Kaneco, inesquecível ponta-direita do Santos na metade dos anos 60, morreu em 18 de abril de 2017, aos 70 anos de idade. Ele sofria de câncer e estava internado no Hospital Guilherme Álvaro, no bairro Boqueirão, em Santos.
Amante do futebol, Kaneco se reunia sempre com os amigos para animadas peladas com os veteranos do time da Vila. Ele era proprietário de uma escolinha de futebol.
Descendende de japoneses - o segundo do futebol brasileiro, já que o primeiro foi Sérgio Echigo, do Corinthians, que hoje mora em Tóquio (JAP) -, Kaneco entrou para a história ao aplicar a primeira "carretilha" do nosso futebol.
Foi num jogo noturno, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Paulista, em 9 de março de 1968, quando o Santos bateu por 5 a 1 o Botafogo de Ribeirão Preto (SP), também de Sicupira e Paulo Leão.
A jogada imortal e inesquecível aconteceu quando Kaneco, na linha de fundo, junto à área e diante do bom lateral Carlucci, colocou a bola apertada entre suas duas chuteiras e, de calcanhar, lançou a redonda sobre a cabeça do aturdido lateral "penteando" o zagueiro em bela chapéu e levantando a Vila Belmiro.
Em seguida, Kaneco cruzou para a pequena área e Toninho Guerreiro, de letra e com desdém, mandou a bola para as redes do goleiro Dirceu Hugo da Roz, hoje advogado em Gramado (RS). E, além de Dirceu, ficaram petrificados na jogada os zagueiros Zé Carlos e Veríssimo, além do próprio Carlucci.
Ainda sobre Kaneco (antes de sua morte), leia abaixo o texto do excelente jornalista Rogério Micheletti
"Alexandre de Carvalho Kaneco, o Kaneco, teve alguns supermercados na baixada santista e hoje procura emprego. "Gostaria até de voltar a trabalhar no futebol", conta o ex-ponta-direita que defendeu o Santos no final da década de 60 e ficou famoso por ter feito uma jogada genial contra o Botafogo de Ribeirão, na Vila Belmiro, em 1967.
Especialista no drible batizado de "carretilha", Kaneco chapelou o zagueiro Carlucci e cruzou na área para Toninho Guerreiro marcar de letra. "Estava acostumado a fazer aquela jogada. Aprendi jogando futebol de salão no Paes Leme e no Mackensie", lembra o ex-jogador. Aliás, os dribles o ajudaram a ser profissionalizado no Santos. "O clube estava atrás de um ponta-direita. Falava-se em Natal (Cruzeiro) e Paulo Borges (Bangu), mas não conseguiram contratar ninguém e me deram uma chance."
Para Kaneco, a goleada sobre o Pantera não foi o único jogo guardado na sua memória. "Todos os jogos foram inesquecíveis, principalmente porque o Santos tinha um time só de craques. Era difícil de ser derrotado, mas eu me recordo bem da derrota para o Corinthians em 68, que marcou a quebra do tabu", conta Kaneco. Sobre os confrontos contra o rival do Parque São Jorge, Kaneco ressalta que os vários anos de jejum diante do Santos (o Timão não vencia o Peixe há 12 anos) aumentavam a pressão nos jogadores corintianos.
"Era visível que o Corinthians entrava em campo nervoso quando nos enfrentava. Mas naquele dia tudo deu certo para os corintianos. O Paulo Borges acertou um chute inacreditável e o time todo do Santos não esteve bem", fala Kaneco, que nasceu no Rio de Janeiro no dia 6 de outubro de 1946.
Depois do Santos, Kaneco chegou a jogar pelo Velez Sarsfield, da Argentina. Lá, ele teve como companheiro de ataque o centroavante Carlos Bianchi, que se tornou em um dos mais conceituados treinadores do futebol portenho. "Ele era garoto. Ainda não dava pinta que seria um grande treinador", conta o ex-ponta, que é casado, pai de três filhos, avô de uma menina e mora no bairro do Gonzaga, em Santos.
ABAIXO, EM VÍDEO, A FANTÁSTICA JOGADA DE KANECO PARA O GOL DE TONINHO GUERREIRO, JOGO DISPUTADO NA VILA BELMIRO EM 09/03/1968. SANTOS 5 X 1 BOTAFOGO-SP - CAMPEONATO PAULISTA
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