Ênio Andrade

Ex-meia e treinador
por Rogério Micheletti 
 
Consagrado como jogador e como técnico de futebol, Ênio Vargas de Andrade, o Ênio Andrade, morreu aos 66 nos no dia 22 de janeiro de 1997, em Porto Alegre (RS).
 
Ênio nasceu no dia 31 de janeiro de 1930, na capital gaúcha, e começou a carreira de jogador no São José (RS) em 1946.
 
Meia muito hábil, Ênio se transferiu em 1949 para o Sport Club Internacional (campeão gaúcho em 50 e 51). Ele ficou no Colorado até 1951, ano em que foi jogar na equipe do Renner.
 
Destacou-se também, no mesmo período, defendendo a camisa da seleção brasileira. Foi campeão pan-americano de 1956.
 
Deixou o Renner, onde foi campeão gaúcho em 1954, somente em 1958 para atuar no Palmeiras. Pelo clube do Palestra Itália, ele comemorou a conquista do Paulistão de 1959. Com a camisa alviverde foram 138 partidas (77 vitórias, 36 empates e 25 derrotas) e 35 gols.
 
Como treinador, Ênio teve destaque principalmente dirigindo equipes do sul do país. Em 1979 ele comandou o Internacional, campeão invicto do Campeonato Brasileiro.
 
Em 1981, desta vez pelo Grêmio, ele voltou a ser campeão brasileiro. Ênio comandou o time que tinha Leão, Paulo Roberto, Tarciso, Baltazar, entre outtros.Quatro anos depois aconteceu outra grande façanha de Ênio Andrade como técnico.
 
Ele comandou o Coritiba no Campeonato Brasileiro de 1985. O Coxa, que tinha Rafael Cammarota, Gomes (ex-Corinthians), o ponta Lela e o centroavante Índio bateu o Bangu, nos pênaltis, na grande final.
 
Em 1987, comandou o time do Internacional vice-campeão da Copa União. O Colorado, de Taffarel e Amarildo, perdeu na final para o Flamengo, de Bebeto e Renato Gaúcho. O técnico gaúcho também teve boas passagens pelo Cruzeiro, entre 1990 e 1994.
 
Ênio Andrade também chegou a dirigir o Palmeiras, o Sport Recife e o Corinthians, mas sem sucesso. Como técnico do Palmeiras foram 44 partidas em 1988: 15 vitórias, 17 empates e 12 derrotas. Como treinador do Corinthians foram 11 jogos (5 vitórias, 3 empates e 3 derrotas).
 
Idolatrado por treinadores de ponta
Ênio Andrade é um exemplo até hoje para grandes treinadores do nosso país. Um deles é Vanderlei Luxemburgo. "Depois do Zagallo, o Ênio Andrade foi o treinador que eu mais admirei. Nunca trabalhei com o Ênio, mas vi muitas vezes as equipes dele jogar. Era incrível como o seu time tinha um desenho tático com sua cara", comenta Luxemburgo.
 
Ainda sobre Ênio Andrade, o www.terceirotempo.com.br recebeu o seguinte e-mail de Edson Alvernaz, de 45 anos, cruzeirense de Caratinga (MG), no dia 6 de março de 2007:
O saudoso Ênio Andrade foi um técnico vitorioso no Cruzeiro: campeão mineiro de 1990, 1994 (invicto) e da Supercopa da Libertadores de 1991. Foi ténico de Ronaldo Fenômeno em 1994, quando ele foi artilheiro do Campeonato Mineiro com 22 gols e na estréia contra o Atlético fez três gols. Vale ressaltar: foi um técnico querido tanto dos dirigentes como jogadores do Cruzeiro e era tão correto que nunca foi demitido. Deixou sempre as portas abertas, sendo elogiado pelos dirigentes. Quando via as coisas não dando certo, ele pedia dispensa para o clube ter liberdade de encontrar soluções. É muito difícil encontrar técnico com um caráter deste tipo.
 
Panamericano de 1956
Ênio Andrade foi um dos destaques da Seleção Brasileira, formada por um combinado de jogadores gaúchos, que conquistou o título do campeonato panamericano de 1956, disputado no México. Aquele time revelou craques para o futebol "tupiniquim", como o goleiro Valdir Joaquim de Moraes, o zagueiro Oreco (campeão do Mundo em 1958), o meio-campista Ênio Andrade e o atacante Chinesinho entre outros.
 
A equipe verde-e-amarela teve como principal adversária na competição, a Argentina do técnico Guilhermo Stábile. Stábile, que como jogador fez muito sucesso, pois foi vice-campeão do mundo na Copa do Mundo de 1930, além de ter sido o artilheiro da competição. Como técnico, fez valer sua competência, pois dirigiu o selecionado portenho em oito campeonatos sul-americanos, tendo conquistado seis títulos. O grande destaque dos "hermanos? na competição foi o atacante Sivori, revelado pelo River Plate, que posteriormente foi para a Juventus de Turim e quase virou um "mito".
 
A Taça da conquista do campeonato Panamericano de 1956 não faz mais parte do acervo da Confederação Brasileira de Futebol. O troféu foi roubado junto com a taça Jules Rimet, segundo inquérito aberto pela polícia carioca, as "relíquias? foram derretidas.
 
