José Carlos do Nascimento, mais conhecido como Zé Carlos, foi um vigoroso defensor que se destacou no Santos. Em 2014, atuava como Secretário Adjunto de Esportes de Pouso Alegre, Minas Gerais.
Natural da mineira Pouso Alegre, em 22 de março de 1958. Zé tem sua trajetória no futebol recheada de conquistas: em 1978, quatro temporadas depois da aposentadoria do Rei Pelé, Zé Carlos ajudou o Santos a chegar na decisão do Campeonato Paulista, diante do São Paulo, onde o Peixe conseguiu o título na prorrogação.
Zé Carlos ainda defendeu as cores de Náutico , Ferroviária-SP , São Bento , Juventus , Portuguesa Santista , São Jose, Ituano e atuou em Portugal, no Louletano, e no Japão, pelo Tokyo Gás.
Já aposentado, concluiu a Faculdade de Educação Física em 1985 e tornou-se treinador. Na nova função, comandou o Tokyo Gás, Ituano, Sul Minas e Kajitsu FC. Em 17 anos no Japão, participou da formação de muitos jovens de talento, sendo que o craque nipônico Endo Yasuhito foi seu pupilo prodígio.
De volta a Pouso Alegre, o ex-jogador começou a trabalhar na Prefeitura da cidade e também toca um projeto de auxílio a jovens talentos de sua cidade natal, que sonham com a carreira de jogador profissional.
ABAIXO, CONFIRA A ENTREVISTA CONCEDIDA POR ZÉ CARLOS A THIAGO TUFANO SILVA NO DIA 21 DE OUTUBRO DE 2025:
Zé Carlos, dos "Meninos da Vila" de 78, fala sobre fase do Santos e relembra rivalidade com o Timão: "Calção preto era tabu"
Campeão paulista em 1978 com o Santos, o ex-volante Zé Carlos, de 67 anos, ainda fala de futebol com o mesmo ímpeto com que marcava os atacantes na Vila Belmiro. Mineiro de Pouso Alegre, ele foi daqueles marcadores que não davam espaço nem para respirar.
“Eu não dava distância. Quando a bola chegava, `tum`, acabou! Era no tempo, no toque. Se desse meio metro, o cara girava e você ficava vendido. Hoje em dia tem muito zagueiro que espera o atacante pensar, ajeitar o corpo... aí já era! No meu tempo, não tinha essa de esperar. Era antecipar e dividir com vontade”, lembrou, entre risadas, em entrevista concedida na sede do Terceiro Tempo na última terça-feira (21).
Revelado pelo Santos, José Carlos do Nascimento fez parte do grupo que encerrou um jejum incômodo do clube, conquistando o Paulista de 1978, quatro anos depois da ida de Pelé ao Cosmos. Passou ainda por Náutico, Ferroviária, São Bento, Juventus, Portuguesa Santista, São José e Ituano, antes de se aventurar no exterior (Louletano, em Portugal, e Tokyo Gas, no Japão).
“Em 1995, um dirigente japonês me disse: `em 50 anos o Japão vai ser campeão do mundo`. E olha, eles não falam isso da boca para fora. É persistência! Trabalham pensando lá na frente. As meninas já foram campeãs, e o Endo Yasuhito, que eu tive o prazer de ver começando no futebol, jogou três Copas. Eu fico orgulhoso, porque vi esse menino crescer. O Japão é um exemplo de como o futebol se constrói com paciência”, analisou.
Formado em Educação Física em 1985, Zé Carlos também virou treinador. Trabalhou no próprio Tokyo Gas, no Ituano, no Sul Minas e no Kajitsu FC, além de quase duas décadas atuando com as categorias de base no Japão.
Sobre a função do volante, posição que conhece como poucos, Zé Carlos segue a máxima de que a marcação vem antes da firula.
“Na minha época, marcação era comigo. Eu não avançava, ficava ali na sobra, limpando a área. Hoje o volante deixa o cara pensar, fica olhando, cercando. Tá morto! No futebol, se você deixa o adversário pensar, acabou. Eu aprendi isso com o Zito, com o Ramos Delgado, com o Pepe. Eles falavam: `quem chega primeiro na bola é quem manda`. Hoje o pessoal corre bonito, mas marca pouco”.
Zé Carlos também se diverte ao lembrar nomes de peso que enfrentou no decorrer de sua carreira.
“Peguei pedreira (risos). Sócrates, Zico, Zenon, Raí, Jorge Mendonça, Renato... era um atrás do outro! O Zico era impressionante. Se deixasse ele de frente, ele escolhia onde botar a bola. Então o segredo era não deixar girar. O Sócrates era duro de marcar porque pensava rápido. Tinha um toque diferente, levantava a cabeça e achava o passe de calcanhar. Hoje não tem jogador assim, com essa inteligência de jogo”.
Zé Carlos também recorda com saudade, e certa ironia, os tempos da base santista e a rivalidade com o Corinthians.
“No Santos, usar calção preto era tabu! O pessoal falava: ìsso é coisa de corintiano!`. Era uma rivalidade muito forte, até na molecada. Em 1978, a gente perdeu a semifinal da Copinha para o Corinthians, 1 a 0, gol do Rubinho. Mas aquele time era muito bom. Tanto que dez daqueles garotos subiram para o profissional e, no mesmo ano, fomos campeões paulistas. Eu tenho orgulho de ter feito parte disso”.
Mesmo longe dos gramados, o ex-zagueiro segue atento ao time da Vila Belmiro. E, claro, preocupado com o momento do Peixe.
“Falta força no ataque. É só cruzamento. Centroavante não segura uma bola. E a tabela é dura demais: Botafogo, Flamengo, Palmeiras... vai ser sofrimento até o fim! O Santos precisa recuperar aquele espírito de luta, de não desistir nunca. Futebol é atitude.”
Perguntado sobre Neymar, Zé Carlos não se esquiva.
“Joga muito, isso ninguém discute. Tem visão, técnica, inteligência... mas só ele não vai resolver. Futebol é coletivo. Quando ele chama para si e segura a bola demais, os caras arrebentam. E o corpo já não responde igual”.
Aos 67, Zé Carlos mora novamente em Pouso Alegre-MG, onde foi secretário adjunto de Esportes e mantém um projeto social com jovens atletas.
De lá, segue ativo e requisitado. Foi convidado para dois eventos de ex-jogadores em novembro: um da CBF, que será realizado em São Paulo-SP no dia 26, e outro em Sorocaba-SP, no dia 29, com homenagem a Milton Neves. Motivo que o levou a visitar a sede do Terceiro Tempo na última terça-feira (21).
"Além de matar a saudade, vim trazer este convite ao Miltão! Muito bom bater um papo com ele e ver que está bem, recuperado, e voltando a trabalhar”, concluiu o marcante ex-jogador santista.
O País da Jogatina. Por Odir Cunha
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