Lando Norris na desmontagem de sua McLaren após o GP da Hungria. Foto: arquivo pessoal / Lando Norris

Lando Norris na desmontagem de sua McLaren após o GP da Hungria. Foto: arquivo pessoal / Lando Norris

Às vezes recorro às músicas como fonte de inspiração para minhas croniquinhas por aqui.

Desta vez me socorro da uma obra de arte, do sugestivo ano de 1966, "O Homem e a máquina", de Emiliano di Cavalcanti.

No quadro modernista, o que mais me chama atenção é a máquina de escrever, muitíssimo parecida com minha Olivetti Lettera 22, no modelo e na cor, onde escrevi meus primeiros trabalhos escolares, poemas e crônicas.

Tenho ela comigo até hoje, está em plena forma.

Mais que objeto de decoração, às vezes mato saudades girando o cilindro onde coloco uma folha de papel em branco, que golpeada pelos tipos metálicos marcados pela fita de nylon, fica marcada por palavras, que reunidas, viram um doce versinho.

"O Homem e a máquina", de Di Cavalcanti. À esquerda, coruja faz de poleiro uma máquina de escrever parecida com minha Olivetti Lettera 22 (à direita). Fotos: Reprodução / Marcos Junior Micheletti

Homens e máquinas. 

Ao pensar nestas duas palavras formando um dueto, impossível não ser transportado a "Tempos Modernos" de Chaplin.

A máquna engolindo o homem, automatizando seus movimentos e, pior, entorpecendo sua alma.

Porém, uma máquina também pode tornar o homem ainda mais humano.

Exemplo disso aconteceu no último domingo, quando depois do GP da Hungria, o jovem Lando Norris tomou emprestada uma chave de boca da caixa de ferramentas e foi para debaixo de sua McLaren, para ajudar os mecânicos do time inglês na desmontagem da máquina com a qual disputou a corrida.

Parece, inclusive, que também "botou a mão na massa" na hora de guardar diversos apetrechos do carro cor de bergamota nos caixotes. Além disso, comentou que não é a primeira vez que faz isso, costumava ajudar os mecânicos na época de kart.

Foi uma atitude bacana, claro, sobretudo em um lugar tão afeito ao "Grand Monde" como a Fórmula 1, onde invariavelmente os pilotos postam  fotos em Mônaco, em seus iates com centenas de pés de comprimento.

Particularmente não gosto de gente que divulga boas ações em redes sociais.

Comungo do princípo do apóstolo Mateus, de que "a mão esquerda não saiba o que faz a direita".

Porém, há um lado positivo, quando a atitude que cheira a autopromoção possa servir de exemplo.

Claro, nem todos os pilotos farão o mesmo.

Alguns nem se engajam (no caso, ajoelham) de forma contundente contra o racismo, por exemplo.

Lando Norris postou esta foto em que ajuda na desmontagem de seu carro em seu Instagram, aquela rede social que serve para as pessoas exibirem suas caras, bocas e poses da forma mais artificial possível.

Se eu tivesse que resumir o Instagram em uma única palavra, escolheria "nojinho".

Acreditem, já vi gente postando foto enquanto "fazia" yoga no telhado "de casa"...

Tamanha bizarrice coroada na legenda com a seguinte pérola: "Yogando".

Pior, "yogando" em telhado alheio...

Yoga é um exercício de tamanha concentração e elevação que não condiz com a ostentação rasteira de uma foto pelo celular.

É mais ou menos como Gilberto Gil diz em sua ótima "Se eu quiser falar com Deus":

"Tenho que esquecer a data; tenho que perder a conta; tenho que ter mãos vazias; ter a alma e o corpo nus."

Não era assim que Lando Norris estava ao ser fotografado no box da McLaren.

Mas, no caso dele, que não estava falsamente "yogando", valeu a postagem.

 

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O homem e a máquina


     

 

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