Valdemiro Teixeira, o Mirim, zagueiro do Vasco, nos anos 50, morreu no dia 13 de dezembro de 2006, em Alfenas (MG), e foi sepultado em Lagoa da Prata (MG), terra do volante Gilberto Silva e onde nasceu também Miro, ex-volante do Botafogo de Ribeirão Preto (SP), Santos e América de Rio Preto (SP), filho de Mirim.
Ele vivia lá mesmo em Alfenas, no sul de Minas Gerais, onde estava aposentado (ganhava apenas R$ 250,00 por mês) e sofria com sérios problemas no joelho direito.
Mirim formou uma boa defesa no Vasco da Gama com Danilo Alvim e Jorge e também brilhou no Bangu ao lado de Gualter e Pinguela.
Ele, que jogou na inauguração do Maracanã defendendo a Seleção Carioca (a Seleção Paulista ganhou por 3 a 1, de virada, em 1950), também atuou nas seguintes equipes: Bonsucesso (RJ), Fluminense, Sport Clube do Recife, Palmeiras, América (MG) e Guarani (MG). Mirim também jogou no Fluminense. Lá, ao lado de Hélvio Piteira e Ponce de león, formava o "Trio de Osso" ou "Trio de Ossos" em função dos corpos magros e pernas e tornozelos finos dos três craques do Tricolor das Laranjeiras.
Ele foi também técnico do Alfenense Futebol Clube, de Alfenas,(dirigiu a equipe na célebre vitória sobre o Atlético Mineiro, por 1 a 0, gol de Tatau, em 80)e foi técnico também do América de Alfenas.
Nascido no Rio de Janeiro, no dia 9 de fevereiro de 1925, Mirim, o "Velho Mirim", sempre humilde, foi muito querido pelos moradores de Alfenas e está no coração de todos eles.
Veja nas páginas seguintes, o texto que o site Terceiro Tempo recebeu do jornalista Henrique Veltman, de 70 anos, sobre a inauguração do Maracanã.
Dia de glória
16 de junho de 1950, e lá fomos nós, o Berale e eu, para a festa de abertura do estádio do Maracanã, ainda em obras, para ver as seleções de novos de São Paulo e Rio de Janeiro.
Dos jornais da época: "O Rio viveu um dia de glória. A torcida carioca deu provas do seu entusiasmo pelo futebol comparecendo em massa para a inauguração do maior estádio do mundo. Assim, contribuiu para que fosse estabelecido um recorde de publico em qualquer época.
Pois é, mas o povo não concordou com a homenagem e destruiu o busto do general nos dias seguintes à inauguração. E hoje, claro, o Maráca é o Estádio Mário Filho, uma justa homenagem ao criador do Jornal dos Sports.
Até o surgimento do Maracanã, nós conhecíamos poucos estádios de futebol, desde o acanhado campo do América, na Campos Sales, ao enorme São Januário, com passagens pelo Botafogo, Fluminense e Canto do Rio - este aqui, em Niterói.
Foi uma festa e tanto: revoada de pombos, coro orfeônico das escolas municipais, Bandas de Musicas, desfile das representações de clubes e entidades, e claro, assistiram a cerimônia de hasteamento da Bandeira.
O mais importante, porém, foi o jogo entre as seleções de novos do Rio e de São Paulo. Desde logo os paulistas demonstraram melhor entrosamento e condicionamento físico. Tinham uma linha média eficiente e um ataque habilidoso. Os cariocas se resguardaram na defesa e assim permaneceram ao longo do primeiro tempo. Mesmo assim, foi Didi quem abriu a contagem para o Rio de Janeiro. O jovem Didi assinalou o primeiro gol no estádio do Maracanã.
Do nosso lado, na arquibancada, um senhor de certa idade, nos deu "uma luz": "Fiquem de olho no Didi, desprezem a bola". Foi uma revelação! Descobrimos ali que futebol era uma arte e que se jogava com a inteligência até mais do que com os pés...
Jogando melhor, os paulistas empataram no final no primeiro tempo através de Augusto. No segundo tempo, eles continuaram melhores e marcaram mais dois gols, Ponce de Leon e Augusto. Começava aí a saga do "recreio dos bandeirantes", nome pelo qual São Paulo tirou o maior sarro do futebol carioca.