Abaixo veja a campanha do Brasil no Campeonato Panamericano de futebol de 1956. Antes, repare que a equipe participou de um torneio qualificatório e obteve a vaga para o evento continental.
24/1/1956
Brasil 1x4 Chile
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: C. de Nicola (Paraguai)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro Oliveira e Alfredo Ramos; Zito e Julião; Maurinho (Nestor), Del Vecchio (Baltazar), Álvaro, Jair da Rosa Pinto e Canhoteiro.
Gol: Maurinho.
29/1/1956
Brasil 0x0 Paraguai
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: S. Bustamante (Chile)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Alfredo Ramos; Formiga e Roberto Belangero; Nestor, Álvaro, Del Vecchio (Baltazar), Jair da Rosa Pinto (Luizinho) e Maurinho.
1/2/1956
Brasil 2x1 Peru
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: W. Rodriguez (Uruguai)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Alfredo Ramos; Formiga e Roberto Belangero; Nestor (Maurinho), Álvaro (Zezinho), Baltazar, Luizinho e Canhoteiro.
Gols: Álvaro e Zezinho.
5/2/1956
Brasil 1x0 Argentina
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: W. Rodriguez (Uruguai)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Alfredo Ramos; Formiga e Roberto Belangero; Maurinho, Luizinho, Del Vecchio (Álvaro), Zezinho e Canhoteiro.
Gol: Luizinho.
10/2/1956
Brasil 0x0 Uruguai
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: J. Brozzi (Argentina)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Alfredo Ramos; Formiga e Roberto Belangero; Maurinho, Del Vecchio (Baltazar), Zezinho, Luizinho e Canhoteiro.
1/3/1956
Brasil 2x1 Chile
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Olímpico
Cidade: Cidade do México (México)
Árbitro: A. Rossi (Argentina)
Técnico: Teté
Brasil: Sérgio, Florindo e Duarte; Odorico, Oreco e Ênio Rodrigues; Luizinho RS, Bodinho, Larry (Juarez), Ênio Andrade e Raul.
Gols: Luizinho RS e Raul.
6/3/1956
Brasil 1x0 Peru
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Olímpico
Cidade: Cidade do México (México)
Árbitro: A. Rossi (Argentina)
Técnico: Teté
Brasil: Sérgio, Florindo e Duarte; Odorico, Oreco e Ênio Rodrigues (Figueiró); Luizinho RS, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Raul.
Gol: Larry.
8/3/1956
Brasil 2x1 México
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Olímpico
Cidade: Cidade do México (México)
Árbitro: C. Vicuña (Chile)
Técnico: Teté
Brasil: Sérgio, Florindo e Duarte; Odorico, Oreco e Figueiró; Luizinho RS, Bodinho, Larry (Juarez), Ênio Andrade e Raul (Chinesinho).
Gols: Bodinho e Bravo (contra).
13/3/1956
Brasil 7x1 Costa Rica
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Olímpico
Cidade: Cidade do México (México)
Árbitro: C. Vicuña (Chile)
Técnico: Teté
Brasil: Valdir, Florindo e Duarte; Odorico, Oreco e Ênio Rodrigues (Figueiró); Luizinho RS, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Chinesinho.
Gols: Bodinho, Chinesinho (3) e Larry (3).

Brasil 2 x 2 Argentina
Data: 18 de março de 1956
Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Universitário da Cidade do México
Público: 50.000 pagantes
Árbitro: Claudio Vicuña Larrain (Chile)
Gols: Chinesinho 25, José Yudica 36, Ênio Andrade 58 e Enrique Sivori
Brasil: Valdir (Renner); Florindo (Internacional), Figueró (Grêmio)- DUarte (Internacional),Odorico (Internacional) e Oreco (Internacional);Ênio Rodrigues (Grêmio), Ênio Andrade (Renner-RS);Luizinho (Internacional), Bodinho (Internacional), Larry (Internacional) e Chinesinho (Internacional)
Técnico: José Francisco Duarte Júnior, o "Teté".
Argentina: Antônio Dominguez; Luis Cardoso, Juan Filgueiras; Nicolas Daponte, Héctor Guidi, Natalio Sivo; Luis Pentrelli, Francisco Loiácono (Oscar Di Stéfano), Benito Cejas, Enrique Sivori e José Yudica. Técnico: Guilhermo Stábile.
 
Abaixo, veja vídeo espetacular de 1960, um dia antes de Palmeiras 2 x 1 Santos, pela decisão do Super Paulistão de 1959:

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Pelo Palmeiras:

Com a camisa alviverde foram 138 partidas (77 vitórias, 36 empates e 25 derrotas) e 35 gols.

Como técnico do Palmeiras foram 44 partidas em 1988: 15 vitórias, 17 empates e 12 derrotas. Como treinador do Corinthians foram 11 jogos (5 vitórias, 3 empates e 3 derrotas).

Fontes de consulta para números: "Almanaque do Palmeiras", de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti e "Almanaque do Corinthians", de Celso Unzelte, "1956, uma epopéia Gaúcha no México", de Eduardo Valls.

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