Nutro simpatia por quem nasceu entre 22 de junho e 23 de julho.
Cheguei ao planeta, para minha atual jornada, nesse período, mais precisamente em um 17 de julho.
Para os astrólogos ortodoxos eu sou um canceriano da cabeça aos pés.
Meu mapa astral é como uma mesa de bilhar, onde a maior parte dos planetas (e também a Lua) caiu na caçapa do caranguejo...
Segundo um astrólogo védico (impressionante) com quem me consultei há dez anos, vim ao mundo em uma Lua Nova (parto normal), algo não muito habitual, por toda aquela influência que nosso satélite gera no sobe e desce das marés e, também, nos ciclos das mulheres, no caso específico, da minha mãe...
Houve uma época da minha vida em que eu, mergulhado em livros de astronomia, desdenhava da astrologia.
Não fazia nenhum sentido esse meu ranço com as configurações estelares e suas intrínsecas relações com os seres humanos.
Afinal, eu sempre estava em busca de coisas sobrenaturais, principalmente a partir da primeira versão que assisti da novela "A Viagem", a que foi exibida pela TV Tupi.
Sou, como sabem aqueles que me acompanham por aqui, um sujeito que ama automobilismo.
Se alguém já disse uma vez que o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes, talvez isso possa se aplicar também às corridas de carros.
Fazer o quê, não é mesmo?
Cada louco com sua mania...
Não ingiro nada alcoólico (exceto um bombom de licor, raramente) e nunca fumei em minha vida.
Além do mais, as corridas de carros tornaram-se algo que transcende os limites do amor que sinto, pois me realizam profissionalmente.
Melhor assim!
E, em termos de automobilismo, embora eu tente manter uma distância segura das preferências pessoais, pois isso irremediavelmente poderia alterar qualquer avaliação que eu faça, impossível não eleger um, entre tantos, a quem admiro com mais intensidade: Sebastian Vettel, um canceriano como eu.
Não vou ficar exaltando as qualidades que enxergo em Vettel, pois poderia parecer que eu, indiretamente, estivesse enaltecendo as minhas.
Apenas vejo nele algumas semelhanças comigo, e outras que busco, no tempo que ainda me resta de vida.
Grato, como quando entrou nos boxes para um pit stop com sua Ferrari no GP da Emília Romagna, neste ano, e um mecânico (Claudio) fez uma lambança dos diabos.
"Obrigado ao Claudio, obrigado por tantos anos. Obrigado, você é um cavalheiro", disse Vettel depois da prova, reconhecendo que aquela bobagem não poderia apagar uma história bonita e de bons serviços prestados.
Claudio ficou emocionado com o piloto, tão cavalheiro quanto ele.
Vettel também sabe ser engraçado, como quando cantou "Who Let the Dogs Out" enquanto guiava, também neste ano, durante treino para o GP do Bahrein, quando um cachorrinho perdido invadiu a pista.
Em outras, bravo, como quando trocou as placas que os organizadores colocam na frente dos carros (os três primeiros colocados) ao término da prova, no caso o GP do Canadá de 2019, em que foi punido em 5 segundos por manobra considerada antidesportiva contra Hamilton, que acabou ficando com a vitória.
Vettel, ao deixar sua Ferrari, tirou a placa com o número "1" da frente da Mercedes de Hamilton e colocou em frente à sua Ferrari, e a "2" levou junto ao carro do britânico.
Vale frisar que a punição foi injusta mesmo. Absurda, para ser mais preciso.
No ano que vem, depois de um casamento desfeito com a Ferrari, ele estará na Aston Martin, hoje a Racing Point.
A impressão que tenho é a de que Vettel amou a Ferrari com todas as suas forças, mas não recebeu o mesmo em troca.
Será a chance para uma volta por cima, embora, para um tetracampeão de Fórmula 1, isso nem seja preciso.
Talvez um presente para ele mesmo. E, falando em presente...
Gosto de dar presentes.
Uma vez comprei uma caixa dos bombons mais especiais - aqueles de licor com uma cereja dentro -, de uma loja famosa, e levei para o meu amor, que fazia aniversário em um dos 26 de outubro dos quais nunca me esqueci.
Foi durante a "Feira de Ciências", no Colegial.
Ela estava sentada atrás de uma carteira, expondo seu trabalho, encostada junto à lousa.
Linda como sempre.
Sem entender, quase atônita, recebeu aquele embrulho com um laço vermelho das minhas mãos trêmulas.
Ela, o meu amor.
Mas eu, não o dela.
Mais ou menos como foi a Ferrari para Vettel.
Um amor não correspondido.
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