Se a premiação do cinema tivesse similar nas pistas...

Se a premiação do cinema tivesse similar nas pistas...

Tirando uma ou outra surpresa, o Oscar normalmente premia os favoritos.

"Parasita", película sul-coreana, foi uma dessas surpresas neste ano.

Como não sou especialista em cinema, nem fanático pela sétima arte, apenas vou utilizar a festiva noite das estatuetas para fazer alusões àquilo que realmente é minha praia: automobilismo, mais especificamente a Fórmula 1.

Assim, imaginei algumas categorias para premiar os melhores no que poderia se chamar "Oscar da F1".

Sem mais delongas, vamos a elas e seus respectivos vencedores.

Melhor Equipe: Ferrari. O time italiano não é apenas o maior vencedor de títulos (15), mas aquele que detém a maior torcida do mundo em termos automobilísticos. Os italianos nem querem saber qual o piloto que está a bordo de suas máquinas escarlates. O que importa é que a Ferrari vença.

Parte de trás dos boxes da Ferrari em Interlagos no fim de semana do GP do Brasil de 2019. A equipe italiana, recordista de títulos, ainda é aquela que atrai mais fãs por onde passa. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Melhor Piloto: Michael Schumacher. O alemão ainda detém alguns dos principais recordes da categoria, entre eles o número de títulos (sete) e de vitórias (91). Não foi vencedor apenas na fase áurea da Ferrari, mas também antes, guiando pela Benetton, onde levantou dois campeonatos.

Michael Schumacher, recordista de títulos (sete) e vitórias (91) na Fórmula 1. Foto: Twitter oficial de Michael Schumacher

 

Melhor Piloto Coadjuvante: Stirling Moss. O inglês "bateu na trave" em quatro temporadas consecutivas como vice-campeão (1955, 1956, 1957 e 1958). Rápido e talentoso, Moss teve o azar em ter sido contemporâneo de Juan Manuel Fangio, o argentino que foi cinco vezes campeão mundial.

O britânico Stirling Moss esteve próximo de ganhar títulos na F1, mas "bateu na trave" por quatro vezes. Foto: Reprodução

Melhor Carro: McLaren MP4/4. O carro do time de Woking abocanhou 14 das 15 vitórias na temporada de 1988 e largou na pole em 14 dos 15 GPs. O casamento do ótimo chassi projetado por Gordon Murray e Steve Nichols empurrado pelo motor V6 turbo de 1.5 litros da Honda foi praticamente perfeito.

Senna e Prost lado a lado no GP do Japão de 1988, ambos com McLaren-Honda, modelo MP4/4. O carro praticamente perfeito. Foto: Reprodução

Melhor Chefe da F1: Bernie Ecclestone. O inglês mudou a F1 da água para o vinho. Ainda que polêmico em muitas de suas decisões, ninguém conseguiu ser tão preciso quanto ele para transformar a categoria naquilo que é hoje em dia. 

Bernie Eccleston em 16 de novembro de 2019, no paddock de Interlagos, véspera do GP do Brasil de F1. Atrás, Fabiana Flosi, sua esposa. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Melhor Chefe de Equipe: Ron Dennis. De uma pequena garagem, onde administrava sua equipe de F2, o inglês rumou para a McLaren, fazendo o time que era bom se transformar em uma potência, montando um estafe de primeira entre os anos 80 e 90 e promovendo o duelo mais nitroglicerínico que a F1 viveu em todos os tempos, entre Ayrton Senna e Alain Prost.

Ron Dennis (centro) comandou a McLaren com pulso forte e transformou o time de Woking em uma grande força. Em 1988 e 1989 precisou de muita habilidade para administrar a turbulenta convivência entre Alain Prost e Ayrton Senna. Foto: Divulgação

Melhor Projetista: Gordon Murray. Ainda que sejam muitos os nomes que pudessem figurar no topo da lista dos projetistas, o sul-fafricano teve uma sequência de acertos impressionantes na Fórmula 1, desde a Brabham até a McLaren.

O sul-africano Gordon Murray hoje comanda sua empresa de design em Surrei, no sul da Inglaterra. Foto: Divulgação

 

Melhor Roteiro de Campeonato: Temporada de 1976. Esta temporada ganhou até um filme de verdade, "Rush". Aquele ano foi absolutamente espetacular, com a disputa entre Niki Lauda e James Hunt pelo título. O acidente de Lauda em Nurburgring, que quase lhe tirou a vida, apimentou a disputa final no GP do Japão, em Monte Fuji.

A "cereja do bolo" da temporada mais espetacular da F1, em 1976. A imagem é da largada do GP do Japão, em Monte Fuji, que culminou com o único título do britânico James Hunt (a direita na foto, com McLaren-Ford). Foto: Reprodução

Melhor Roteiro de Corrida: GP do Brasil de 2008. A vitória de Felipe Massa em Interlagos estava garantindo o título ao piloto brasileiro, então na Ferrari. Na última volta, na subida da Junção, Lewis Hamilton (McLaren) superou o alemão Timo Glock (Toyota), com a pista úmida, e foi ele quem levantou o caneco daquela temporada, em uma corrida decidida literalmente nos metros finais.

