Em 19 de novembro de 2013, o ídolo palmeirense foi anunciado como o novo treinador do River do estado do Piauí. Em 2014, viveu um episódio negativo durante sua passagem pelo futebol nordestino: enquanto treinava o River-PI, teve o carro arrombado e o técnico perdeu alguns pertences. No mesmo ano, no dia 26 de março, foi demitido.
O ex-atacante Evair, eterno ídolo da torcida palmeirense e que teve grandes passagens pelo Guarani (clube que o revelou), Vasco da Gama, Portuguesa, Coritiba, entre outros times, revelou nesta terça-feira qual foi a maior frustração vivida por ele como jogador de futebol.
"Sem dúvida, a maior frustração foi não ter disputado uma Copa do Mundo. Eu estive mais próximo em 1994. Cheguei a jogar as Eliminatórias. Mas não fui para a Copa. Realmente era um grande ano para mim e para o Palmeiras, que era o time com a melhor defesa e com o melhor ataque. O César Sampaio, o Antônio Carlos, o Cléber, o Edmundo, o Mazinho, o Zinho e eu tínhamos esperanças. Mas só foram para o Mundial dos Estados Unidos o Mazinho e o Zinho?, lembra.
À época, o técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, preferiu outras peças ofensivas. Casos de Bebeto, Romário, Paulo Sérgio (ex-Corinthians), Viola, Ronaldinho e Muller para o ataque. Bebeto e Romário formaram a dupla de ataque titular da seleção em 1994. Paulo Sérgio era considerado útil taticamente e atuava em outras posições. Muller já tinha experiência de dois mundiais (1986 e 1994). E Ronaldo, então garoto do Cruzeiro, foi chamado para adquirir experiência
O melhor companheiro de ataque
Evair formou grandes duplas de ataque com Edmundo, primeiro no Palmeiras (entre 1993 e 1994) e depois no Vasco (em 1997). Mas para o ex-centroavante, que foi revelado pelo Guarani, o Animal não foi seu melhor companheiro ofensivo.
"O Edmundo era um jogador diferenciado, sem dúvida. Mas eu não posso esquecer do João Paulo (ex-ponta-esquerda do Guarani). Ele me ajudou muito nos tempos de Guarani. O João era habilidoso e não fazia questão de fazer gols. Por isso, ele sempre preparava muitas jogadas para que eu finalizasse. Foi um outro espetacular jogador?, disse Evair.
Evair, com a 9, e João Paulo, com a 11, fizeram realmente uma dupla infernal no time campineiro entre os anos de 1985 e 1988. Com eles, o Guarani foi vice-campeão brasileiro de 1986 (perdeu a final para o São Paulo, em jogo muito polêmico) e vice-campeão paulista de 1988 (foi derrotado pelo Corinthians, gol de Viola, também no Brinco de Ouro da Princesa).
João Paulo, muito elogiado por Evair, foi um dos últimos autênticos pontas do futebol brasileiro, chama-se na verdade Sérgio Donizeti Luiz. O "apelido? João Paulo veio por causa do estilo semelhante de atuar com o ponta-esquerda João Paulo, que foi revelado pelo Santos e teve passagens por Flamengo, Corinthians e Palmeiras. Depois de fazer dupla com Evair, João Paulo, o Sérgio Donizeti, jogou no Bari (Itália), Vasco, Goiás, Corinthians, Ponte Preta, Paulista de Jundiaí, Bahia e União São João. Nos tempos de Bari, entre 1988 e 1993, chegou a ser apontado como um dos melhores estrangeiros do Campeonato Italiano.
Ponte aérea
"Um jogador acostumado a atuar no futebol paulista sempre terá dificuldades quando for vestir a camisa de um time carioca. E vice-versa?, analisa Evair. "É tudo muito diferente. No Rio há um calor intenso. É outro tipo de vida. Geralmente só treinávamos no Vasco em um período. Em São Paulo é diferente. E essa mudança o jogador sente?, emenda o ex-centroavante, que foi tricampeão brasileiro (1993 e 1994 pelo Palmeiras e 1997 pelo Vasco da Gama).
Como foi enfrentar um ex-time?
Questionei Evair como foi para ele enfrentar o Palmeiras, time pelo qual fez tanto sucesso entre 1991 e 1994, na final do Brasileirão de 1997. "Foi algo especial. Mas eu comemorei muito o título. O Palmeiras ficou marcado. Mas quando fiz gols contra o Palmeiras ou Guarani, eu sempre comemorei. Isso faz parte do futebol. E o meu respeito continuou pelos clubes?, disse.
