São números robustos, nada condizentes com o que aconteceu ultimamente.

Por isso, o ânimo de Claire Williams em Barcelona, quando viu o recém-nascido FW43 ser guiado pela primeira vez por George Russel fechar sessões em quinto, sexto lugares, é totalmente justificável.

Seu pai, o velho Frank, tetraplégico, está um pouco afastado, sua saúde não é das melhores aos 77 anos.

Claire tem a imensa responsabilidade de devolver dignidade à equipe.

Parafraseando o canceriano Gilberto Gil em uma de suas mais belas canções (Amarra o teu arado a uma estrela), que diz em um refrão "safras e safras de sonhos, quilos e quilos de amor".

Não custa sonhar, não é mesmo canceriana Claire?

Clarice Lispector deixou uma boa frase para novas histórias:

Ainda bem que existe outro dia. E outros sonhos.

E outros risos. E outras pessoas.

E outras coisas.

ABAIXO, "AMARRA O TEU ARADO A UMA ESTRELA", CANÇÃO DO CANCERIANO GILBERTO GIL QUE ME INSPIROU PARA A CRÔNICA

O FW43, novo carro da Williams, nos derradeiros minutos do treino na última sexta-feira (21), em Barcelona. Nada como um dia depois do outro... Foto: ROKiT Williams Racing

 




   

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