Sorage

Craque do Futebol de Salão
por Marcos Júnior Micheletti
 
Cláudio Sérgio Sorage, ou simplesmente Sorage, foi um dos maiores craques do futebol de salão brasileiro em todos os tempos.
 
Ele morreu em 17 de junho de 2017, aos 67 anos de idade, vítima de uma embolia pulmonar.
 
Ele estava hospitalizado por conta de uma dificuldade respiratória desde o dia 05 de junho de 2017. Ele estava com água no pulmão. Quatro dias depois foi diagnosticado um tumor pulmonar, mas não houve tempo para que qualquer tratamento fosse feito.
 
Natural de São Paulo, capital, nascido em 21 de setembro de 1950, Sorage começou na ACM (Associação Cristã de Moços) do bairro do Cambuci, zona sul de São Paulo, aos 11 anos de idade.
 
Em 1963 a ACM enfrentou o Grêmio da TV Record, ocasião em que dois jogos eram transmitidos ao vivo nas manhãs de domingo pela emissora.
 
Em 1964 foi convidado pelo Grêmio da TV Record para integrar sua equipe, ficando durante este ano na equipe.
 
Em 1965 foi para o Palmeiras, onde permaneceu até 1980, passando por todas as categorias do Alviverde de Palestra Itália.
 
Foi capitão da Seleção Brasileira por dez anos, e também integrou a Seleção Paulista.
 
Ala habilidoso, formou com outro craque da época, o pivô Pinga-Fogo, uma dupla temida pelos adversários.
 
Ganhou muitos títulos pelo Palmeiras, como Paulistas, Brasileiros e Sul-americanos, participando de inúmeras viagens com o time pelo Brasil e no exterior.
 
Chegou a treinar entre os juvenis do futebol de campo do Palmeiras, tendo Mário Travaglini como técnico.
 
Ele residia no bairro do Cambuci, era aposentado, mas trabalhava como supervisor de vendas da empresa de laticínios Umurarama, localizada na Rua Madre de Deus, na Vila Prudente, zona leste de São Paulo.
 
Era casado com Maria Alice, que conheceu em sua adolescência. O casal teve uma filha, Camila, cujo padrinho de batismo é o saudoso Januário D´Aléssio. O casal Sorage e Maria Alice eram os felizes avós de Maria Júlia e Maria Eduarda.
 
SORAGE, NOSSO CRISTIANO RONALDO DO SALÃO
 
Por Marcos Júnior Micheletti, publicado no Portal Terceiro Tempo em 23 de junho de 2017
 
Vou falar de Sorage, que nos deixou no dia 17 deste mês.

Para quen não ouviu falar dele, pense no Falcão, o do futsal, mas sem os malabarismos.

Sim, eu vi Sorage jogar ao vivo pela tevê durante a minha infância, quando o esporte era chamado de futebol de salão (nome bem melhor, por sinal).

Um assombro.

Invariavelmente Sorage destruía o meu Corinthians.

Aliás, o nosso Corinthians, porque Sorage era corintianíssimo.

Não tenho nenhuma dúvida em dizer que era mais agudo que Falcão.

O chute, por exemplo, incomparavelmente mais forte, em uma época de bola muitíssimo mais pesada.

Resumindo, Falcão estaria para Messi assim como Sorage para Cristiano Ronaldo.

Na época em que eu via o Sorage pela tevê, dava meus passos no futebol de salão e de campo.

Na escola, durante a 8ª série, eu e mais alguns amigos derrotamos o time favorito e levantamos o caneco.

Título suado, vitória nos pênaltis.

Mais outros dois títulos consecutivos, no Saint Moritz, clube de campo em Mairiporã. Dois timaços.

Eu queria ser o Sorage no salão e o Zico no campo.

Cometi o maior erro esportivo da minha vida nessa transição.

Eu era muito melhor na quadra do que no gramado, onde treinei por um ano na querida Portuguesa de Desportos, sob a orientação de uma figura maravilhosa, o ex-zagueiro Hermínio.

Não "vinguei", como se diz no jargão futebolístico.

Bola pra frente e, por essas coisas do destino (alguém acredita em acaso?), fui trabalhar no maior site de memória esportiva do mundo, o Portal Terceiro Tempo, que tem como espinha dorsal a sessão "Que Fim Levou?".

Um dia recebemos a visita de Sorage, precisamente em 26 de agosto de 2011.

O Sorage que eu vira pela tevê estava ao meu lado, com uma pasta debaixo do braço, repleta de fotos.

E ele foi contando sua história de vida, voz mansa, e eu fui escrevendo, montando sua página (que você pode conferir aqui).

E as fotos, todas maravilhosas, que eu fui escaneando uma a uma para deixar sua galeria turbinada.

Eu tinha, então, a responsabilidade de escrever algo bom, que retratasse com fidelidade a história do melhor jogador de futebol de salão que eu havia visto.

No dia seguinte, como eu havia lhe prometido, a página estava pronta, e eu telefonei para avisá-lo.

Depois de alguns minutos ele ligou de volta, com a voz embargada, dizendo-se emocionado por ter visto tudo aquilo no site do Milton Neves.

E entre as fotos, selecionei duas, uma antiga e uma recente para seu "Antes e depois", que encaminhei para a Band, para que o Milton mostrasse em seu "Terceiro Tempo".

E, depois de todas as vezes em que ele aparecia na tela da Band, me ligava para agradecer.

E não apenas para isso.

Às vezes ligava apenas para saber se estava tudo bem comigo.

Outras, após uma vitória corintiana, apenas para me dizer:

"Viu o Timão ontem, Marcos?".

Nas duas últimas festas do Palmeiras, que lindamente homenageia seus ex-atletas, ele esteve presente.

E eu, que cubro estas festas desde 2009, registrei as duas ocasiões em que ele foi chamado ao palco sob intensos aplausos.

No ano passado, em 23 de setembro, eu estava fazendo as fotos em frente ao palco, onde estava Paulo Nobre para entregar uma camisa alviverde para os craques, quando chamaram Sorage.

Um sujeito ao meu lado, de cabelos grisalhos, virou para o filho e disse:

"Esse cara foi o melhor jogador de futebol de salão que eu vi jogar", afirmou para o garoto.

Eu ouvi de soslaio...

Concordei.

Na correria do evento acabei não comentando isso com o Sorage, nem depois.

Queria ter dito isso a ele.

E, agora, o telefone à mesa, não vai mais tocar.

ABAIXO, VÍDEO DO JOGO ENTRE BRAIDO E GM PELO CAMPEONATO METROPOLITANO DE FUTEBOL DE SALÃO, REALIZADO EM 16 DE JULHO DE 1991, NO GINÁSIO PRESIDENTE CIRO. MILTON NEVES NARROU E SORAGE FOI O COMENTARISTA:

 

Abaixo, três vídeos que Sorage nos enviou, de seus sobrinhos. O primeiro é um golaço de falta de Arthur, filho de Marcio Puig (afilhado de Sorage). O segundo é um chapéu de Vitor, filho de Marcus Puig (outro sobrinho de Sorage) e, por fim, o pequeno judoca é Gabriel, também filho de Marcus Puig.

 

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