Traçado poderia passar pela Barraca do Pepê. Foto: pepe.com.br

Traçado poderia passar pela Barraca do Pepê. Foto: pepe.com.br

Nasci na capital paulista, pertinho de onde trabalho hoje, a Maternidade Pró-Matre, nos arredores da Avenida Paulista.

Faço a ressalva porque para quem se atreveu a apenas ler o título desta croniquinha, pudesse ficar a impressão de que eu estaria defendendo o Rio de Janeiro, caso eu fosse carioca.

Fui duas vezes ao Rio.

A primeira, em 1984, para ver o meu Corinthians perder para o Flamengo por 2 a 0 no Maracanã, e a segunda em 1985, para me deliciar com a Fórmula 1 pela primeira vez em um autódromo, aquela corrida de estreia do Senna na Lotus, que o Prost ganhou, pra variar...

 

Um calor dos infernos no extinto Jacarepaguá.

Dito isso, vamos aos fatos...

No domingo passado, em um circuito montado no Complexo do Anhembi, aconteceu a sexta etapa do campeonato da Fórmula E, primeira vez que a categoria de monopostos elétricos esteve no Brasil.

Iniciada em 2014, especulou-se que os silenciosos carros pudessem disputar um chamado ePrix por essas bandas por várias vezes.

Aventou-se a possibilidade de um circuito nos arredores do Parque do Ibirapuera, uma tentativa simpática de aproximar uma categoria que não queima combustível fóssil em um lugar verde, espécie de pulmão da capital paulista.

Sim, sob esse aspecto, havia sentido.

Porém, os dissabores gerados pelo fechamento de vias em uma área de trânsito caótico, foi um impeditivo magnânimo para que a ideia caísse por terra.

Basta lembrarmos o que aconteceu no Complexo do Anhembi quando este foi utilizado pela IndyCar, entre 2010 e 2013, em um traçado que contemplava um pedaço da Marginal Tietê, algo que felizmente não foi repetido para a Fórmula E.

A cidade ficou travada. 

Voltando a falar sobre o Rio de Janeiro.

Entendo que a capital fluminense "casaria" muito mais com a Fórmula E, uma categoria que se autodenomina "verde", amiga do meio ambiente, embora, cá entre nós, este discurso não condiz em 100% com a realidade.

Para que os carros cheguem aos seus destinos, queimam bastante combustível fóssil, seja por meio dos aviões, caminhões e até a energia das usinas das cidades que abastecem suas baterias, muitas movidas a carvão ou diesel.

Mas, se o objetivo é, de fato, acenar com um mundo menos poluído, valorizar o meio ambiente, o Rio tem uma vocação com a natureza muito maior que São Paulo, sobretudo a capital.

 A barraca do saudoso surfista e praticante de asa delta Pepê (1957-1991), na Barra da Tijuca, na praia que hoje leva seu nome, com seus sanduíches e sucos naturais, é um contraponto ao giratório churrasco grego pingando óleo e gordura no centro de São Paulo...
 
Enquanto o Rio convida seus habitantes a sair de casa, caminhar ou correr na orla ao som das ondas quebrando na areia, São Paulo aprisiona seus filhos em academias escuras, com música alta, mais estressante do que motivadora. 
 
Fora isso, São Paulo já tem a Fórmula 1.
 
E seus habitantes, de quebra, ainda veem várias etapas da Stock em uma mesma temporada, seja em Interlagos ou no Velocitta, e o mesmo se aplica a outras categorias, como Porsche Cup e Endurance Brasil.
 
O Rio perdeu Jacarepaguá.
 
Levar a Fórmula E para lá seria mais que um "consolo", mas a forma de dar uma contrapartida ao órfão amante carioca do automobilismo, aquele que lotava as arquibancadas de seu extinto autódromo para ver desde a Fórmula Uno até a própria Fórmula 1.
 
Eu até tenho uma sugestão para o traçado, à beira-mar, e passando pela Barraca do Pepê.
 
E, para matar a fome do público, nada de quiosques com hambúrgueres e refrigerantes, mas sandubinhas fresquinhos de ricota no pão integral e sucos de frutas espremidas na hora...  
 
E o delicioso som das ondas do mar continuaria a ser ouvido, mesmo com os carros da Fórmula E passando ali pertinho...

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