Interessante a "lebre" levantada pelo espanhol Carlos Sainz Jr. em recente postagem, por Twitter, dizendo que as imagens não fazem jus ao desempenho dos atuais carros da Fórmula 1.
Segundo o piloto da McLaren, que no próximo ano estará na hoje combalida Ferrari, dá a impressão de que os carros das décadas de 1980 e 90, por exemplo, eram mais rápidos, o que não se comprova no cronômetro.
Uma volta de Senna em Mônaco ou em Suzuka (há vídeos aos borbotões do brasileiro guiando nestes circuitos), mostram que o piloto parecia duelar com o volante e o câmbio convencional, no "chão".
A falta de qualidade das câmeras daquela época parece, em parte, ser responsável pela falsa sensação.
Os carros (e as câmeras, consequentemente) tremiam feito vara verde.
Então, vamos a uma fria avaliação dos números.
Em Mônaco, por exemplo, Senna fez sua pole em 1990 em 1min21s314.
No mesmo traçado do Principado, Hamilton largou em primeiro lugar na edição de 2019 com o tempo de 1min10s166, ou seja, mais de 11 segundos melhor...
Em Suzuka, no Japão, também em 1990, Senna cravou a pole em 1min36s996.
Na mesma pista, em 2019, a pole foi de Vettel (Ferrari), em 1min27s064, mais de nove segundos abaixo da marca do brasileiro.
Os atuais carros são dotados de tamanha aderência ao solo (o tal downforce), que parecem estar correndo sobre trilhos.
Claro, com carros tão eficientes, não causa espanto quando pilotos dos calibres de Hamilton ou Verstappen, uma vez ou outra, principalmente nos treinos, arriscando um pouco mais, façam algumas incursões pela área de escape.
Resumo da ópera: dá a impressão - e provavelmente seja isso mesmo -, que embora pareçam ser mais fáceis na condução, os atuais F1 judiam muito mais dos pilotos, submetidos a muito mais em força "G", por exemplo.
Nico Hulkenberg que o diga..
Mudando de pato pra ganso, mas ainda na seara tecnológica, em contraponto à Fórmula 1, a astronáutica parece ter parado no tempo.
Na melhor das hipóteses, caminhado a passos de tartaruga ou andado de lado, tal qual caranguejo.
No último fim de semana fizeram uma festa danada para o retorno de dois astronautas em uma cápsula (Crew Dragon) que desceu no Golfo do México, com quatro enormes paraquedas para frearem o "tchibum" na água.
Uma trabalheira danada com um navio "mãe" e botes para resgatar a cápsula toda chamuscada pelo atrito com a atmosfera.
Imagem que remete ao retorno de Armstrong, Collins e Aldrin da viagem que fizeram à Lua em 1969, no módulo Columbia, pela histórica Missão Apolo 11.
A astronáutica deu um enorme salto por meio dos ônibus espaciais na década de 80, com os astronautas retornando à Terra em uma nave semelhante a um avião, pousando no deserto de Mojave, na base aérea de Edwards.
Os astronautas da Colúmbia, Challenger, Discovery, Atlantis e Endevour saiam de suas naves como descem os pilotos de um Legacy 500 em Congonhas.
Os ônibus espaciais foram aposentados e retornamos aos velhos foguetes de cinco décadas atrás...
Claro, tem muitas traquitanas tecnológicas, como suas telas sensíveis ao toque dos dedos.
Mas o princípio, no fundo, é o mesmo.
Não estou falando de "orelhada".
Sou astrônomo amador, com cursos de astronomia feitos no Planetário Municipal de São Paulo, dezenas de livros lidos e relidos, pilhas de recortes de jornais e revistas e muitas horas de observação por meio do meu telescópio, que além de funcional, ainda decora a sala de casa.
Se as missões espaciais tivessem evoluído como a F1, já teríamos colonizado Marte.
Haveria, possivelmente, anúncios publicitários dizendo que plantar batatas em Marte é "agro, é tech, é pop"...
No máximo levamos para lá alguns veículos que transitam por desertos e montanhas, fazem prospecções, análises químicas e tiram boas fotos.
Se o progresso aeroespacial tivesse caminhado de mãos dadas com o que se viu nas telecomunicações/informática, aí, então, já teríamos visitado outros sistemas planetários e feito contato com possíveis civilizações a anos luz de distância.
Ido e voltado, diga-se.
Enquanto isso, em 2020, seguimos lutando contra um vírus, buscando uma vacina e sem saber que remédio tomar.
E comemorando astronautas regressando à Terra (no caso à água), dentro de uma espécie de Kinder Ovo...
Do mesmo jeitinho que há 51 anos...
Por outro lado, os carros de F1 são dez segundos mais rápidos que aqueles de 30 anos atrás...
COLUNAS ANTERIORES (CLIQUE E ACESSE)
A grande chance para Verstappen ser campeão na F1
O cadeado de 1994 em Interlagos
Minuano, o carro de Porto Alegre
Fórmula 1/3 merece textos na minha Lettera 22
Ferrari reencontra cartilha do Comendador
Revista Recreio, meu Copersucar de papel e o Ricardo Divila
Quase toda F1 `deu de ombros´ao apartheid em 1985
Verstappen, Red Bull e o `tudo ou nada´
Com qual heterônimo Max Verstappen será campeão de F1?
Ferrari, Hamilton e o beijo de Klimt
O Quixote Brambilla e seus carros Rocinantes
A música que Raikkonen sempre cantou para a F1
Bernie, pilotos e equipes. Os bastidores de Interlagos
Acampamento, sala de imprensa e viagem à Lua
Novo carro da F1 dará um `salto´de 22 anos. Para trás...
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A HOME DE AUTOMOBILISMO DO PORTAL TERCEIRO TEMPO
Olhos no retrovisor: Rival de Senna na F3, veja Martin Brundle guiando a Brawn-GP campeã de 2009
20/11/2024Parabéns, Ronaldo Giovanelli! Um dos grandes ídolos do Corinthians, o ex-goleiro faz 57 anos!
20/11/2024Achados & Perdidos: Há 19 anos, o pênalti não marcado em Tinga que poderia mudar a história do Brasileirão de 2005
20/11/2024Líder do Brasileiro, Botafogo vai a Minas para encarar o Galo em baixa; os times
20/11/2024Embalado, após quatro vitórias, Corinthians recebe o Cruzeiro em Itaquera; as formações
20/11/2024