O espetáculo não estava só no campo. Estava nas arquibancadas, nas filas de cerveja, no cheiro de churrasco...

O espetáculo não estava só no campo. Estava nas arquibancadas, nas filas de cerveja, no cheiro de churrasco...

Uma chuva de camisas, bandeiras e sotaques.

O Mundial de Clubes da FIFA 2025 foi, acima de tudo, um espetáculo de torcidas, uma celebração de identidades e paixões que ultrapassou qualquer fronteira de clube, país ou continente.

O estádio virou palco de uma democracia boleira, onde cada um podia ser quem quisesse, vestir o que quisesse, torcer para quem tivesse vontade, na hora que quisesse.

Não houve brigas. Pessoal do Barcelona foi tranquilamente aos jogos do Real Madrid.

Torces para o Manchester United e Liverpool? Você é mais que bem vindo aos jogos do Chelsea!

Leon, Santos Laguna, America ou Cruz Azul: mexicanos se misturaram de todas as cores, para aplaudir o Monterrey e o Pachuca que jogaram aqui no Mundial.

Pode vir!

Tirando os bobos sem cérebro do Palmeiras, que acharam "errado" o torcedor corinthiano ter ousado ir ao jogo da equipe verde.....foi tudo bem, tudo bom.

Zero brigas, nenhum problema, até com os uruguayos de camisa do Peñarol que tiravam sarro dos argentinos desqualificados.....Foi tudo bem.

Choviam camisas do Brasil. Do Inter Miami, com o nome do Messi, parecia às vezes, a única que a criançada pelos estádios dos EUA usavam.

Não havia regra para a festa: camisas do Real Madrid, do PSG, do Cosmos, da seleção do Panamá, do Uzbequistão, do Peru, da Croácia, da Geórgia, do México, de El Salvador, da Polinésia.

Tudo junto, misturado, pulsando em um mosaico de cores e histórias.

Como no futebol americano, no baseball ou na Indy 500, mas com uma diferença fundamental: desta vez não eram americanos a estacionar seus carros nos "parking lots" gigantes, em torno do estádio, pagando até 70 dólares para entrar no espaço...

Agora eram os latinos, de todas as partes, com seus veículos repletos de cerveja, comida e churrasqueiras portáteis, para festejar, bater bola, cantar, colocar música latina do rádio bem alto e fazer uma baita festa antes e depois dos jogos.

Você tem uma camisa do Real Madrid?

Você usou e foi orgulhoso ao estádio?

Você é de Honduras ou da Venezuela?

E o “seu” Real Madrid perdeu?

Pouco importa.

Estamos diante de um cenário diferente.

Aqui não é um jogo de futebol.

Estamos falando de um cenário perfeito: um palco-espetáculo.

É isso que o Mundial e suas partidas sem fim, por um mês, nos deram aqui.

Os torcedores querem o espetáculo.

Somado ao lazer.

O jogo em si é legal, importante, vale a gritaria e os “uuuuhhhhs” e os “ooohhhhs”.

Mas antes tem churrasco, no intervalo tem pipoca, pretzels e nachos, Tostitos com queijo derretido.

E no fim tem cantoria e bebedeira.

Muita coisa.

Muito lazer.

É o todo que importa: o sair de casa, o vestir uma camisa de futebol, seja ela do Pelé, da época do Cosmos, ou da seleção do Panamá.

Chegar ao estádio.

Festejar, gritar, tirar fotos.

Aí vem o jogo, todo mundo busca sentar, mais fotos.

Começa o jogo e a alma sai de tanta emoção.

Chega o intervalo e pronto, o estádio praticamente se esvazia. Juro pra vocês.

Em jogos com 77 mil pessoas, parecia que menos da metade ficava nos assentos: o resto inteiro saía para um xixizinho rápido e compras.

Muitas compras: café, sanduíche cubano, raspadinha com rum, batata frita com alho e hambúrguer, sorvete feito de micro bolinhas, sushi e teppanyakki e o já famoso chicken and chips, três pedaços de frango com batatinha por 110 reais.

Tudo regado a cerveja.

De todo tipo, sabor, origem e teor alcoólico.