Relação com Eurico
O ex-centroavante revela que sempre teve bom relacionamento com o polêmico dirigente Eurico Miranda nos tempos de Vasco, mas a despedida do clube de São Januário não foi das melhores. "Até hoje eu não recebi o bicho pela conquista do Campeonato Brasileiro?, revela. "Acho que o Eurico, no início do campeonato, não acreditava muito na nossa equipe. Porque ele prometeu um bicho bem alto depois que nós perdemos um jogo para o Corinthians, no Pacaembu. Depois nós fomos cobrá-lo?, diz. O jogo citado por Evair foi realizado no dia 16 de julho de 1997. E o Corinthians, com gols de Romeu (volante) e Donizete Pantera Negra, bateu o Vasco por 2 a 1. O único gol da equipe carioca foi marcado por Edmundo.
O Animal
Embora não esconda que tenha tido problemas de relacionamento com Edmundo, Evair faz questão de elogiar seu ex-companheiro de ataque. "O Edmundo encarava mesmo. Não tinha medo de nada. Era um jogador especial?, comenta. "Assim que ele chegou ao Palmeiras (em 1993) já teve uma briga comigo. Era o jeito dele. Eu já tinha um espaço dentro da equipe, cobrava pênaltis, marcava gols. Mas ele também queria bater pênaltis. E ficava bravo?, emenda. "Mas, sem dúvida, foi um grande jogador. E no Vasco também viveu um momento pra lá de especial em 1997?, recorda.
Desconforto no Galo
Em 1997, antes de brilhar com a camisa do Vasco da Gama, Evair teve uma passagem rápida pelo Atlético Mineiro. Mas apesar de ter nascido em Minas Gerais (em Crisólia, sub-distrito de Ouro Fino), o ex-centroavante não tem boas recordações do Galo.
"Fiquei desconfortável no Atlético Mineiro. Muitos jogadores e funcionários não recebiam. O único salário que estava em dia era o meu, porque era bancado por um patrocinador. Uma vez falei isso em entrevista. Aí, teve gente que achou que eu tinha desrespeitado o clube. Não tive a intenção de fazer isso. Jamais. Mas era uma situação que me incomodava eu receber normalmente e outros não?, diz Evair, que pouco antes de defender a equipe mineira tinha jogado pelo Yokohama Flugels, do Japão.
Proposta espanhola
Evair admite que se arrependeu por recusar um convite espanhol nos anos 80. O Atlético de Madri demonstrou interesse na contratação dele, mas o espigado e oportunista atacante optou por continuar no Brinco de Ouro da Princesa. "Eu tinha uns 21 ou 22 anos. Veio a proposta do Atlético de Madri, mas eu queria ficar aqui. E estava fazendo o que mais gostava. Não quis trocar o Guarani pela Espanha?, revela.
Momentos difíceis no Palmeiras
Evair não viveu só bons momentos no Palmeiras. Em 1992, quando o técnico do alviverde era Nelsinho Baptista, o centroavante chegou a ter seu nome em lista de dispensa. "O Palmeiras vivia um momento muito difícil. Então, o Nelsinho Baptista decidiu afastar alguns jogadores. Eu era o centroavante e não estava fazendo gols?, comenta. "Para a minha felicidade eu fui reintegrado depois. O mesmo não aconteceu com outros atletas (Jorginho, Andrei e Ivan Izzo)?, lembra.
O Palmeiras não conquistava um título expressivo desde 1976, o que dificultava a boa relação entre elenco e torcida. "Eu procurava não sair muito de casa, porque a pressão era grande. Não queria dar motivos para nada. Todos os jogadores temiam, porque muitos torcedores estavam muito aborrecidos com o jejum de títulos?, fala. "Mas depois, entre 1993 e 1994, o Palmeiras ganhou praticamente tudo. Só faltou o Libertadores. Fizemos uma excursão em 94 e depois perdemos para o São Paulo?, emenda.
Tristeza pelos vices bugrinos
Revelado pelo Guarani, Evair não esconde sua frustração por não ter conquistado um título importante com a camisa bugrina. E em duas ocasiões o grito de campeão esteve perto de sair: em 1986, quando o Guarani foi vice-campeão brasileiro, e em 1988, ano em que o Bugre ficou com o vice do Paulistão.
"Tem coisa que o tempo não cicatriza. Eu procuro não lembrar, mas é difícil. Alguma hora aparece na televisão um daqueles jogos. A derrota de 1986 para o São Paulo foi muito dolorida. Teve até aquele pênalti absurdo não marcado em cima do João Paulo (ponta-esquerda). Mas a de 1988 (para o Corinthians), também por ter sido em casa (no Brinco de Ouro da Princesa), foi muito triste. E o Guarani tinha duas grandes equipes?, lamenta Evair.
