Riccardo Patrese

Ex-piloto de Fórmula 1

por Marcos Júnior Micheletti

O italiano Riccardo Patrese esteve presente em 17 temporadas da Fórmula 1 e durante muitos anos foi o recordista de participações, com 256 GPs disputados, até ser superado pelo brasileiro Rubens Barrichello em 2008. Contabilizou seis vitórias e oito poles.

Atualmente está aposentado, é casado desde 17 de junho de 2001 com a também italiana Francesca Patrese. O casal tem dois filhos: Lorenzo, que é piloto de carros de turismo e Elena, que adora andar de kart.

Ao lado do saudoso compatriota Michele Alboreto (1956-2001), foi uma das esperanças de a Itália voltar a ter um campeão mundial de Fórmula 1, após as conquistas longínquas de Giuseppe Farina em 1950 e Alberto Ascari (1952 e 1953).

Em sua longeva trajetória, Riccardo Gabriele Patrese, nascido em 17 de abril de 1954 na cidade de Pádua, norte da Itália, teve uma infância intimamente ligada ao esporte, incluindo bons resultados em competições de esqui e natação.

Mas foi no kart que seu talento aflorou definitivamente, já aos 20 anos, vencendo o Campeonato Mundial de Kart, no Autódromo do Estoril, em Portugal, derrotando o norte-americano Eddie Cheever, que viria a ser seu companheiro de equipe na Fórmula 1 nas temporadas de 1985 e 1985, quando dividiram os boxes da equipe italiana Alfa Romeo.

Disputou a antiga Fórmula Itália em 1975 e foi o vice-campeão (o compatriota Bruno Giacomelli, que também chegou à F1, foi o campeão).

Passou à Fórmula 3 em 1976, ano importantíssimo em sua carreira, pois conquistou os títulos Itáliano e Europeu, o que o credenciou para um contrato com a Fórmula 2 em 1977, mas ele competiu apenas em metade daquela temporada, quando foi contratado pela Shadow, da Fórmula 1, estreando pelo time britânico no GP de Mônaco. Ele largou em 15º e terminou em um bom nono lugar, posição que na pontuação atual da F1 lhe renderia dois pontos.

Ainda naquele ano de 1977, com a Shados-Ford, na última etapa do campeonato, o GP do Japão, em Fuji, conseguiu seu primeiro ponto na F1, com o sexto lugar, após largar em 13º.

As boas atuações nas nove etapas disputadas em 1977 lhe renderam um contrato com um time que buscava subir de patamar, a Arrows, onde competiu entre 1978 e 1981 e conseguiu seus quatro primeiros pódios na categoria: em 1978 (segundo colocado no GP da Suécia, em Anderstop); em 1980 (segundo lugar no GP dos Estados Unidos disputado em Long Beach); e em 1981 (nos GPs do Brasil, em Jacarepaguá, e de San Marino, em Ímola).

SUSPENSO POR UM GP, EM 1978

O GP da Itália de 1978 teve um terrível acidente logo em sua largada, com o sueco Ronnie Peterson sendo a maior vítima. Sua Lotus ficou com a frente totalmente destruída e ele sofreu lesões múltiplas nas pernas. Levado imediatamente ao hospital, teve seu pé esquerdo amputado e durante a madrugada sofreu uma embolia pulmonar e morreu, aos 34 anos.

A questão é que Riccardo Patrese, que havia largado em 12º lugar com sua Arrows, bateu na McLaren de James Hunt, e esta atingiu o carro de Peterson. 

Patrese foi considerado o culpado pelo acidente e acabou suspenso da etapa seguinte, o GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen. Patrese, entretanto, acabou absolvido após diversas análises do acidente que vitimou Peterson e voltou a competir na etapa seguinte, que encerrou o campeonato de 1978, o GP do Canadá, em Montreal.

PELA BRABHAM, DUAS TEMPORADAS AO LADO DE PIQUET

A Brabham, equipe então comandada por Bernie Ecclestone, estampava um patrocinador italiano em seus carros desde 1978, a Parmalat, e ter um piloto italiano era interessante.

O time, que contava com o principal projetista da época, o sul-africano Gordon Murray, havia conqusitado o título de pilotos em 1981 com Nelson Piquet, e contratou Patrese para 1982, ano em que passaria por uma transição, dos motores aspirados Ford-Cosworth para os turbos da BMW.

E neste processo de desenvolvimento, foi ainda com o motor Ford-Cosworth na Brabham BT49D, que Riccardo Patrese conseguiu sua primeira vitória na Fórmula 1, no GP de Mônaco, corrida conturbada, com inúmeras desistência, em que apenas Patrese recebeu a bandeira quadriculada, completando as 76 voltas programadas.