Cerveja a 12 dólares, a 14 e até de 16 doletas.

Mas começou o jogo.

OK.

O jogo...

Real Madrid.

PSG em campo.

Olha o Manchester City fez duas substituições.

OK.

Minha fila de cerveja, já já chega minha vez.

O jogo vai esperar.

Recomeça o jogo e outra vez: juro que as filas ficam lá, mais longas que nunca.

O que importa é o espetáculo.

Que inclui beber, comer, fumar, sair, tirar fotos, etc, etc, etc.

A experiência de ir ao estádio nos Estados Unidos trouxe também um rigor de segurança raro em outros Mundiais.

Não se pode entrar com bolsas, mochilas, sacolas e, principalmente, bolsas femininas tradicionais.

Só é permitido portar bolsas totalmente transparentes, sejam pochetes, bolsas de senhoras, mochilas ou bolsas grandes.

Tudo transparente, por questão de segurança.

Os seguranças tem que ver o que tem dentro.

Ponto. Não adiante discutir: sua bolsa, se não for completamente, por completo, inteirinha transparente.

A regra é clara e inflexível: quem não se adaptar, fica do lado de fora.

O resultado é uma multidão de torcedores exibindo seus pertences em bolsas cristalinas, deixando ver um montão de coisas pessoais...um detalhe que virou símbolo da organização e do controle do evento.

Vamos falar de números.

Porque os números impressionam.

A média de público nas partidas do Mundial, antes das semi finais, ficou entre 42.500 mil torcedores por jogo, com as semifinais superando 70 mil presentes.

O maior público registrado foi o de PSG 4 x 0 Atlético de Madrid, no Rose Bowl, em Pasadena, com 80.619 pessoas. A Semi-Final entre PSG e Real Madrid teve 77.500 torcedores.

Real Madrid e Al Hilal reuniram 62.415 torcedores no Hard Rock Stadium, em Miami.

O duelo entre Al Ahly e Inter Miami, na abertura, atraiu 60.927 espectadores.

Bayern de Munique, Boca Juniors, Pachuca, Flamengo, Chelsea, Palmeiras, Al Hilal lotaram as arquibancadas.

Entre os brasileiros, Palmeiras liderou em numeros, com média de 44 mil torcedores por partida, seguido por Flamengo e Botafogo, ambos acima dos 39 mil.

O impacto da torcida do Real Madrid, como dissemos, foi um caso à parte.

Todos os jogos do Real Madrid estavam praticamente com a casa cheia.

Imagem, impacto, camisas de toda cor, temporada e tamanho.

O Real Madrid era e é a grande torcida deste evento.

Impressionante.

Estão por toda parte estes torcedores que durante anos não conseguiam sonhar em estar tão perto de seus ídolos.

Como se multiplicam!

Sem ver o preço do ingresso, latinos de mais de 25 países se jogaram literalmente sobre este Mundial e lotaram os estádios.

Assim como os do Chelsea, que um pouco menos em número, surpreenderam.

Tem gente pra caramba que torce para a equipe de Londres. Indianos, árabes, paquistaneses e muitos chineses parecem gostar muito do Chelsea.

O Mundial de Clubes 2025 foi uma celebração da pluralidade.

Uma festa em que a camisa do seu time vale tanto quanto a bandeira do seu país ou a memória de um ídolo distante.

O estádio se tornou um espaço de pertencimento, onde a nostalgia de um tempo, a paixão de uma vida e a vontade de celebrar o futebol se misturaram em um só coro.

O espetáculo não estava só no campo.

Estava nas arquibancadas, nas filas de cerveja, no cheiro de churrasco, nos gritos e nas selfies, no sorriso de quem, por um dia, pôde ser parte de algo maior.

Uma democracia boleira, onde todo mundo pode tudo, e o futebol, mais do que nunca, pertence a quem faz a festa.

Rapaz....valeu MUITO a pena recorrer estes Estados Unidos da América, da Costa Oeste para a Costa Leste, de Seattle a Miami, de Los Angeles a Orlando.

Que venha o maluco Mundial de Seleções de 2026!

Vai ser um calor....

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