ABAIXO, TEXTO DE MILTON PARRON EM HOMENAGEM AO AMIGO SALOMÃO ÉSPER, NO DIA EM QUE ESTE COMPLETOU 91 ANOS
Pieguice não é muito a minha praia, mas é um desafio abordar o assunto a seguir sem o risco de cair na “carolice”, expressão muito usada pelo gênio com o qual trabalhei durante 28 anos, Fernando Luis Vieira de Melo ... que pena que não absorvi um, décimo do que nos ensinou. Aos fatos: por volta de 1951 havia um programa de auditório, dominical, na rádio América, chamado Ondas de Espanha…
Artistas, a maioria amadores ou semi-profissionais, apresentavam-se em números de canto e dança, claro, espanholas. Meu pai, andaluz de Almeria e minha mãe filha de italiana de Toscana com espanhol de Málaga, não perdiam aquele programa. Não felizes em ouvi-lo, também compareciam religiosamente todos os domingos ao auditório da América o que me enfurecia, porque aos 9 anos de idade o que mais queria era assistir às matinês do cine Imperial, na rua da Moóca, pertinho da rua Terezina, na Vila Bertioga, onde residíamos.
Conhaque Palhinha patrocinava aquele programa que eu visceralmente abominava. Meu irmão William, três anos mais novo, mais cordato e menos “experiente”, procurava me acalmar. A verdade é que os animadores daquele programa, que não eram espanhóis nem descendentes, porém, tinham forte ligação com as tradições de Espanha uma vez que seus ancestrais haviam invadido e dominado vasta porção do território hispânico no passado – os mouros – eram de uma simpatia absurda com o público, e bonitões segundo minha mãe, para ciúmes e raiva de meu pai.
Os dois apresentadores eram irmãos e um deles, não o titular, é que despertou em meu pai o interesse pelo veículo rádio. Em seu filho mais velho, casualmente eu, projetou a ideia de ter na família alguém dedicado ao rádio. Em função de seu sonho e de sua obstinação, comi, ou melhor, comemos, eu e ele, o pão que o diabo amassou para conseguir um espaço no rádio quando já tinha 16 anos de idade, inicialmente na rádio Avaré, depois no plantão esportivo da Panamericana com os saudosos Narciso Vernizzi e Aluane Neto.
A Panamericana virou Jovem Pan e eu, por outro acaso do destino, deixei o jornalismo esportivo e pelas mãos de “seo” Tuta fui transferido para a reportagem geral. Em 1977, numa solenidade na Telefônica em São Paulo com a presença do ministro das Comunicações, Euclides Quandt de Oliveira, lá estava eu e comigo, fato raro, meu diretor Fernando Vieira de Melo. Por ele fui apresentado a dois diretores da rádio Bandeirantes, também presentes, Samir Razuk e aquele antigo apresentador do Ondas de Espanha. Falar de minha emoção, é desnecessário.
O filme de infância me veio à cabeça. Eu ali estava, profissional do rádio, por “culpa” dele. Curioso que ele me perguntou, diante do Fernando, “quando é que você vai libera-lo prá trabalhar com a gente na Bandeirantes”?
O tempo passou, em 1994, convidado por Alberto Luchetti Neto, que havia assumido o jornalismo da Bandeirantes, lá fui eu e as primeiras pessoas que procurei foram o Nascim Filho, nosso ídolo lá em Avaré. Ele havia se tornado uma referência na programação sertaneja em São Paulo. O outro foi esse amigo de quem lhes falo, que deu norte à minha carreira quando ainda criança, apresentando pasodobles, bulerias e danças flamencas que eu tanto odiava.
Hoje, 26 de outubro de 2020, ele está completando 91 aninhos de vida. Que Deus te dê muitos anos mais, sempre com essa lucidez e essa mania incorrigível de ser útil à todos que o cercam, independentemente das posições sociais e dos cargos que ocupam. Você leva muito a sério, como todos deveriam fazer, o preceito de que todos nós somos irmãos em Cristo, e, como tal, devemos nos tratar, meu querido SALOMÃO ÉSPER.
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No dia 25 de setembro de 2022, o jornalista Salomão Ésper participou no "Domingo Esportivo" da Rádio Bandeirantes e falou sobre o dia nacional do Rádio:
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