Nascido em Marselha, na França, em 5 de setembro de 1938, Michel Laurence faleceu aos 76 anos, em 25 de outubro de 2014, vítima de septicemia (infecção generalizada), após complicações decorrentes de uma cirurgia no braço. Ele estava internado no Hospital São Camilo, em São Paulo.
Laurence foi um dos maiores jornalistas brasileiros de todos os tempos.
Talentoso ao extremo, fez parte do timaço da revista "Placar" da década de 1970, verdadeira referência da época. Esteve também nos jornais "Última Hora", "Jornal do Brasil" e "Jornal da Tarde". Neste último, por sinal, ganhou um Prêmio Esso ao lado de José Maria de Aquino pela matéria intitulada "O Jogador é um Escravo".
Laurence também é foi um grande homem de televisão. Passou pelas maiores emissoras brasileiras como Globo, Bandeirantes, Record, Cultura e Manchete. Foi um dos idealizadores do programa "Grandes Momentos do Esporte", símbolo de qualidade da TV Cultura. Torcedor do Santos, o jornalista era casado e residia em São Paulo. Ele tinha um blog no IG. Um de seus filhos é Bruno Laurence, competente repórter da TV Globo.
Laurence foi um dos jornalistas que mais conheceu Pelé. Sobre o Rei, escreveu certa vez: - Nele os "truques" eram incontáveis e todos de uma genialidade difícil de narrar. A paradinha na cobrança de um pênalti; subir para cabecear com os cotovelos abertos e se protegendo dos adversários; a tabelinha com Coutinho e com as canelas dos marcadores; a matada de bola que ficava grudada no peito e lhe permitia girar para um lado ou o outro sem que os marcadores tivessem como lhe roubar a bola. E um sem número de outros "truques" talvez mais conhecidos.
A amizade entre os dois era tão sólida que no dia em que vestiu pela última vez a camisa do Santos, em 1974, Pelé concedeu uma entrevista exclusiva a Laurence. Ambos se encontraram casualmente no vestiário da Vila Belmiro na manhã daquele histórico jogo em que o Peixe venceu a Ponte Preta.
O atleta do século estava lá para buscar alguns pertences quando enxergou o jornalista. Bastaram alguns segundos para que o rei aceitasse subir a serra em direção à chácara Nicolau Moran, onde o Santos estava concentrado, no veículo do amigo Michel.
O relato dessa pequena viagem está imortalizado nas páginas da revista Placar e também neste site, onde a reproduzimos. A reportagem foi novamente publicada, em tamanho reduzido, em uma edição especial da revista comemorativa aos seus 35 anos, no ano de 2005.
Recebeu homenagem (in memorian) em 1º de dezembro de 2014, com o Troféu Ford ACEESP/Ely Coimbra, recebido por seu amigo José Maria de Aquino, em cerimônia realizada no Esporte Clube Sírio, zona sul da capital paulista.