por Rogério Micheletti
Cláudio Adalberto Adão, o Cláudio Adão, ex-centroavante do Santos, Flamengo, Botafogo, Vasco, Fluminense, Portuguesa, Corinthians e outras várias equipes, foi auxiliar técnico de Lula Pereira e hoje trabalha como treinador.
Em 2008, dirigiu o Metropolitano de Blumenau (SC). Em 2009, o ex-atacante assumiu o Ferroviário de Cabo Agostinho, da segunda divisão cearense.
Nascido no dia 2 de julho de 1955, em Volta Redonda (RJ), Cláudio Adão começou a carreira de jogador no Santos, equipe que defendeu de 1972 a 1976. No Peixe, Cláudio Adão foi uma espécie de "estrela solitária", já que o time da Vila havia sofrido uma reformulação no elenco e sofria com a ausência de Pelé, que tinha ido para os Estados Unidos.
E essa estrela quase se apaga quando, em um Santos x América, em São José do Rio Preto, no Estádio Mário Alves de Mendonça, onde hoje há um Atacadão, Cláudio Adão se machucou. A contusão foi tão séria, que os jogadores formaram um círculo em volta dele (e do sangue que se espalhou). Nesse momento, o médico do time da Baixada, o Dr. Daló Salerno, viu a fratura exposta e falou algo parecido com um "ai, meu Deus, esse daí não joga nunca mais?. Como é que um médico fala um negócio desses? A situação foi realmente grave, Cláudio Adão fraturou a tíbia e o perônio, mas ele voltou a jogar pelo menos por mais 15 anos.
Depois de recuperado, Adão foi contratado pelo Flamengo em 77 e, apesar das contusões, fez boa dupla com Zico no time da Gávea. Artilheiro em praticamente todas equipes que defendeu, Cláudio Adão fez 591 gols em sua carreira, que foi encerrada na Desportiva (ES), em 1995.
Ele também defendeu as seguintes equipes: FK Austria (Áustria), Al Ain (Emirados Árabes), Benfica (Portugal), Bangu, Bahia, Cruzeiro, Portuguesa, Sport Boys (Peru), Campo Grande, Alianza (Peru), Ceará, Santa Cruz, Pesquero Chimbote (Peru), Volta Redonda e o Rio Branco (ES).
Adão nos times mais populares do país
O oportunista Cláudio Adão defendeu os dois times mais populares do Brasil: Flamengo e Corinthians. Com a camisa rubro-negra, no final dos anos 70, o centroavante fez 153 partidas (99 vitórias, 31 empates e 23 derrotas) e marcou 80 gols (fonte: Almanaque do Flamengo - Clóvis Martins e Roberto Assaf). Já pelo Corinthians, em 1989, Cláduio Adão jogou 32 vezes (16 vitórias, sete empates e nove derrotas) e marcou 13 gols (fonte: Almanaque do Corinthians - Celso Unzelte), destaque para um de calcanhar contra o arqui-rival Palmeiras no Campeonato Brasileiro daquele ano.
Abaixo, confira a entrevista com Cláudio Adão publicada pelo Portal UOL no dia 7 de abril de 2019:
Autor de 862 gols, Cláudio Adão diz que racismo impediu planos no futebol
Diego Salgado e Vanderlei Lima
Do UOL, em São Paulo
Por mais de duas décadas, Cláudio Adão mostrou faro de gols apurado e a capacidade de se adequar aos mais variados clubes. Autor de 862 gols na carreira e jogador de 27 times, o ex-centroavante disse em entrevista ao UOL Esporte que o racismo atrapalhou os planos de se tornar técnico de futebol.
A situação adversa foi escancarada ainda nos tempos de atleta, por meio do ex-jogador Didi, que encontrou, ele próprio, empecilhos no caminho. "Ele me dizia que seria complicado dar continuidade à carreira. Ele me falou que racismo estava atrapalhando os treinadores negros no futebol brasileiro", disse Cláudio Adão.
