Vida Amélia Guedes Alves, uma das mais respeitadas atrizes brasileiras de todos os tempos, morreu no dia 3 de janeiro de 2017, aos 88 anos, em São Paulo, vítima de falência de múltiplos órgãos.

Nascida em Itanhandu-MG em 15 de abril de 1928, Vida Alves se mudou para São Paulo na década de 1930, onde, ainda muito nova, começou a trabalhar em rádios. Mais tarde, foi contratada pela TV Tupi.

Em 1951, entrou para a história da televisão brasileira ao protagonizar, com o ator Wálter Forster, o primeiro beijo em uma telenovela, em “Sua Vida Me Pertence”, na Tupi. Como, naquela época, as telenovelas eram transmitidas ao vivo e o fotógrafo da emissora se recusou a registrar a cena, não há imagens do feito.

Vida Alves também protagonizou o primeiro beijo homossexual da TV brasileira. Foi em 1963, em “Calúnia”, também da Tupi. A atriz Geórgia Gomide foi quem contracenou com Vida.

Além de atuar, Vida Alves também escreveu peças, radionovelas, novelas e cinco livros.

Tornou-se, em 1995, membro da Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira e presidente do Museu da TV. O objetivo era preservar a memória dos pioneiros da televisão brasileira.

Vida Alves deixou dois filhos, três netos e três bisnetas.

No dia 6 de janeiro de 2017, o jornal Folha de S. Paulo publicou o obituário de Vida Alves

Mortes: Uma vida de dedicação à televisão brasileira

KELLY MANTOVANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A história de Vida Alves é marcada pelo pioneirismo, desde os primeiros beijos na televisão brasileira à criação do Museu da TV.

Nascida em Itanhandu, Minas Gerais, era filha de costureira, pai engenheiro e poeta modernista, que deu nomes pitorescos aos cinco filhos –Heitor Homem, Helle, Poema, Ritmo, e Vida. Deles, apenas a jornalista Helle, 90, vive.

Na década de 1930, após a morte do pai e dificuldades financeiras, vieram a São Paulo. Começou a trabalhar ainda na adolescência.

Teve o início da carreira no rádio, mas foi na televisão que ganhou destaque, deu o primeiro beijo na TV em Walter Foster em "Sua Vida Me Pertence", da TV Tupi, em 1951. Anos mais tarde, em 1963, na mesma emissora, deu o primeiro beijo gay em Geórgia Gomide, em "Calúnia".

Formada em direito pela USP (Universidade de São Paulo), não chegou a exercer a profissão. A paixão pelas artes falou mais alto. Além de atuar, também escreveu diversas peças, radionovelas, novelas e cinco livros.

Mãe dedicada e exigente, cobrava dos filhos sempre bom desempenho na escola. Em caso de recuperação, tinham que passar as férias de verão dentro do quarto, estudando.

Tinha uma personalidade forte, marcada pela persistência. "Ela sempre foi teimosa. Quando queria, não desistia. Mas, no final, sempre nos provava que dava certo", diz a filha Thaís, 63.

Em 1980, com Thaís, deu aulas de treinamento em comunicação para artistas e público em geral. Na época, a ideia do Museu começava, ganhando corpo em 1993, quando reuniu um grupo amigos para dar início ao projeto que se concretizou em 1995, em sua casa, no Sumaré (zona oeste de São Paulo). Com um acervo que preserva a memória da televisão brasileira, o museu atrai dezenas de apaixonados pela comunicação.

Calorosa, Vida gostava de conversar com os visitantes por horas a fio, fazendo-os sentir em casa. Em agosto do ano passado, ela chamou a filha, que a ajudou no projeto por dez anos, para a direção.

Thaís vai manter o legado da mãe, que tinha como sonho fazer do projeto uma extensão para recém-formados em comunicação, com palestras, workshops e cursos.

Internada por uma semana, morreu na terça-feira (3) de falência de múltiplos órgãos. Deixa os filhos Thaís e Heitor, três netos, dentre os quais a cantora Tiê, e três bisnetas.

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