Ele não foi craque, mas tem um currículo invejável. Jogou em grandes clubes do Brasil e até do exterior, já que vestiu a camisa do Real Madrid, em 1993.
Mesmo sem ser técnico, mas sempre muito voluntarioso, Claudemir Vitor Marques, o Vitor, ex-lateral-direito do São Paulo, Corinthians, Cruzeiro e Vasco nos anos 90, foi um dos jogadores que mais títulos conquistaram na história do futebol brasileiro. Atualmente, Vitor trabalha em um projeto social voltado a crianças carentes em Artur Nogueira-SP.
Nascido em Mogi Guaçú-SP, o ex-camisa 2 viveu uma infância pobre ao lado dos seis irmãos. Trabalhou na roça colhendo algodão e batata. Passou pelas categorias de base do Guarani e da Ponte Preta antes de chegar ainda aroto ao São Paulo, clube do coração.
Jogador rápido e de muita força física, Vitor chegou a ser comparado ao lendário Zé Mária, ex-lateral-direito de Portuguesa e Corinthians nos anos 70 e 80.
Sua melhor fase no futebol foi sob o comando do técnico Telê Santana, no Tricolor. Marcou três gols com a camisa são-paulina, um deles no primeiro jogo da final da Libertadores da América de 93, no Morumbi, contra o Universidad Católica, do Chile. Ele era tão útil na lateral que Cafu, sua grande inspiração, teve de ser deslocado para a meia.
Aliás, Vitor é o único jogador brasileiro a conquistar quatro títulos da Libertadores: 92 e 93 pelo São Paulo, 97 pelo Cruzeiro e 98 pelo Vasco da Gama. Além dos títulos sul-americanos, ele levantou, entre outras taças, o Mundial Interclubes do Japão, com o São Paulo, em 92, os Paulistas de 91 (São Paulo) e 95 (Corinthians), as Copas do Brasil de 95 (Corinthians) e 96 (Cruzeiro) e os Mineiros de 96 e 97 (Cruzeiro).
Em 28 de julho de 2009 recebemos o e-mail de Carlos Batista, diretor de esporte da Rádio e TV Band de Campinas:
"Nenhum jogador brasileiro ganhou mais títulos da Libertadores do que o lateral direito Vitor. Quatro vezes campeão da Libertadores (92, 93 -97, 98), bi da Copa do Brasil (95 e 96), bi Paulista (91 e 95) e, vencedor do Mundial de clubes pelo São Paulo em 92. Mas o começo foi difícil. Vitor fez nove peneiras até ser aprovado e, depois tinha que conciliar os treinos na Ponte Preta com o trabalho duro na roça, numa fazenda de algodão para arrumar o dinheiro para pagar a passagem até Campinas. Como precisava ajudar no orçamento da família, o lateral treinava só duas vezes por semana. Nos outros cinco dias, ficava livre da viagem de 1h30m de ônibus. Apesar de ter sido revelado pelo Tricolor, Vitor passou pelas categorias de base da Ponte Preta e do Guarani. O ex-camisa dois do São Paulo, jogou também pelo Corinthians, Cruzeiro, Vasco, Botafogo e, teve uma passagem de seis meses no Real Madrid em 93 emprestado pelo são Paulo.
Aposentado:
Aposentado desde meados de 2008 quando jogou a Segunda Divisão paulista pela Inter de Limeira, Vitor atualmente é diretor de futebol do Guaçuano, time da sua terra natal que disputa a quarta divisão paulista. Além disso, o ex-jogador disputa partidas amistosas pela seleção brasileira de masters ao lado de Careca, Ronaldão entre outros. O ex-lateral-direito, pai de dois filhos ( Patrick, de 12 e Pamela de 9 ) passou por duas cirurgias no joelho esquerdo (uma delas de reconstrução da cartilagem).Em mais de 15 anos de carreira, Vitor só lamenta o fato de ter disputado a final do Mundial de Clubes pelo Vasco em 98 contra o Real Madrid, com dores no joelho esquerdo. E por isso acredita que não rendeu o esperado num dos jogos mais importantes da história do Clube da Colina". Carlos Batista
Com a camisa corintiana, Vitor realizou 50 jogos e marcou três gols, um deles contra a Portuguesa de Desportos pelo Paulistão de 95. Não conseguiu se firmar como titular no Corinthians, que tinha o versátil André Santos, uma grande promessa alvinegra na época. Apesar de tantos títulos importantes conquistados, Vitor vive hoje com dificuldades financeiras. Perdeu muito dinheiro ao longo da carreira e depois de jogar pelo modesto Osasco (SP) foi tentar a sorte em times do Nordeste. Em 2005, voltou para a capital paulista contratado pelo Juventus para compor o elenco do time da Mooca na disputa do Paulistão 2006. Ele até participou de um jogo-treino entre o "Moleque Travesso" e o São Paulo, seu ex-clube, no dia 09 de novembro de 2005, como parte da preparação do Tricolor para a disputa do Campeonato Mundial. O ex-lateral atuou poucos minutos e não evitou a derrota de 2 a 1 do Juventus para o São Paulo. Pelo menos, conseguiu matar a saudades do clube em que mais se destacou. Após sua passagem pelo Juventus, Vitor acertou com a Inter de Limeira (SP) para a disputa do Paulistão da Série B em 2007. "Ainda preciso garantir uma boa condição financeira para minha família. Além disso eu ainda amo jogar futebol. Mas após minha passagem pela Inter, encerro definitivamente minha carreira", garantiu à época o lateral. Dito e feito.
CLUBES QUE VITOR DEFENDEU
São Paulo (90 a 92), Real Madrid (93), São Paulo(94), Corinthians (95), Cruzeiro (96 A 97), Vasco (98), Cruzeiro (99), Botafogo (2000), Osasco (2002 a 2003), Juventus (2005) e Inter de Limeira.
FRUSTRAÇÃO
O pior momento da carreira foi vivido na final do Mundial de 98, contra o Real Madrid, no Japão. Ele falhou no gol de Raul, que deu a vitória por 2 a 1 ao time espanhol contra o Vasco. "Joguei com dores no joelho e rendi abaixo do esperado", lamenta.
No dia 19 de janeiro de 2020, Vitor participou do Domingo Esportivo Bandeirantes. Confira a íntegra da entrevista:
Abaixo, ouça a participação de Vitor no "Domingo Esportivo Bandeirantes" do dia 22 de novembro de 2020:
Vitor fez 143 partidas com a camisa são-paulina. Foram 74 vitórias, 39 empates, 30 derrotas e três gols (números do "Almanaque do São Paulo - Alexandre da Costa).
O lateral-direito esteve emprestado ao Corinthians em 1995. Pelo alvinegro, Vitor jogou 50 vezes. Foram 24 vitórias, 15 empates, 11 derrotas e dois gols (números do "Almanaque do Corinthians - Celso Unzelte).