UMA VALSA COM A PRINCESA DE MÔNACO...

"Como ganhei o GP de Mônaco (de 1982), houve um evento de gala à noite para o vencedor. Eu me senti como um menino, admirado, sentado ao lado do Príncipe Rainier e da Princesa Grace. Ela foi muito gentil, uma verdadeira princesa mesmo, que me tratou como um igual. Mas uma coisa muito difícil estava por vir... De repente eles anunciaram que o vencedor do Grande Prêmio faria a dança de abertura do baile com a Princesa Grace, e o pior, era que a dança seria uma valsa, e eu nunca havia dançado uma valsa! Então, a princesa viu que eu estava com medo e disse-me `Vem comigo, segue o que eu faço´, e conseguiu que as pessoas dançassem conosco quase imediatamente, e então havia tanta gente na pista de dança que eu finalmente pude relaxar. Mas tenho que terminar dizendo que foi um grande momento na minha vida, um momento especial para mim", comentou Patrese durante entrevista a Richard Jenkins.

NOVA VITÓRIA PELA BRABHAM, AGORA COM O POTENTE MOTOR BMW-TURBO

Riccardo Patrese seguiu na Brabham em 1983, ano em que a equipe competiu apenas com o motor BMW-turbo, e Nelson Piquet conquistou seu segundo título mundial, primeiro de um turbo na F1. 

E Riccardo Patrese tenha sido apenas o nono colocado naquele campeonato, sofrendo com inúmeras quebras, conseguiu despedir-se do time de Bernie Ecclestone com uma vitória, justamente na etapa derradeira daquele ano, o GP da África do Sul, em Kyalami.

Após duas temporadas difíceis pela Alfa Romeo, em 1984 e 1985, quando subiu ao pódio uma única vez (GP da Itália de 1984, em Monza), Patrese retornou à Brabham-BMW para a temporada de 1986, mas neste ano somou apenas dois pontos (dois sextos lugares, em San Marin e Estados Unidos).

Seguiu na Brabham-BMW em 1987, para conseguir um único pódio, no GP do México, no Autódromo Hermanos Rodríguez, com o terceiro lugar.

Acabou fechando a temporada de 1987 pela Williams-Honda, disputando o último GP daquela temporada, o da Austrália, em Adelaide, terminando em nono lugar e, mais uma vez, tendo Nelson Piquet como companheiro de equipe, no ano em que o brasileiro conquistou seu terceiro e último título mundiial.

VÍNCULO LONGO COM A WILLIAMS

Frank Williams gostava do estilo pessoal e profissional de Patrese, por isso o italiano firmou uma parceria de cinco anos com o time de Grove, entre 1998 e 1992.

E foi pela Williams, que Patrese venceu mais quatro GPs, todos com motor Renault: San Marino (1990); México (1991); Portugal (1991) e Japão (1992).

E sua melhor temporada acabou sendo a de 1992, quando foi vice-campeão, superado pelo britânico Nigel Mansell. 

LE MANS E DAYTONA

Riccardo Patrese disputou três edições das 24 Horas de Le Mans, mas não concluiu nenhuma delas: duas enquanto estava na Fórmula 1, em 1981 e 1982, com Lancia, e em 1997, já afastado da Fórmula 1, com Nissan.

Patrese competiu nas 24 Horas de Daytona de 1981, com Lancia Montecarlo turbo. Ele dividiu a condução do carro com o alemão Hans Hayer e o francês Henry Pescarolo. O trio terminou a prova em 18º lugar. 

DEPOIS DA FÓRMULA 1, A GP MASTERS

Em 2005 foi criada uma categoria chamada GP Masters, com chassi Reynard e motor V8 da Coswort de 3.5 litros, somente com pilotos veteranos que há haviam deixado de competir em monopostos.

Patrese foi o terceiro colocado na etapa de Kyalami de 2005 e em 2006 foi o décimo colocado no Catar e o sexto em Silverstone.

UMA VOLTA RÁPIDA COM PATRESE, APAVORANDO SUA ESPOSA FRANCESCA...

A Honda convidou Patrese para dar uma volta com o Honda de Fórmula 1 de 2008, então utilizado por Rubens Barrichello, que havia acabado de superar seu recorde de participações na categoria, isso no dia 8 de setembro daquele ano, em Jerez, na Espanha.

Depois, a Honda lhe cedeu um Honda Type-R, carro extremamente veloz, e o italiano tinha tudo preparado para aprontar com sua esposa Francesca. Uma câmera foi instalada no painel do carro, e Patrese, ao invés de deixar o circuito, acelerou forte pelo traçado espanhol, para desespero de Francesca, que ao final, descobriu a armação e riu muito, assim como o simpático Riccardo Patrese. 

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