Com nove etapas já realizadas no Mundial de Fórmula 1, é bem possível estabelecer alguns parâmetros.
Não vou me arriscar, ainda, para cravar um favorito ao título.
Por mais enfunadas que estejam as velas da nau de Verstappen, sopradas por moinhos holandeses, Hamilton ainda não é carta fora do baralho, tanto por ele quanto pela Mercedes, que pode reagir.
A questão que me chama mais atenção, neste campeonato em curso, é a diferença abissal entre o britânico Lando Norris e o australiano Daniel Ricciardo.
Depois de despontar como um nome para figurar no primeiro escalão da categoria, tendo superado o então companheiro de Red Bull em 2017, Max Verstappen, Ricciardo começou a ter seu nome associado à Ferrari.
Naquele ano, às vésperas do GP do Brasil, meu amigo Claudio Carsughi conversou brevemente com o solícito Ricciardo, sugerindo sua possível chegada à Maranello para 2019.
Educado e sempre sorridente, o australiano foi cauteloso.
As coisas não se encaminharam naquela direção, e em 2018 ele foi amplamente superado por Verstappen na Red Bull.
Para 2019, sentindo que não havia como competir com o holandês debaixo do mesmo teto, aceitou o desafio de guiar pela Renault, onde não teve dificuldades para engolir o insosso Nico Hulkenberg.
O crescimento da Renault, hoje Alpine, não foi suficiente para encantar Ricciardo a se manter no time francês.
A McLaren, que perdera Carlos Sainz para a Ferrari, abriu as portas para o australiano, que viu uma boa brecha em voltar a ser protagonista, antevendo um time em franca ascensão.
Mas, o que talvez ele não esperasse: dividir os boxes com um adversário tão forte quanto Lando Norris.
Na tabela do campeonato, Norris está em quarto lugar, com 101 pontos. Ricciardo é o oitavo, com 40.
Por mais que um piloto necessite de tempo para adaptar-se a um novo carro, e também a um novo motor (no caso o Mercedes, pois Ricciardo vinha de uma sequência de sete temporadas empurrado por motores Renault), ele está naquele momento em que fica difícil encontrar alguma desculpa.
Não há muito o que justificar para tamanha diferença.
Entendo que, ou Ricciardo está em uma péssima fase, com todas as conjunções planetárias dando de ombros a ele, ou Norris é um fenômeno, um piloto excepcional, a ponto de se colocar tão soberano, liderando a McLaren com sobras.
Também pode ser um pouco das duas coisas, mas se eu tivesse que apostar um dólar furado nesse embate, diria que Lando Norris é acima, bem acima da média, talvez um dos próximos protagonistas da Fórmula 1, o maior rival que Vestappen terá em futuro não muito distante, quando Hamilton pendurar o capacete.
ABAIXO, ENTREVISTA DE CLAUDIO CARSUGHI COM DANIEL RICCARDO EM 2017, ÀS VÉSPERAS DO GP DO BRASIL DE FÓRMULA 1. NA OCASIÃO, CARSUGHI LEVANTOU A HIPÓTESE DO AUSTRALIANO GUIAR PELA FERRARI EM 2019
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