Era madrugada de 24 de outubro de 1976.
Eu estava no meu quarto, acompanhando o GP do Japão, direto do circuito de Monte Fuji pela minha pequena tevê Baby Empire de gabinete plástico cor de laranja.
Foi aquela corrida histórica que definiu o campeonato em favor de James Hunt, terceiro colocado na prova, que derrotou Niki Lauda, que algumas semanas antes havia sofrido um seríssimo acidente em Nurburgring, durante o GP da Alemanha.
Aquele campeonato de 1976, a disputa intensa entre Lauda e Hunt rendeu até um filme, o muito bom "Rush", só não melhor que "Grand Prix" em termos de película relativa à F1.
É a primeira corrida da qual me lembro na íntegra, então saboreando meus 10 anos de idade.
Bernie Ecclestone, à época, era dono da equipe Brabham. Depois, foi o dono de fato da Fórmula 1 e a transformou em negócio.
É claro que a F1 existiu antes de Bernie e existe hoje, mesmo com ele fora do negócio.
Mas ele, talvez, seja o real responsável por eu e mais um batalhão de jornalistas termos estado em Interlagos para a cobertura do GP do Brasil de F1.
Foi minha estreia. Tardia, talvez, mas foi minha estreia.
Então, eu nunca havia o visto de perto.
Como bom canceriano (nem todos são) me emocionei de verdade ao observá-lo e criei coragem para pedir uma foto ao seu lado.
Ele me atendeu gentilmente e me deu a mão. Sorriu durante a pose.
Este bastidor do GP do Brasil me inspirou para esta coluna em que falo daquilo que gostei, do que não gostei, do que foi mais ou menos e de outras coisas que vi entre quinta-feira (14) e domingo (17), os quatro intensos e deliciosos dias de trabalho em Interlagos.
GOSTAMOS...
BERNIE, QUASE 90 ANOS...
Da simpatia de Bernie Ecclestone, não por apenas ter me atendido gentilmente e cordialmente me dado um aperto de mão, mas por ter se mostrado disponível e afável com todos que dele se aproximavam.
Bernie está com 89 anos de idade e transita lépido pelo paddock ao lado de sua esposa, a jornalista brasileira Fabiana Flosi, 46 anos mais nova.
É um doce amor.
DA DESCONTRAÇÃO NA WILLIAMS E DE TER VISTO A CLAIRE...
No domingo, umas três horas antes da corrida, mecânicos da Williams estavam atrás dos boxes cuidando de equipamentos hidráulicos e elétricos quando um deles pegou uma fita, destas utilizadas para separar áreas, e convidou os amigos a "pularem corda", exemplo de descontração comum à todas as equipes.
A Williams, gigante outrora, hoje é coadjuvante, está na rabeira da F1 desde o ano passado. E, embora não exista nenhum time pobretão de verdade, ela demonstra, por pequenos detalhes, que neste quesito também não anda bem das pernas.
Parece aquele sujeito que já foi ricaço e hoje precisa economizar uns trocados para pagar o condomínio.
Ah, e eu tinha um desejo secreto de conhecer a Claire Williams...
Acho ela linda, mas a filha de Frankie é casada e eu tenho absoluto respeito por pessoas em situação de comprometimento.
Eu a vi de pertinho, ela me viu e sorriu pra mim.
Foi um bom começo de domingo...
ALMOÇO DA MERCEDES
A Mercedes é a mais simpática com os jornalistas no quesito estômago. Enquanto a Ferrari se jacta com seu cafezinho normal, o time alemão disponibiliza um buffet muito bom. Como levei para comer na sala de imprensa, precisei colocar tudo em uma a embalagem de isopor e pegar talheres de plástico que imitavam prata.
Uma hora antes da largada o local da equipe no paddock estava tranquilíssimo e pude montar minha "quentinha" numa boa. Carne assada super macia, amaranto bem temperado, batatas sautée, cenouras cozidas e salada de tomates cereja. Ah, também queijo brie e gouda e uma fatia de ciabatta, único elemento italiano na casa da estrela de três pontas... Macarronada, nem pensar...
