É claro que não se pode desprezar um campeão de Fórmula 1.
Mas há títulos e títulos...
Até a turma que faz dancinha no TikTok e "bomba" no Instagram com palhaçadinhas tendo a Fórmula 1 como pano de fundo, já ouviu falar de Fangio, Clark e Stewart.
Talvez eu esteja sendo otimista, mas vá lá.
Estes três que citei foram grandes campeões.
A lista de pilotos que fizeram por merecer seus títulos, felizmente, é grande.
Mas, claro, há excessões.
Na minha particular lista de campeões insossos da Fórmula 1, cronologicamente, estão:
Mike Hawthorn, campeão em 1958 com apenas uma vitória; Phil Hill, campeão de 1961; Alan Jones, campeão de 1980; Keke Rosberg, campeão de 1982 (com uma vitória naquele ano); Kimi Raikkonen, em 2007; Jenson Button, em 2009 e Nico Rosberg, em 2016.
Cada um deles soube tirar proveito do que suas temporadas vitoriosas proporcionou.
Mas cabem algumas considerações.
É claro que há meritos em vencer concorrentes difíceis, mais qualificados, e foi exatamente isso que aconteceu com cada um deles.
Senão, vejamos.
Stirling Moss era bem melhor que Mike Hawtorn.
Stirling Moss era bem melhor que Phil Hill.
Carlos Reutemann era bem melhor que Alan Jones.
Didier Pironi só não superou Keke Rosberg em 1982 porque se acidentou com gravidade restando cinco etapas para o final da temporada.
Lewis Hamilton e Fernando Alonso se digladiaram tanto que facilitaram a vida do mais insosso de todos, Kimi Raikkonen.
Rubens Barrichello, mais piloto que Jenson Button, foi tão pouco consistente no começo da temporada, que não teve como reverter a "gordura" acumulada por Button em 2009.
E, por fim, com uma temporada tão irregular, Hamilton acabou superado por Nico Rosberg, que de tão satisfeito com o improvável título, até deixou a categoria ao término de 2016...
Tem um piloto que eu colocaria na "corda bamba" para estar no hall dos insossos campeões: Mario Andretti.
Sim, aqui é polêmico, pois o norte-americano teve uma carreira sólida, incluindo sua vida fora da F1, na IndyCar.
Mas, cá entre nós, se não fosse o desejo de Colin Chapman por fazer de Andretti campeão, Ronnie Peterson teria tido melhor sorte na Lotus.
Até a corrida em que Peterson se acidentou (Monza, em 1978), e no dia seguinte morreu, Chapman o obrigou a correr com o carro do ano anterior, bravinho pelo fato de o sueco já ter declarado que assinara com a McLaren para a temporada de 1979.
Vale até ponderar que, se tivesse competido com o carro "do ano", Peterson teria largado em posição bem melhor que o quinto posto que obteve no grid (Andretti foi o pole), e provavelmente não teria se envolvido em toda encrenca que se formou naquele fatídico GP da Itália.
O preâmbulo, necessário como de praxe, é para dizer que daqui uns 15 anos, talvez o campeão da temporada de 2025 da Fórmula 1 também entre neste time de insossos vitoriosos...
Me refiro a Lando Norris, que outro dia disse que ganhar um título na Fórmula 1 é sua "prioridade" número 2.
Enquanto isso, Max Verstappen, que "corre por fora", mostra muito mais gana por vencer seu quinto título.
E até o quase gelado Oscar Piastri, companheiro de equipe de Norris na McLaren, anda com cara de poucos amigos após as seguidas corridas em que foi batido por Norris.
Certamente está desconfiado que a McLaren prefira um britânico (Norris) campeão a um australiano como ele.
Frank Williams, em 1980, assim como Chapman em 1978, também foi calro que preferia Jones campeão a Reutemann.
No frigir dos ovos, Norris não provoca suspiros por sua "guiada".
É um piloto veloz mas que não tem a consistência de outros contemporâneos.
Russell e Leclerc, por exemplo, são melhores.
Mas está sabendo tirar proveito do bom carro que tem nas mãos e, talvez, da "escanteada" que a McLaren vem dando em Piastri.
Será, caso vença o Mundial de 2025, mais um campeão insosso da Fórmula 1.
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