O professor Willian Peres Lemos, conhecido como "O Goleiro Voador", foi considerado o "Yashin" de Minas Gerais.
Atualmente é o presidente da Fundação Educacional Muzambinho e da Escola Superior de Educação Física de Muzambinho. Formado em Belo Horizonte, na PUC, foi colega do técnico Carlos Alberto Silva.
Willian, natural de Ouro Fino (MG), é casado pela segunda vez. Dos dois filhos que teve do primeiro casamento, perdeu o caçula em um desastre de automóvel. O mais velho é Alexandre Zaghi Lemos, jornalista e publicitário, que em 2008 estava na revista Meio & Mensagem. Assim como o filho, Willian é grande profissional; tem desenvolvido um brilhante trabalho na área de educação física, colocando a escola de Muzambinho com uma das melhores do País.
Nos anos 60, Willian, canhoto, foi grande jogador de basquete e vôlei.
Em 17 de janeiro de 1960 participou de um jogo histórico, atuando no gol de uma seleção sul mineira que enfrentou o Olaria Atlético Clube do Rio, que concentrado em Poços de Caldas, vinha goleando seguidamente por mais de 10 gols em jogos amistosos os times de Alfenas, Poços, Botelhos, Guaxupé, Bandeira do Sul, Varginha, Machado e Campestre.
Na ocasião, o técnico Marcio Vieira Gomes, o "Delega", reuniu os melhores da região e garantiu que "de mim eles não ganham". Escalou-se, já veterano, "de camisa 11 recuado para marcar o artilheiro Jaburu" e disse: "o jogo será 10 contra e 10! Eu e o Jaburu não jogaremos, vou marcá-lo homem a homem", garantiu.
Resultado da peleja: Olaria 12 x 0 Muzambinho. Nove gols de Jaburu.
Três goleiros foram utilizados na partida: Willian Peres Lemos (o Yashin de Minas Gerais), Paulo Pingaiada e Inhaque. Este último era cego de um olho e tomou um gol antológico de Jaburu, de falta.
O jogador do Olaria chutou no canto em que Inhaque não enxergava, e quando a bola já estava no fundo da rede, ele ainda gesticulava tentando orientar a barreira.
Outro fato pitoresco daquela partida aconteceu quando Jaburu já somava oito gols e soltou um petardo incrível, para uma defesa mais incrível ainda de Paulo Pingaiada. O goleirão encaixou, sem dar rebote e desafiou o atacante carioca, rolando a bola em sua direção:
"Chuta de novo, vamos ver se agora você marca", disse Pingaiada. Jaburu, sem maiores dificuldades, anotou seu nono gol na partida e em seguida Paulo Pingaiada foi substituído por Inhaque, em uma dessas histórias maravilhosas, que o futebol não tem mais.
William Peres Lemos, Paulo Pingaiada e Inhaque, os goleiros da inesquecível partida em Muzambinho
Vale a pena mais um registro importante sobre Jaburu. O atacante também atuou pelo Fluminense, e estava em campo no dia em que Pelé fez o gol que é considerado até hoje o mais bonito de sua carreira, e que motivou o jornalista Joelmir Beting a confeccionar uma placa para o feito, que acabou tornando a expressão "Gol de Placa" uma voz corrente quando alguém se reporta a um gol maravilhoso.
A ficha do jogo entre Fluminense x Santos: Competição: Torneio Rio São Paulo Fluminense 1 x 3 Santos Data: 5 de março de 1961 Gols: Pelé (2), Pepe e Jaburu Local: Maracanã. Árbitro: Olten Ayres de Abreu. Renda: Cr$ 2.685.317,00 Santos: Laércio. Fiotti. Mauro. Calvet e Dalmo. Zito e Mengálvio (Nei). Dorval. Coutinho. Pelé e Pepe (Sormani). Fluminense: Castilho. Jair Marinho. Pinheiro. Clóvis (Paulo) e Altair. Edmilson e Paulinho. Telê Santana (Augusto). Valdo. Jaburu e Escurinho.