Bicampeão mundial com a seleção brasileira em 1958 e 1962, Didi pendurou as chuteiras em 1966 e iniciou a trajetória de treinador no futebol peruano. No Mundial de 1970, o ex-meio-campista dirigiu a seleção nacional daquele país. Somente dali a cinco anos, após passagens por River Plate-ARG e Fenerbahçe-TUR, ele teve uma chance de treinar uma equipe grande do Brasil, o Fluminense.
Cláudio Adão disse que só a partir de então passou a perceber que faltavam oportunidades aos treinadores negros. "A culpa está dentro dos clubes, que precisam ter essa consciência", frisou o jogador de 63 anos que vive hoje no Rio de Janeiro e teve breves trabalhos como treinador no Volta Redonda, em 2006, e no Mixto, de Cuiabá, em 2013.
Cigano da bola na carreira de 24 anos
Cláudio Adão é natural de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, mas começou a carreira no Santos, depois de, aos dez anos, participar de um campeonato na cidade durante as férias. Ele estava na casa de um primo. Aos 17, estreou no time profissional, ao lado de Pelé, já na sua última temporada na Vila Belmiro.
"Eu fiz bastante, mas ele fazia muito mais", respondeu sobre quem marcou mais gols. "Ele é o gênio, eu vivi com ele bons momentos na concentração, treinando com o Rei, jogando com ele. Não existe ninguém igual", disse o ex-centroavante, que foi chamado de "sucessor de Pelé" no começo da década de 1990.
Uma fratura grave na perna, porém, esfriou a ascensão de Cláudio Adão. Ele ficou dois anos parado e, em seguida, acertou com o Flamengo. Começava ali a peregrinação de um dos jogadores mais rodados do futebol brasileiro, incluindo todos os grandes do Rio, além de Corinthians, Cruzeiro, Bahia, Portuguesa, Bangu, Santa Cruz, Ceará e Benfica.
"Eu faria tudo de novo, não mudaria nada. Foi uma bela experiencia, tive sorte e fui artilheiro em todos eles. Isso é muito importante numa posição que é muito difícil", ressaltou Adão, que, segundo suas contas, ficou a apenas 138 gols do milésimo tento.
Faltou a seleção
Vinte e três anos depois de encerrar a carreira, Adão ainda sente um gosto amargo por nunca ter participado de uma Copa do Mundo. De acordo com sua avaliação, a maior chance era ter sido chamado por Cláudio Coutinho em 1978 ou Telê Santana em 1982.
Na primeira oportunidade, a lesão na perna atrapalhou os planos. Quatro anos depois, Cláudio Adão foi preterido por Serginho Chulapa e Roberto Dinamite.
"Sempre fica aquela mágoa. Eu sempre fui um artilheiro importante do Brasil. Tinha consciência disso tudo e não fui convocado para nenhum amistoso da seleção brasileira. Fui campeão pré-olímpico, pan-americano. Depois que eu quebrei a perna, os caras não me convocaram para nenhum jogo. É esquisito".
Um dos jogadores mais icônicos do futebol brasileiro agora acompanha os filhos no esporte. Camilla Adão é jogadora de vôlei no Rio de Janeiro. Já Felipe Adão é atleta do Bangu. Ele também é centroavante e, aos 33 anos, defende o time que busca uma vaga na final do Campeonato Carioca diante do Vasco no próximo domingo (7). "A dominada de bola no peito dele é muito parecida como a que eu fazia", disse o pai, orgulhoso.
Abaixo, confira a participação de Cláudio Adão no "Domingo Esportivo Bandeirantes" no dia 15 de setembro de 2019. Nela, Adão contou um detalhe assustador do dia em que quebrou a perna em um Santos x América-SP de 1976:
No dia 19 de janeiro de 2020, Cláudio Adão participou de entrevista concedida pelo cineasta Luiz Carlos Barreto ao Domingo Esportivo Bandeirantes. Confira a íntegra:
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