Hamilton (à direita) supera Glock na Junção, a poucos metros da linha de chegada na última volta do GP do Brasil de 2008. A corrida definiu o primeiro título do inglês na F1. Foto: Reprodução/YouTube

Melhor Título: 1957, de Juan Manuel Fangio. A Maserati, mesmo inferior à Ferrari na temporada de 1957, contava com um piloto espetacular, o argentino Juan Manuel Fangio. Ele fez a diferença e terminou o campeonato com quase o dobro de pontos do segundo colocado, seu companheiro de equipe Stirling Moss, conqujistando seu quinto e último titulo na F1.

Juan Manuel Fangio coqnuistou seu quinto e último título da F1 em 1957, mesmo tendo um carro inferior à concorrência. Na imagem, durante o GP de Mônaco, com sua Maserati 250F. Ele fez a pole e venceu a corrida, com pouco mais de 25 segundos de vantagem para o segundo colocado, o inglês Tony Brooks (Vanwall). Foto: Divulgação

Melhor Fotografia: Quatro Carros no GP do Canadá de 1976 / Allan De La Plante. Há muitas imagens exuberantes registradas desde 1950 na Fórmula 1. Esta, abaixo, do britânico Allan De La Plante, parece um quadro, com quatro carros diferentes, muitas cores nas carrocerias e um céu azul em degradê ao fundo, contrastando com o cinza do asfalto em Mosport Park.

Um céu azul deslumbrante em Mosport Park durante o GP do Canadá de 1976. Em um mesmo plano, Ronnie Peterson (March) puxa o pelotão seguido por James Hunt (McLaren), Patrick Depailler (Tyrrell) e Mario Andretti (Lotus). Foto: Foto: Allan De La Plante

 

Melhor Fotógrafo: Mark Sutton. O britânico é quase uma lenda atrás das lentes com seus registros ao longo de décadas de trabalho. Uma breve espiada em suas redes sociais comprova que, de fato, Sutton é um mestre. 

Mark Sutton na icônica Eau Rouge durante a classificação do GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps. Foto: Reprodução/Facebook de Mark Sutton

 

Melhor Pastelão: Nelson Piquet x Eliseo Salazar. Os murros desferidos por Nelson Piquet no chileno Eliseo Salazar, no GP da Alemanha de 1982, em Hockenheim, ficaram marcados para sempre como uma das cenas mais pitorescas da história da F1. O brasileiro, então desenvolvendo o motor turbo da BMW de sua Brabham, fazia uma bela corrida, na liderança, após ter largado em quarto, quando se aproximou de Salazar, então retardatário, a bordo da sofrível ATS-Ford. Salazar aparentemente não viu a aproximação rápida da Brabham-BMW do brasileiro e bateu com sua roda dianteira direita na traseira esquerda de Piquet, na aproximação de uma chicane. Nelson desceu furioso do carro e foi para cima de Eliseo, ambos ainda com seus capacete. Piquet deu-lhe uns "sopapos", aos quais o piloto chileno não reagiu. Veja, abaixo:

 

Anos mais tarde, Piquet e Salazar se reencontraram e posaram para fotos, demonstrando que o episódio era coisa do passado.

Reencontro entre Nelson Piquet e Eliseo Salazar. O episódio de 1982 foi superado e eles se divertiram fazendo poses de socos... Foto: Reprodução

 

Melhor Narrador Nacional: Wilson Fittipaldi, o "Barão". O saudoso narrador, em termos brasileiros, pode ser chamado de "pai de todos", pois ele brilhou desde as primeiras corridas disputadas em Interlagos. Narrou a primeira vitória internacional de um piloto brasileiro (Chico Landi), que ganhou o GP de Bari, em 1948. Apaixonado por automobilismo, o "Barão" idealizou as 1000 Milhas Brasileiras e se emocionou muito ao vivo na locução da vitória de Emerson Fittipaldi no GP da Itália de 1972, ocasião em que o brasileiro conquistou seu primeiro título na F1, pela Lotus.

Wilson Fittipaldi, o "Barão", nome histórico nas narrações automobilísticas. Foto: Reprodução

 

Melhor Narrador Internacional: Murray Walker. Hoje aposentado, aos 96 anos, o britânico ficou conhecido até das mais novas gerações, pois emprestou sua voz para muitos jogos de F1 para diversas plataformas de videogames. 

