René Arnoux

Ex-piloto de Fórmula 1

por Marcos Júnior Micheletti

Um dos bons pilotos de sua geração, o francês René Arnoux atualmente administra quatro pistas de kart indoor em território francês: duas em Paris, uma em Lyon e outra em Marsselha.

Nascido em Grenoble (sudeste francês) no dia 4 de julho de 1948, René Alexandre Arnoux tem números consistentes pela Fórmula 1, categoria pela qual competiu entre 1978 e 1989, tendo conseguido sete vitórias e 18 poles, atrás de apenas um outro francês nestes dois quesitos, Alain Prost, que venceu 51 GPs e fez 33 poles.

O mais próximo que Arnoux esteve de conquistar um título na Fórmula 1 foi na temporada de 1983, primeira pela Ferrari, quando fechou o campeonato em terceiro lugar. Nelson Piquet (Brabham-BMW) foi o campeão e Alain Prost (Renault) foi o vice.

ANTES DA F1

René Arnoux chegou à F1 com boas credenciais, apos o vice-campeonato da Fórmula 2 em 1976 (o também francês Jean-Pierre Jabouille foi o campeão) e o título do Europeu de Fórmula 2 no mesmo ano.

COMEÇANDO NA F1

O início na Fórmula 1 se deu pela modesta equipe francesa Martini (que nada tem a ver com a fabricante de bebidas Martini, e sim com o nome de seu fundador, Renato "Tico" Martini.

A Martini sequer sobreviveu àquela sua temporada de estreia em 1978, e os melhores resultados obtidos por Arnoux em seu ano de estreia foram dois nono lugares, na Bélgica e na Áustria.

Sem cockpit, acabou substituindo o italiano Vittorio Brabmbilla (1937-2001) na Surtees nos dois últimos GPs da temporada de 1978, nos Estados Unidos  (foi o nono colocado) e no Canadá (não completou). Brambilla havia sofrido um sério acidente no GP anterior, da Itália, em Monza, mesmo que vitimou o sueco Ronnie Peterson. Brambilla acabou se recuperando e retornou à Fórmula 1 em 1979, pela Alfa Romeo.

Terminado seu curto vínculo com a Surtees nas duas corridas finais da temporada de 1978, Arnoux deu um passo importante em sua carreira, assinando contrato com a Renault, equipe que em 1977 havia estreado na Fórmula 1 com um único carro, primeiro com turbo da F1, com o francês Jean-Pierre Jabouille (1942-2023).

Pela Renault, Arnoux conseguiu seu primeiro pódio já em seu ano de estreia, 1979, com o terceiro lugar, no GP da França, em Dijon-Prenois, após uma disputa eletrizante com o canadense Gilles Villeneuve (1950-1982), que pilotava pela Ferrari. Jean-Pierre Jabouille, companheiro de equipe de Arnoux na Renault foi o vencedor da prova. Clique aqui e veja como foi a disputa.

A primeira das sete vitórias de Arnoux na Fórmula 1 aconteceu em 1980, pela Renault, no GP do Brasil, disputado em Interlagos. Venceu a corrida seguinte, o GP da África do Sul (Kyalami).

Ele permaneceu na Renault até 1982, ano em que conseguiu suas outras duas vitórias pelo time francês: França (Paul Ricard) e Itália (Monza).

As boas performances de Arnoux pela Renault chamaram atenção da equipe mais tradicional da Fórmula 1, e ainda em 1982 ele começou a conversar com a Ferrari, e o contrato acabou selado ao término daquele ano em Maranello, após uma conversa muito boa que teve com o saudoso comendador Enzo Ferrari (1898-1988), para estrear pelo time italiano a partir do GP do Brasil de 1983.

O francês Patrick Tambay (1949-2022) foi seu companheiro de equipe.

Ainda naquele ano, o primeiro pódio pela Ferrari foi alcançado logo na segunda etapa, o GP dos Estados Unidos, em Long Beach, e a primeira vitória a bordo do carro escarlate aconteceu no GP do Canadá, em Montreal, oitava etapa. Ele ainda venceria os GPs da Alemanha (Hockenheim) e Holanda (Zandvoort), esta sua última vitória na Fórmula 1, finalizando a temporada de 1983 em terceiro lugar. Nelson Piquet, o campeão, com a Brabham-BMW, somou 59 pontos, e Alain Prost (Renault) fez 57. Arnoux, logo em seu primeiro ano de Ferrari, superou seu companheiro de equipe Patrick Tambay, que marcou 40 pontos e ficou em quarto lugar.

Em 1984 terminou em sexto lugar, superado pelo companheiro de equipe, o italiano Michele Alboreto (1956-2001), subindo ao pódio em quatro corridas: Bélgica (segundo lugar); San Marino (segundo); Mônaco (terceiro) e Dallas (segundo).

A pré-temporada de 1985 se apresentava promissora para a Ferrari, que manteve sua dupla, com Alboreto e Arnoux. Os chamados "testes de pneus" em Jacarépagua mostraram que o time italiano poderia lutar pelo título, mas a McLaren-Porsche e a Williams-Honda também eram boas apostas, assim como a Lotus, que trouxera Ayrton Senna (1960-1994) e mantinha o confiável italiano Elio de Angelis (1958-1986).