DANIEL RICCIARDO
Acho que a vida fica mais leve sorrindo.
Daniel Ricciardo é "o cara" neste quesito.
Simpático com todo mundo.
Para ele, parece nunca haver tempo ruim.
CADEIRAS DA RACING POINT
A ex-Force India, que adotou o horrendo nome de Racing Point desde o GP da Bélgica do ano passado, disponibiliza as cadeiras mais bonitinhas do paddock.
Parabéns para quem desenhou a peça.
Se o trivial pode ser mais belo, que seja!
SAINZ JR EM TERCEIRO, TALKEI?
A foto abaixo tem um quê de fake, mas vale o registro.
É que depois da corrida, com a punição de Hamilton (terceiro colocado), o espanhol Carlos Sainz Jr. herdou seu lugar. A McLaren, então, levou seu piloto ao pódio, e o colocou para comemorar um lugar que a McLaren não via desde, pasmem, o GP da Austrália de 2014, pódio duplo, aliás, com Kevin Magnussen em segundo e Jenson Button em terceiro.
Coincidentemente a McLaren correu pela primeira vez em dois anos sem o patrocínio da Petrobras. A estatal brasileira rompeu contrato com a escuderia inglesa, um disparate.
Publicidade é investimento, mas o atual governo, apoiado por seguidores sem nenhuma base, conseguiu esta "proeza".
Para azar desta trupe tresloucada, a McLaren conseguiu este expressivo resultado, e não estampou a marca da estatal...
Baby, olha o que perdeu...
Talkei?
LUGAR NA MESA...
Muito bom chegar na quinta-feira em Interlagos, na sala de imprensa, e constatar que pela primeira vez, em mais de 20 anos, o Portal Terceiro Tempo tinha um lugar na cobertura do GP do Brasil de Fórmula 1.
Agradecimentos a todos os que me ajudaram nesta empreitada, que tiveram alguma participação para o meu nome ali. Obviamente guardei o adesivo. Boas recordações devem ter um lugar especial.
NÃO GOSTAMOS...
Peguei "birra" de Charles Leclerc.
Desde que chegou à Ferrari, o monegasco quis minar as forças de Sebastian Vettel, este um sujeito exemplar.
Talentoso, Leclerc tem uma rixa com Max Verstappen, mas não tem a maturidade do holandês, apesar da mesma idade.
Verstappen, aliás, venceu o GP do Brasil de 2019. Leclerc fez lambança e ainda por cima tirou Vettel da disputa...
Se continuar procurando pelo em ovo e vendo fantasmas onde não existem, Leclerc vai cair do cavalo rampante da Ferrari.
Além do mais, Leclerc sorri pouco e, quando o faz, parece forçado.
Sempre tive um pé atrás com gente que sorri pouco.
Fico com a impressão de que há algo sério sendo escondido.
Como já dizia minha saudosa avó Isaura: "mentira tem pernas curtas..."
MAIS OU MENOS...
Ano sim e outro também, vi amigos jornalistas postando fotos e/ou falando sobre o café servido pela Ferrari para nós da imprensa e todos que circulam pela equipe, no paddock.
Curioso, pedi um "curto", sem açúcar.
De doce, já basta a vida...
A máquina do expresso é italiana, a moça que serve é italiana mas a xícara de plástico provavelmente é chinesa.
O sabor?
É ok, nem melhor nem pior que o da máquina automática da sala de imprensa...
A vantagem é que ele é servido por uma simpática e bonita italiana ruiva.
CONSTATAMOS...
Que Mattia Binotto, chefe da equipe Ferrari na F1, é mesmo a cara do desenhista Daniel Azulay...
ENTRISTECEMOS...
Tão logo Max Verstappen recebeu a bandeira quadriculada como vencedor do GP do Brasil, as equipes começaram a desmontar seus equipamentos.
Pense numa quantidade absurda de materiais. Multiplique por 10. Talvez seja esta a conta...
É uma visão desalentadora, todo aquele parque de diversões vai para caixas frias e escuras...
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