O gaúcho Gilberto Pazzeto, que ficou nacionalmente conhecido como Gilberto Tim, foi um dos mais afamados preparadores físicos de futebol dos anos 70 e começo dos anos 80. Ele morreu no dia 13 de junho de 1999, em decorrência de Mal de Alzheimer, aos 56 anos de idade. Era natural de Porto Alegre, onde nasceu no dia 1º de setembro de 1942.
Trabalhou nas três conquistas nacionais do Internacional, em 1975 e 1976 com Rubens Minelli e em 1979 com Ênio Andrade. Foi o preparador físico da seleção brasileira nas Copas de 1982 e 1986, na Espanha e México, respectivamente, ambas no grupo treinado por Telê Santana.
Também foi preparador físico do Corinthians, Santos, Palmeirase Belenenses de Portugal. Teve uma passagem como treinador do Coritiba, em 1988, para depois voltar ao cargo anterior pelo Grêmio e pelo próprio Coritiba.
Sobre o grande Gilberto Tim, um dos melhores preparadores físicos do futebol brasileiro em todos os tempos, veja o belo texto de Andre Luiz Matias Miranda, leitor da seção "Que Fim Levou?" e escritor gaúcho:
"Na adolescência, Tim foi um lateral-esquerdo vigoroso, que abusava de carrinhos e não se intimidava com bolas divididas quando jogava por São José e Renner, equipes do interior gaúcho. Apesar da obstinação, percebeu que não prosperaria na carreira de jogador de futebol e a trocou pelas funções de preparador físico.
Na ocasião, Tim trocou de atividade convicto que não seria apenas mais um comandante de condicionamento físico de atletas.
Foi logo implantando uma metodologia de força e começou a formar, no Sul, os chamados "brucutus" para o futebol.
Essa filosofia rendeu sucesso para o professor Tim. Ao invés de exercícios para condicionar o atleta à velocidade e agilidade, priorizava os aparelhos para fortalecimento muscular. E quando os levava ao gramado, gostava de repetir os piques de 200m e 400m e projetava um grupo de jogadores com ótima resistência orgânica, para fazer o vaivém tão cobrado pelos treinadores.
Tim era um estudioso em sua área e procurava se esmerar na filosofia de resistência muscular. Evidente que essa metodologia não era de agrado geral dos atletas. Aqueles avessos ao trabalho duro sempre reclamavam. E Tim, um comandante autoritário, não tolerava "vagabundagem". Até socava às costas para "acordar" os preguiçosos.
O trabalho de Tim tinha reflexo direto nos jogos. Rubens Minelli, treinador do Inter (RS) durante longo período na década de 70, pôde capitalizar bastante do time por causa do bom condicionamento físico. E esse modelo passou a ser copiado pelos discípulos e o levou à Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo da Espanha, em 1982. Tim fez dobradinha com o técnico Telê Santana (já falecido) e ambos comandaram um dos melhores elencos já formado pela Seleção Brasileira, que, por capricho do futebol, acabou eliminado na fatídica partida contra a Itália, em tarde onde o atacante italiano Paolo Rossi estava endiabrado.
O ex-ponteiro Mauro, hoje treinador de futebol, foi atleta de Tim no Palmeiras, em 1987/88, e aprendeu a admirá-lo pela sinceridade. "Ele sabia se impor. Claro que nem todos aceitavam seus métodos. Lembro-me que o volante Lino, que tinha problemas no joelho, atritava com ele porque sentia a intensa carga de trabalho".
A rigor, várias correntes da preparação física também divergiam da metodologia empregada por Tim e com justificativas coerentes. Hoje, a preparação física obedece critérios essencialmente científicos. O atleta se submete a testes em esteiras e fisiológicos para se apurar seu biotipo e carências. A partir do diagnóstico, o preparador físico elabora uma preparação adequada, com a finalidade que absorva a carga de trabalho planificada e o tipo de exercício mais recomendável. Assim, é comum, hoje, atletas se submeterem a um trabalho individualizado. Tim sempre foi um profissional ambicioso e sonhava ser treinador de futebol. E a chance surgiu em 1988, no Coritiba, mas fracassou. Como tem "simancol", tratou, logo, de voltar para a sua praia, que é a preparação física. Nos últimos três anos da década de 90 lutou contra a doença e foi vencido. Por sinal, uma das raras derrotas, porém a mais dolorosa na vida.
A derrota de Tim
No dia 13 de junho de 1999, o futebol brasileiro perdeu um dos mais polêmicos preparadores físicos. Morreu em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Gilberto Tim, aos 54 anos de idade. Tim foi vitimado pelo Mal de Alzheimer".
PARTICIPAÇÃO EM NOVELA
Em um capítulo da novela "Vereda Tropical", exibida pela Globo entre 1984 e 1985, Nuno Leal Maia interpretou o treinador do ficcional time do Cantareira Futebol Clube. Em um capítulo ele levou seu craque (Luca, interpretado por Mário Gomes) à Vila Belmiro para um teste. Na ocasião, quem recebeu os dois foi Serginho Chulapa, então centroavante do Santos. No vídeo abaixo, também aparece o saudoso Gilberto Tim, que trabalhava como preparador físico do Peixe e e Rodolfo Rodriguez, o goleiro do Santos.