por Milton Neves
Alencar Leônidas Bernardes da Silva, o "Seo Alencar", foi um grande esportista de Muzambinho-MG.
Antenado com o futuro, e além de seu tempo, já nos anos 50 e 60 praticava ginástica olímpica, além de vôlei, futsal, futebol, natação e basquete.
Foi um atleta exemplar.
Mas terminou a vida em 12 de maio de 2008, praticamente sem movimentos nas mãos e pernas, outrora tão ágeis.
Ele foi vítima do imponderável, da má sorte, da selvageria e da maldade, involuntária ou não.
Em meio aos tradicionais "Jogos Azul x Vermelho" - espécie de Fla x Flu, GreNal, BaVi e Atletiba de Muzambinho -, houve uma briga generalizada entre as duas facções durante um jogo de basquete, em 1965.
Alencar estava no meio da confusão, tentando apaziguar e acabou caindo.
No chão, Alencar, do Azul, foi chutado na cabeça por Maurício Fazzi, torcedor e jogador do Vermelho e também já falecido, em Poços de Caldas-MG.
O chute foi tão forte que Alencar foi hospitalizado e temeu-se por sua morte.
Mas, forte e esportista que era, suportou a princípio a contusão cerebral, mas ficaram sequelas.
Alencar Bernardes nunca mais foi o mesmo atleta e mês a mês, ano a ano, foi perdendo seus movimentos nas pernas e mãos.
Perdoou seu agressor, nunca reclamou de sua sorte, jamais tirou o sorriso dos lábios e passou a cuidar de uma loja de móveis na Avenida Dr. Américo Luz, centro de Muzambinho.
Dali, ouvia a rádio Continental da cidade e, um dia, lá por 68 ou 69, chamou a mim, Milton Neves, quando eu passava defronte à sua loja e deu-me um conselho o qual jamais esquecerei:
"Miltinho, pare de impostar a voz quando você lê o Estadão no ar, na hora do noticiário. Sua voz normal é muito boa, não precisa impostar, porque no final do jornal, quando você já está cansado, sua voz natural sobressai", afirmou.
Disso jamais esquecerei, viu "Seo Alencar"?
Muito obrigado e viva sua família que tanto orgulho tem de você.
São eles: a esposa Regina Helena, os filhos Marcos, Paulo Nilton e Rômulo e os pais Dona Anilda e João Eutímio "PTB" Bernardes.
Seus pais também são falecidos, assim como o irmão Renê.