Em 1986, Guarani e São Paulo empataram no tempo normal por 1 a 1. Na prorrogação, outro empate: 2 a 2. Na decisão por pênaltis o São Paulo levou a melhor. Dois anos depois, o Guarani, com Evair, Neto, João Paulo, Vágner Bacharel, Ricardo Rocha e Marco Antônio Boiadeiro como destaques, foi surpreendido pelo time corintiano. No tempo normal, empate sem gols. Na prorrogação brilhou a estrela do então garoto Viola, que fazia sua primeira partida como titular da equipe alvinegra.
Melhor jogo da carreira
O dia 12 de junho de 1993 certamente não sai da memória dos palmeirenses. Afinal, naquela data o alviverde acabou com o jejum de títulos que durava desde 1976. E com sabor muito especial: vitória sobre o grande rival Corinthians, na final, por 4 a 0 (3 a 0 no tempo normal e um a zero na prorrogação). Evair marcou o último gol da partida. Mas essa não é a única partida inesquecível para Evair com a camisa do time do Palestra Itália.
"Acho que a minha melhor partida pelo Palmeiras foi contra o Boca Juniors. Vencemos por 6 a 1. Gosto de mostrar para o meu filho. Dei um passe de calcanhar para o Roberto Carlos e fiz gols", conta Evair. O goleada sobre os argentinos aconteceu no dia 9 de março de 1994, no Parque Antártica, e era válida pela Libertadores da América. Os gols do time casa foram marcados por Evair (2), Cléber, Roberto Carlos, Edílson e Jean Carlo. Martinez descontou para o Boca.
Em 2011, foi assistente técnico de Sérgio Guedes no Americana, time que disputava a Série B do Campeonato Brasileiro. Após ótima campanha, mantendo o time durante toda competição entre os quatro melhores, a comissão foi dispensada pela diretoria do clube.
O Uol publicou no dia 3 de abril e 2014 uma matéria com o Evair, confira:
Evair relata ameaça de prisão, cusparada e tudo o que cercou sua demissão
Danilo Lavieri
Do UOL, em São Paulo
Evair, ídolo palmeirense, está revoltado com o futebol do Piauí. Demitido após sua primeira derrota no Campeonato Estadual, o ex-atacante deixou o River com o sentimento de frustração e de impotência por não poder fazer nada para concretizar seus planos.
Pior do que isso, o ex-atleta afirma que chegou a ouvir ameaça de ser preso. Em entrevista ao UOL Esporte, ele explicou os detalhes da confusão que marcaram a sua demissão após a derrota do River por 2 a 1 diante do Parnahyba, pela primeira rodada do 2º turno, na última semana. Na primeira etapa do campeonato, o time ficou fora das semifinais pelo excesso de empate. Em sete jogos, foram cinco igualdades e apenas dois triunfos.
Apesar de todas as decepções e de chegar a se ver em uma situação de várzea, o artilheiro afirmou que seguirá firme no seu plano de continuar trabalhando como treinador de futebol.
Confira a entrevista de Evair ao UOL Esporte:
UOL Esporte: Pudemos acompanhar pela imprensa do Piauí que você foi demitido depois de fazer gesto obsceno para a torcida e de armar uma confusão em campo. Qual a sua versão para o caso?
Evair: O gesto foi obsceno sim, mas não foi para a torcida. Eu fiz para o quarto árbitro. Todo meu xingamento foi direcionado à arbitragem. Nada contra a torcida. Aliás, foi um erro meu, eu não poderia ter feito esses gestos. A pessoa que menos tinha culpa era o juiz. Eu me arrependo. Na verdade, você deve ter mais ou menos visto e imaginado o que eu falei. Eu falei que ele deveria ser mais homem para poder apitar.
UOL Esporte: Mas você saiu brigado com o presidente ou com a diretoria?
Evair: Isso não teve nada, ele (presidente) foi sensacional comigo. Eles não me deram o apoio que eu precisava logo após o jogo. Não tinha nenhum diretor do River na hora do incidente. Porque cuspiram em mim antes da partida e cuspiram depois. Foi aí que aconteceu a confusão. Eu fui falar para o delegado da partida, que, aliás, já foi treinador do River... Você vê a minha situação. Ele foi treinador do River tempos atrás, cuspiram na gente e eles não fizeram nada. Nisso o policial tomou as dores e ele quis me prender.