Dois árbitros apitaram o primeiro jogo: No primeiro tempo, Alberto da Gama Malcher. Na etapa final, Mário Vianna. Com dois Ns. Os paulistas jogaram com Osvaldo. Homero e Dema. Djalma Santos. Brandãozinho e Alfredo. Renato. Rubens (Luizinho). Augusto. Ponce de Leon (Carbone) e Brandãozinho II (Leopoldo). Os cariocas com Ernani (Luiz Borracha). Laerte e Wilson. Mirim. Irani e Sula. Aloisio (Alcino). Didi (Ipojucan). Silas (Dimas). Carlyle (Simões) e Esquerdinha (Moacir). Botecos:
Ninguém melhor que um carioca exilado há mais de 30 anos em São Paulo, pra falar dos botequins do Rio.
Na verdade, a saga começou lá atrás, nos tempos do Ginásio Hebreu Brasileiro. Zeca e eu descobrimos a batida de amendoim, acho que no Flakes da Major Ávila.
Andávamos, na época, sempre em grupo. E, quando invadíamos bares e botequins, o Samuca inventava de pedir um coquetel que não existia. Não lembro exatamente como era, mas devia ser um strupfm qualquer. Invariavelmente, o balconista lamentava, dizia que "já acabou" ou "ainda não recebemos" e ficava por isso mesmo. Até o dia em que, na rua Rodolfo Dantas, em Copacabana, o balconista não se apertou e produziu um enorme coquetel colorido. "Taí o seu strupfm, moço". E o Samuca teve que engolir a beberagem - e pagar.
Inspiração:
Botecos sempre foram uma grande fonte de inspiração. Botecos e biroscas cariocas estão no imaginário dos nossos escritores.
Da mesma forma que o La Coupole e Dome foram imortalizados em romances de Sartre e Simone, o Lamas é cenário privilegiado para autores como Sérgio Sant´Anna. No romance "Um crime delicado", os espelhos que revestem as colunas do bar facilitam o relacionamento entre as personagens Inês e Antônio Martins.
Só que "Um crime delicado" vai virar filme do diretor Beto Brant e a ação vai se mudar para São Paulo. Um crime nada delicado.
"Achados e perdidos", do Luiz Alfredo Garcia-Roza, também vai virar filme, dirigido por José Joffily. As filmagens, em Copacabana, terminam em breve - com bares cariocas mantendo sua identidade na tela.
Dizem os cronistas da imprensa carioca que botecos, lanchonetes e restaurantes estão e serão preservados na fita, da Trattoria ao Baalbeck, passando pelo Lamas e pelo Bar Monteiro. Já o Bar Luiz aparece como pano de fundo para um encontro meio clandestino em "O silêncio da chuva", romance que apresentou ao mundo o carismático delegado Espinosa. E o Bar Lagoa é cenário de um jantar do delegado com a namorada.
(Pros mais novos, uma curiosidade: o conhecido bar da rua da Carioca chamava-se Bar Adolfo, até que, em 1943, com a entrada do Brasil na guerra, propriedades alemãs começaram a ser depredadas no Rio. O dono do bar, rapidamente, mudou nome e letreiros, da noite pro dia sumiu o Adolfo e nasceu o Luiz...).
Claro, minha turma de hebreus freqüentou muito o Cervantes, na Prado Júnior. Mas há importantes bares e botecos que não são do meu tempo. O El Cid, na Ministro Viveiros de Castro. Ou o Meia Pataca, na Avenida Atlântica, por exemplo.
Mas eu tenho muita saudade, mesmo, é do bom e velho Bar do Serafim, na esquina de Laranjeiras com rua Alice. Durante alguns anos, meu filho Igor, ainda no primário do Liessin, tinha conta-corrente no Serafa. Ele saía da Hebraica e ia forrar o estômago no boteco. Eu acertava as contas no fim do mês.
No boteco, pedreiros, engenheiros, médicos e doentes, analfabetos, escritores e meninas que se viravam no 120 da rua Alice.
Enfim, o Rio pode ser considerado um imenso botequim. Portanto, fico por aqui, não sem antes citar o Bar Brasil e seu kassler , o Capela, o Amarelinho. E cobrar publicamente dos meus hebreus mais próximos uma ronda pelos botequins cariocas. Promessa é dívida."
porHenrique Veltman
Mirim recebeu Título de Cidadão Alfenense - parte 01
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