por Rogério Revelles, do blog Tardes de Pacaembu
O futebol moderno não permite vacilo com a bola nos pés. Tudo é muito rápido, competitivo e calculado. Mas houve uma época onde existiam craques como Servílio, capaz de transformar as pesadas bolas de couro marrom em bexigas coloridas de emoção e alegria.
Seus toques clássicos e refinados, o levaram mais longe do que ele próprio imaginava ao vestir a camisa da Seleção Brasileira, junto aos grandes ídolos do período romântico de nosso futebol.
Servílio de Jesus nasceu em São Félix (BA), no dia 15 de fevereiro de 1915. Os primeiros registros de contato com a bola apontam para as peladas na praia de Amaralina antes de chegar ao recém fundado Galícia Esporte Clube, em meados de 1933.
Meio campista rápido e habilidoso, Servílio logo foi transferido para o Bahia onde não permaneceu por muito tempo. O Galícia montou uma grande equipe em 1937 e dessa forma levantou o título estadual naquela temporada.
O time campeão era formado por De Vinche, Bubu e Bisa; Ferreira, Vani e Walter; Dedé, Servílio, Vareta, Bermudes, Palito e Moela.
Servílio foi descoberto pelo Corinthians em uma excursão que o time realizou nos gramados da “boa terra” no princípio de 1938. Seu futebol despertou o interesse dos cartolas alvinegros e alguns meses depois a negociação foi concluída.
O Corinthians vivia um momento mágico após a conquista do campeonato paulista de 1937, justamente pela vitória que garantiu o título, conseguida contra o rival Palestra Itália dentro do Parque Antártica.
Sua adaptação na Fazendinha foi rápida e em pouco tempo Servílio tornou-se o principal articulador das manobras de ataque ao lado de Teleco, que era a grande estrela da equipe.
Pelo Corinthians Servílio ganhou o Campeonato Paulista em 1938, 1939 e 1941. A classe e a beleza de seu futebol fizeram com que a torcida e a crônica esportiva consolidassem o respeitável apelido de “O Bailarino”.
Mesmo atuando pelo meia direita, Servílio também tinha facilidade para concluir as jogadas com seus arremates certeiros. Tantas qualidades o levaram ao selecionado paulista e nacional em várias oportunidades.
Segundo o Livro: Timão 100 anos – Celso Unzelte – Ed. Gutenberg, Servílio foi o artilheiro do estadual por três vezes seguidas: 1945 (17 gols) 1946 (9 gols) e 1947 (20 gols).
Ao todo, foram 363 participações com a camisa mosqueteira, obtendo 241 vitórias, 51 empates, 71 derrotas e anotando a expressiva marca de 201 gols. Foram onze anos de alegrias junto aos fiéis torcedores entre 1938 e 1949.
Servílio também escreveu história quando envergou a primeira “camisa nove” do Corinthians em um amistoso contra o River Plate da Argentina, no Estádio do Pacaembu, em 22 de dezembro de 1946. Até aquela data a numeração nas camisas de futebol ainda não existiam.
Depois, a partir de 1948, a numeração passou a ser obrigatória e foi assim que os jogadores participaram da Copa de 1950 realizada no Brasil.
Depois do Corinthians, Servílio ainda jogou pelo C.a Ypiranga onde encerrou definitivamente sua carreira. Servílio, “O Bailarino” é pai de Servílio de Jesus Filho, que brilhou com as camisas da Portuguesa, do Palmeiras e da Seleção Brasileira nos anos sessenta.
O bailarino da Fazendinha faleceu em 10 de abril de 1984, em São Paulo (SP).
Saudade: Marcelo Rezende completaria 74 anos hoje
'Foi um incidente de corrida', diz Bortoleto sobre toque com Stroll no GP de São Paulo
O Gre-Nal extracampo das torcidas azul e vermelha e a velha "gangorra" da dupla gaúcha. Por Lino Tavares
Saudade: Há oito anos morria Penachio, ex-zagueiro do São Paulo na década de 60
Achados & Perdidos: Roberto Rivellino com a camisa do Vitória? Veja como isso aconteceu
Ismael Kurtz debate com Marcos Falopa os desafios dos treinadores em seleções do exterior
F1: Sem Sprint, GP de São Paulo inicia venda de ingressos para 2026
Saudade: Há cinco anos morria Romeu César, marcante repórter da Rádio Globo
Senna, como Bortoleto, também errou no Bico de Pato
Uma foto, uma história! Entrevista do saudoso Dr. Osmar de Oliveira para Monica Iozzi