Finlandês sempre desdenhou da elite do automobilismo. Foto: Alfa Romeo Racing

Finlandês sempre desdenhou da elite do automobilismo. Foto: Alfa Romeo Racing

Doze homens pisaram na Lua, incluindo o primeiro deles, Neil Armostrong (1939-2012), que cravou a sola de sua bota esquerda no satélite natural da Terra em 21 de julho de 1969.

Nenhum feito da humanidade pertenceu a um grupo tão reduzido de pessoas.

E seleto.

Dos treinamento à escolha, um longo período.

O filme "Os Eleitos", de 1983, esmiúça fidedignamente todo o preparo necessário para um ser humano tornar-se astronauta.

A película trouxe à tona o período do chamado "Projeto Mercury", de formação dos primeiros astronautas norte-americanos, entre 1958 e 1963.

Astronautas existiram e existem. Mas, voltando ao começo desta croniquinha, apenas 12 pisaram na Lua...

Guardadas as devidas proporções, estar no grid de um GP oficial de Fórmula 1 é algo tão especial, exclusivo, quanto ser astronauta e, quiçá, pisar na Lua.

Hoje, apenas 20 almas tem este privilégio.

Sim, Kimi Raikkonen, um privilégio.

Me refiro exclusivamente a você, Raikkonen, sem rodeios, metáforas e entrelinhas.

Sem indiretas no queixo e diretas no fígado.

Pois, desde que acompanho F1, o GP do Japão de 1976, nunca vi um piloto a desdenhar tanto quanto você.

A falta de vibração de Kimi Raikkonen me incomoda.

O sujeito foi campeão mundial de F1 em 2007 e, na ocasião, vibrou tanto quanto alguém que passa pela catraca do Metrô.

Suas 21 vitórias na F1 lhe trouxeram tanta felicidade quanto apertar o botão do elevador em direção ao consultório do dentista.

Agora, corre o boato — e onde há fumaça há fogo —, que Raikkonen prepara sua despedida em definitivo da F1, algo que já fez no final de 2009 para retornar na temporada de 2012.

Se deixar as pistas neste ano não baterá o recorde de GPs disputados por Rubens Barrichello, que somou 322 largadas na categoria.

Não estou desmerecendo Kimi em sua qualidade técnica. Ele viveu bons momentos, teve grandes atuações.

Apenas me atenho ao seu desdém acerca da F1, seu "dar de ombros".

Cruzei com ele três vezes no paddock de Interlagos durante o fim de semana do GP do Brasil deste ano.

Sempre de óculos escuros (ok, ele faz propaganda para o fabricante do acessório), absolutamente impassível, sério, carrancudo, sem esboçar um sorriso mesmo quando uma fã colocou um garotinho ao seu lado para uma foto...

Claro, ninguém tem a obrigação em ser sorridente o tempo todo, como Daniel Ricciardo.

Nem gentil e educado como Sebastian Vettel, que me pediu licença em uma área abarrotada de jornalistas, passou a mão no meu ombro e sorriu quando deixava uma coletiva da SKY e se encaminhava aos boxes da Ferrari.

Ultimamente as músicas têm me inspirado para minhas crônicas.

A que eu imagino coadunar-se com Raikkonen e a F1 seja uma do queridão Humberto Gessinger, ex-Engenheiro do Hawaii, de quem tenho todos os discos, vinis e CDs.

A canção chama-se "Eu que não amo você".

Pois é, talvez seja esta a frase que Raikkonen, hoje aos 40 anos, mais cantou para a F1 desde que estreou, em 2001...

Ele ocupou um lugar tão especial por tanto tempo.

Tal qual um astronauta com "passagem marcada" para a Lua...

Um lugar tão desejado por tanta gente apaixonada.

Gente que ama a Fórmula 1.

Parafraseando Caetano Veloso em 1968, no Festival Internacional da Canção, vaiado enquanto cantava "É proibido proibir":

"Vocês não estão entendendo nada!"

Raikkonen, você não entendeu nada.

Que pena...

ABAIXO, HUMBERTO GESSINGER INTERPRETANDO "EU QUE NÃO AMO VOCÊ", MÚSICA QUE ME INSPIROU PARA ESTA CRÔNICA


  

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