UOL Esporte: Mas qual a alegação dele para te prender?
Evair: Ele falou que era para eu ficar no vestiário, se não eu ia ser preso. Eu poderia assistir à partida (da arquibancada). Mas o abuso da autoridade foi tanto que eu tive que ficar dentro do vestiário, sem poder sair. E depois vi o cara dando entrevista dizendo que eu causei tudo aquilo. A pessoa está lá para evitar a violência e quem estava mais querendo violência era ele. Agora, ele saiu como vítima. Infelizmente tive que passar por essa na vida e não pude responder. Gostaria de ter dado a entrevista lá. Gostaria de ter ido na delegacia dar queixa, mas não tinha ninguém da diretoria para ir comigo. Esses caras têm de prender ladrão. Aí acabaram me demitindo. A arbitragem lá é muito ruim e o que causou tudo isso foi a arbitragem. A Federação do Piauí não faz nada para evitar isso.
UOL Esporte: O que aconteceu exatamente com a arbitragem?
Evair: A arbitragem é muito ruim. No jogo anterior, eu já tinha sido expulso. Porque ele deu pênalti e voltou atrás e ninguém falou nada. A imprensa lá tem medo de falar as coisas, falar a verdade contra a federação. Chega uma hora que você reage. Imagina tomar cusparada na cara? Depois do jogo eu resolvi reagir. Queria ter 30 segundos com quem estava cuspindo em mim. Mas acho que seria pior, eu seria preso.
UOL Esporte: Os relatos que você passa parecem algo de futebol de várzea...
Evair: O delegado que foi treinador do River não fazia nada. A gente falava com ele e nada acontecia. Eu agradeço a Deus de não ter sido preso. Me colocaram no vestiário com ameaça de ser preso. Se saísse, seria preso. Ele falava que eu estava agitando a massa. Depois do jogo, vi o policial batendo a mão com os jogadores, sabe, batendo a mão no alto, comemorando? Hoje a gente dá risada, mas na hora...
UOL Esporte: Você já rodou muito pelo Brasil como jogador. Esse é o pior lugar que você já viu para jogar futebol?
Evair: Não sei se é o pior. Mas agora eu sei o motivo de eles estarem onde estão. Se eles estão nesta maneira, não é por acaso. Na final do primeiro turno, teve um jogador que saiu e só faltou tomar pedrada. E a Federação do Piauí não fez nada. Mas a CBF fez. Na Copa do Brasil o campo está interditado. Nunca vi um campo tão ruim. Por isso que o Piauí está nesta situação no futebol brasileiro. O único time que tem condição de representar o Piaui é o River. Meu objetivo era trazer o River para a série C ou B do Brasileiro. Eu queria ter ficado dois anos lá.
UOL Esporte: Você se arrepende de ter ido para o Piauí?
Evair: Não me arrependo. Eu conheci pessoas maravilhosas. O presidente do River é uma excelente pessoa e tem projetos muito bons para o River. O que atrapalha é a Federação. É tudo contra o River. Ou eu tomo cusparada, enfio o rabo debaixo das pernas e vou embora ou reajo. Infelizmente tive que tomar essa atitude.
UOL Esporte: E o que você quer para o futuro?
Evair: Quero ser treinador. É um projeto de vida. Se for possível, se tiver oportunidade, a gente vai, sim, trabalhar com isso.
Abaixo, Evair fazendo um golaço de falta no jogo de Masters do Palmeiras, em 09 de julho de 2010, na despedida do Palestra Itália, antes do início da reforma do estádio:
Novamente o grande gol de Evair, em outro ângulo, registrado pelo jornalista Marcus Vinicius Dias Magalhães, que acompanhou a partida da arquibancada do Palestra Itália, no dia 09 de julho de 2010.
Confira um vídeo de Evair ao lado dos ex-jogadores Marcos e Edmundo:
No player abaixo, ouça Zinho e Evair no "Domingo Esportivo", da Rádio Bandeirantes, no dia 21 de janeiro de 2018:
No dia 27 de maio de 2018 Evair participou do Domingo Esportivo Bandeirantes ao lado do ex-volante Mazinho:
Abaixo, ouça a participação de Evair no Domingo Esportivo Bandeirantes do dia 7 de fevereiro de 2021:
No dia 21 de julho de 2021, Evair Aparecido Paulino, o Evair (ex-centroavante do Palmeiras, Guarani, Vasco, Lusa e Coritiba), participou do programa Concentração da Rádio Bandeirantes, antes do jogo do Palmeiras contra a Universidad Católica pela Libertadores:
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