Murray Walker emprestou sua marcante voz para brilhantes narrações na Fórmula 1. Foto: Reprodução

 

Melhor Repórter: Reginaldo Leme. O Regi, como carinhosamente é chamado pelos amigos, cobre Fórmula 1 desde o GP da Itália de 1972, corrida que consagrou Emerson Fittipaldi como campeão da categoria pela primeira vez. Reginaldo Leme trabalhou na Rede Globo por 41 anos e deixou a emissora no final de 2019. Embora tenha migrado para os cometários, a maior parte de sua carreira foi marcada pelas reportagens, com destaque para o programa que comandou na Globo, o "Sinal Verde" e todas as matérias veiculadas pela emissora, incluindo o primeiro teste de Ayrton Senna na F1 e o "furo" de reportagem da batida proposital de Nelsinho Piquet para beneficiar Fernando Alonso no GP de Singapura de 2008, quando eram companheiros de equipe na Renault. Atualmente dedica-se, entre outras atividades, ao Anuário AutoMotor Esporte, publicação esmerada que retrata o esporte a motor nacional e internacional.

Reginaldo Leme em Interlagos, um território absolutamente conhecido por ele. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Melhor Comentarista Nacional: Claudio Carsughi. O "Mestre" viu todas as temporadas de F1, desde a primeira prova, o GP da Grã-Bretanha, disputado em 13 de maio de 1950 em Silverstone. Carsughi, que também é engenheiro, consegue traduzir as informações técnicas de uma maneira absolutamente fácil de ser compreendida, de forma clara e concisa. Atualmente comanda seu site e blog e integra o "Notas do Carsughi",ao lado de Marcos Micheletti, no programa de vídeo do Portal Terceiro Tempo que vai ao ar após os GPs de F1.

Claudio Carsughi em 22 de outubro de 2019. O "Mestre" segue na ativa com seus comentários esmerados sobre o esporte a motor. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

 

Melhor Comentarista Internacional: Damon Hill. O ex-piloto, campeão mundial de Fórmula 1 em 1996 pela Williams, tornou-se um comentarista de primeiríssima (atualmente está na Sky Sports), ponderado e com um nível de detalhamento sobre as corridas, estratégias das equipes e modo de agir dos pilotos. 

Damon Hill, ao lado de Paul di Resta em Interlagos, em 17 de novembro de 2019. O ex-piloto inglês trabalha como comentarista da Sky Sports, cobrindo todas as etapas da F1. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Melhor Trilha Sonora: V12 da Ferrari de 1995. No vídeo abaixo, de maio de 2014 (no circuito de Monza), é possível ouvir o som do motor de 12 cilindros em "V" que a Ferrari utilizou na temporada de 1995, com sua dupla de pilotos Jean Alesi e Gerhard Berger. O carro não foi brilhante naquele temporada (Alesi terminou o campeonato em quinto e Berger em sexto) e o time fechou a Taça de Construtores em terceiro lugar, atrás de Benetton e Williams, campeã e vice, respectivamente. 

Melhor Texto: Flavio Gomes. O jornalista e escritor (com três livros publicados), que comanda o "Grande Prêmio", site especializado em esporte a motor, sucessor do "Warm Up", criado em 1996, passou pela Folha de São Paulo, ESPN e atualmente está no canal FOX Sports. Seus textos não são apenas absolutamente impecáveis acerca do automobilismo, eles superam os limites das pistas, pilotos e equipes, levando a uma leitura deliciosa. Seu primeiro livro, de crônicas, "O Boto do Reno", de 2005, é a prova clara disso.

Flavio Gomes em 27 de março de 2018, noite de lançamento de seu segundo livro, o romance "Dois Cigarros", pela Gulliver Editora, na Livraria da Vila, na Vila Madalena, em São Paulo. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

 

Melhor Piloto em Potencial: Stefan Bellof. O alemão, que morreu em um acidente de Protótipos durante os 1000 Km de Spa-Francorchamps,  em 1985, era apontado como uma das mais brilhantes promessas desde que estreou na Fórmula 1, em 1984, pela Tyrrell. Provavelmente teria sido um dos maiores rivais de Ayrton Senna.

Stefan Bellof, antes de Michael Schumacher, tinha potencial de sobra para ter sido o primeiro alemão campeão mundial de F1. Foto: Reprodução

 

Melhor Primeira Volta em um GP: Ayrton Senna em Donington Park, no GP da Europa de 1993. Senna (McLaren) largou em quarto e caiu para quinto. Porém, antes do término da primeira volta, superou Michael Schumacher (Benetton), Karl Wendlinger (Sauber) e as Williams de Damon Hill e Alain Prost para assumir a lidernça e não mais perdê-la até o final, para vencer no pisto molhado do traçado inglês, condição em que era praticamente imbatível.

Melhor Circuito: Spa-Francorchamps. O mais longo traçado do calendário da F1, na Bélgica, é quase unanimidade entre os pilotos que já estiveram por lá, desafiando a icônica "Eau Rouge" e acelerando forte em longos trechos de retas. A região, em meio a uma floresta, é dona de um clima muito instável e a pista úmida é mais um ingrediente que apimenta as corridas.

Spa-Francorchamps, o circuito favorito da maioria dos pilotos. Foto: site oficial do circuito de Spa-Francorchamps



   

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