O comendador Enzo Ferrari tinha uma forma interessante para avaliar pilotos que guiariam seus carros na Fórmula 1.
Para ele, o melhor era a Ferrari ganhar corridas e campeonatos com pilotos medianos.
Assim, seria o carro valorizado, não seu condutor.
É um pensamento que beira a arrogância, mas para quem criou a marca automotiva mais emblemática do mundo, é justificável.
Ah, dirão, alguns, "mas Niki Lauda foi piloto da Ferrari quando o comendador dava as cartas em Maranello"...
Sim, mas quando o austríaco chegou no time italiano, era um piloto promissor, não um campeão consagrado.
Enzo Ferrari morreu em 14 de agosto de 1988, bem antes de Michael Schumacher, um bicampeão, chegar à escuderia.
De certo, dependendo dele, o alemão não teria sentado no cockpit da Ferrari, onde empilhou vitórias e títulos.
Também não se entusiasmou para trazer Ayrton Senna quando este "nascia em Mônaco com a Toleman", e se destacava pela Lotus, para acabar desembocando na McLaren, justamente porque o brasileiro suplantaria a imagem do cavalinho rampante.
Em 1979, por exemplo, o sul-africano ody Scheckter, um piloto pouco mais que mediano, foi o campeão mundial guiando a Ferrari.
Os louros da vitória, sobretudo na visão da fanática imprensa italiana, foram direcionados mais ao carro do que ao próprio campeão. E, claro, ao robusto V12 que impulsionava aquelas belas máquinas...
Passada e "regra" estabelecida por Enzo Ferrari, a equipe busca quebrar um jejum que já dura desde 2007, ano em que o insosso Kimi Raikkonen levou o troféu de campeão para Maranello.
A partir de 2018, após insucessos com pilotos potencialmente campeões, casos de Fernando Alonso e Sebastian Vettel, apostou suas fichas no então promissor Charles Leclerc.
O monegasco, que havia feito uma boa temporada em 2017, pela Alfa Romeo/Sauber, de fato impressionou em sua chegada, rivalizando com Vettel a ponto do alemão ser descartado sumariamente.
Porém, em que pese o vice-campeonato no ano passado, Leclerc acumula erros dignos de principiante, e uma instabilidade emocional que não se coaduna a um campeão mundial.
Na atual temporada, o mediano Carlos Sainz, claramente menos amado pelo time, consegue ser mais consistente, e ainda que a diferença na tabela não seja das maiores, está à frente de Leclerc.
Não é possível "cravar", mas desconfio, apenas desconfio, que um piloto da estirpe de Vestappen, mesmo com essa Ferrari atual, que não é lá essas coisas, conseguiria levar a equipe ao título de pilotos.
Se é para sair da "fila", a Ferrari deveria se esforçar para tentar convencer o holandês.
Parece que tentou fazer isso com Hamilton, que tergiversou.
Sainz, ainda que faça um Espaguete à carbonara correto, amalgamando bem as gemas com o Pecorino, não é um piloto com estofo de campeão.
Leclerc, por sua vez, parece ter sido tão superestimado pelo time quanto foi o também promissor Jean Alesi lá no começo dos anos 90.
Deu no que deu...
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