Prost acabou sendo o campeão daquela temporada, naquele que seria o primeiro de seus quatro títulos na F1, e Alboreto conseguiu o vice-campeonato, com Keke Rosberg em terceiro lugar.

O ano para René Arnoux terminou logo após o GP do Brasil, em Jacarepaguá. Alboreto fez a pole naquela corrida e terminou em segundo lugar. Prost foi o vencedor, e Arnoux fez um papel razoável, em quarto lugar, após largar em sétimo.

De volta à Itália, Arnoux recebeu um chamado para conversar pessoalmento com Enzo Ferrari, que comunicou sua demissão imediata do time. O sueco Stefan Johanson foi chamado para o seu lugar. 

A CAUSA DA DEMISSÃO DA FERRARI: UM MISTÉRIO

Algumas hipóteses para a demissão de René Arnoux foram levantadas à época, duas para ser mais exato, mas como nenhuma delas foi comprovada, não entraremos em detalhes, até porque envolvem questões bastante sérias.

E, talvez, a hipótese menos "pesada" seja de fato a verdadeira. Arnoux tinha um problema físico, na perna direita, fruto de uma lesão que sofrera esquiando. Ele, inclusive, passou por uma cirurgia ainda em 1983, sem o devido conhecimento da Ferrari, que depois acabou sabendo do ocorrido. Arnoux, inclusive, constantemente era visto com bolsas de gelo no local da lesão nos finais de semana de corridas.

Assim, este problema físico, é o mais provável para que Enzo Ferrari tenha abdicado de seu piloto para o restante da temporada de 1985.

Arnoux voltaria a pilotar apenas em 1986, contratado pela francesa Ligier, para formar dupla com Jacques Laffite. A Ligier, que tivera um ano terrível em 1983 com seu motor Ford-Coswort aspirado V8 e um chassi sofrível (a dupla foi Jean-Pierre Jarier e Raul Boesel), agora tinha para 1986 o motor Renault-turbo e um chassi bem melhor.

Os números da Ligier em 1986 comprovam que Arnoux tinha de fato feito uma boa escolha com o time francês, que finalizou o Mundial de Construtores em quinto lugar. Laffite, mesmo com fratura nas pernas na nona etapa (Brands Hatch), finalizou o ano em oitavo lugar (com dois pódios) e Arnoux foi o décimo, com três quartos lugares como melhores resultados.

Arnoux, inclusive, não voltou a subir ao podio nos demais anos em que esteve na Fórmula 1: 1987, 1988 e 1989, todos pela Ligier, temporadas em que a equipe até teve bons chassis, mas os fracos motores a tiraram de melhores colocações.

Em 1987, inclusive, sem o fornecimento da Renault, que estava de saída da categoria, a Ligier fechou um acordo com a Alfa Romeo. Mas o motor italiano foi um fracasso absoluto durante os testes de pré-temporada na Europa. Arnoux foi duro nas críticas, insatisfeito com as inúmeras quebras.

Assim, a própria Alfa Romeo rompeu contrato com o time de Guy Ligier (1930-2015). Sem tempo hábil para a estreia no GP do Brasil de 1987, em Jacarepaguá, a Ligier precisou buscar um novo fornecedor de motores para aquela temporada, e a solução foi a Megatron, que desenvolvia os propulsores turbo da BMW.

O máximo que Arnoux conseguiu em 1987 com a Ligier-Megatron foi um ponto, graças ao sexto lugar no GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps.

Em 1988, com o fraquíssimo motor Judd V8, Arnoux não conseguiu levar a Ligier à zona de pontos nenhuma vez, e em 1989, quando a Ligier voltou a utilizar o Ford Coswort V8, Arnoux conseguiu seus últimos dois pontos na F1, com o quinto lugar que obteve no GP do Canadá, em Montreal.

24 HORAS DE LEMANS

René Arnoux disputou três edições da prova mais tradicional do endurance. as 24 Horas de Le Mans: em 1977 não completou a prova, com Renault Alpine; em 1994 foi o terceiro lugar, com Dodge Viper e em 1995 não finalizou, com Ferrari 333.

GP MASTERS

Em 2005 foi criada uma categoria chamada GP Masters, com chassi Reynard e motor V8 da Coswort de 3.5 litros, somente com pilotos veteranos que há haviam deixado de competir em monopostos.

Arnoux não disputou a temporada de 2005, vencida por Nigel Mansell, mas competiu em 2006, ano em que a categoria teve apenas duas etapas: Losail (Catar) e Silverstone (Inglaterra). Arnoux, então com 45 anos de idade, foi nono colocado nas duas provas e o norte-americano Eddie Cheever foi declarado campeão.

ver mais notícias

PELA FÓRMULA 1

Em 149 GPs disputados, venceu sete (quatro pela Renault e três pela Ferrari). Fez 16 poles e 12 voltas mais rápidas.

Selecione a letra para o filtro

ÚLTIMOS CRAQUES