Antenor Machado Filho, o Antenor, nasceu em uma família de atleticanos fanáticos e não à toa iniciou a carreira nas categorias de base do Galo.
Lateral de origem, Antenor foi promovido ao time profissional atleticano, em 70, pelo técnico Barbatana.
"O Barbatana e o Minelli foram treinadores maravilhosos que apareceram na minha vida", lembra o ex-lateral, que hoje trabalha na Secretaria Municipal de Esportes de Belo Horizonte (MG). "O meu trabalho é com crianças carentes. Este foi um projeto idealizado pelo João Leite (ex-goleiro do Atlético) que visa tirar a meninada das drogas. Gosto muito de poder ajudar", diz Antenor, que é casado com Maria de Lourdes, é pai de três filhas e mora em Contagem (MG).
O lateral chegou a fazer parte do elenco do Atlético Mineiro campeão mineiro de 71. "Eu, o Campos e outros jogadores estávamos subindo para o time de cima", lembra.
Em 1974, depois de um desentendimento com o técnico Telê Santana, Antenor deixou o Galo para defender o Nacional de Manaus (AM), que também levou outros atleticanos, entre eles Toninho Cerezo, Paulo Isidoro e o Ângelo. "Eu era muito garoto e tive um arranca rabo com o Telê. Acabei sendo negociado em definitivo com o Nacional. Os demais jogadores do Atlético, o Cerezo, o Angelo, o Paulo Isidoro, o Renato, foram por empréstimo", conta.
Depois de ficar dois anos jogando no futebol amazonense, Antenor ganhou outra oportunidade no futebol do sudeste. O São Paulo Futebol Clube o contratou para a disputa do Paulistão. "O Hélio Santos (massagista) me indicou para o Rubens Minelli (técnico). E eu acabei indo para o São Paulo", diz Antenor, que fez parte do time tricolor campeão brasileiro de 77.
O curioso é que Antenor teve a oportunidade de reencontrar seu ex-time na final daquele nacional, o que não agradou sua família. "A minha mãe, a Dona Anália, deu uma entrevista para a Rádio Itatiai, antes da partida, dizendo que gostaria que eu fosse o melhor jogador em campo na final, mas que o Atlético saísse com o título. Era uma atleticana fanática", comenta Antenor, que acabou sendo fundamental para a conquista são-paulina no Mineirão. O lateral converteu um dos pênaltis em João Leite na vitória do time paulista por 3 a 2 nas penalidades.
"Até hoje, muita gente brinca comigo por causa disso. Sou, às vezes, chamado de traidor. Mas eu tinha de ser profissional. O problema maior foi que os jogadores do Atlético bateram os pênaltis na arquibancada", brinca o ex-lateral, que não encontrou clima muito festivo em casa após a conquista do título brasileiro. "Eu fui para a minha casa e não tinha uma cervejinha para comemorar o título. O meu irmão (Rogério, ex-jogador do XV de Piracicaba) me disse que os bares estavam todos fechados, porque os donos ficaram revoltados com a derrota do Atlético. Mesmo assim, ele saiu para procurar um e trouxe uma caixa para que eu festejasse", diz o ex-zagueiro.
Em 79, ainda no São Paulo, Antenor começou a ter problemas no joelho. As lesões no ligamento cruzado o afastaram do futebol por alguns meses. "Fiquei com gesso uns 60 dias. Voltei e acabei indo para o Sport Recife, em 80."
No futebol pernambucano, Antenor manteve a fama de ser pé-quente. Pelo time da Ilha do Retiro ele conquistou o tricampeonato pernambucano (80,81 e 82). De lembrança triste no Sport, Antenor só tem a morte de seu amigo Carlos Alberto Barbosa. "Estava em campo, em 82, quando ele morreu. Foi uma partida contra o XV da Jaú. Ele (Carlos Alberto) tinha feito um golaço. Chegamos a combinar que iríamos comer uma pizza depois do jogo, mas infelizmente ele morreu", lamenta.
Depois do Sport, o lateral jogou pelo Atlético Goianiense e depois encerrou a carreira de jogador no Guarani de Divinópolis (MG). "Cheguei a ser treinador do Guarani, mas acabou não dando certo. Também fui técnico das categorias de base do Atlético, antes de começar o trabalho na Secretária Municipal de Esportes", conta.
No player abaixo, ouça a divertidíssima participação de Antenor no "Domingo Esportivo Bandeirantes" do dia 27 de outubro de 2020: