Hideraldo Luis Bellini, nosso primeiro capitão campeão do mundo, em 1958, nasceu em Itapira (SP), no dia 7 de junho de 1930 e morou os últimos de vida em São Paulo, capital, desde que chegou do Rio de Janeiro, do Vasco para o São Paulo, em 1962 até o dia de sua morte em 20 de março de 2014.
Durante o tempo em que esteve doente, Bellini foi diagnosticado com Mal de Alzheimer, mas um estudo feito em seu cérebro, após sua morte, o diagnóstico foi diferente, de Encefalopatia Traumática Crônica, popularmente conhecida como "Síndrome do pugilista".
O resultado da pesquisa feita no cérebro de Bellini foi apresentado no Congresso Internacional de Neuropatologia, em 16 de setembro de 2014, no Rio de Janeiro, pela médica patologista Lea Grinberg, professora da USP e da Universidade da Califórnia, em São Francisco.
Educado, fino, o grande Bellini não dava bola para os cartolas, principalmente para os da CBF. Nunca se sujeitou "às falsas homenagens que só são feitas aos ex-craques às portas dos mundiais", sempre enfatizou.
Sempre foi arredio, nosso inesquecível capitão de 58, fechou-se mais ainda após a morte do seu grande amigo Mauro Ramos de Oliveira, em 2002. Bellini viu em Mauro um irmão, nunca um rival da camisa 3 da seleção brasileira.
Ele disputou três Copas do Mundo: 58, 62 e 66. Jogou pelo Vasco de 1952 a 1963, pelo São Paulo de 63 a 68 e pelo Atlético Paranaense em 68, quando encerrou sua carreira.
No Vasco, Bellini ganhou o Super-Supercampeonato Carioca de 1958, naquele fantástico time cruzmaltino que tinha Miguel, Paulinho de Almeida, Orlando Peçanha, Coronel, Écio, Sabará, Pinga, Roberto Pinto, Vavá, dentre outros.
Gesto pioneiro
Bellini foi o primeiro atleta do mundo a levantar a taça sobre a cabeça. Fez escola no planeta. Hoje, qualquer garotinho, em torneio de escola, levanta a taça, gesto inventado pelo nosso capitão de 1958.
Entre os 47:
Bellini foi um dos 47 jogadores convocados, pelo técnico Vicente Feola, para o período de treinamentos que visava conquistar a Copa da Inglaterra e, consequentemente, o tricampeonato mundial de futebol. Infelizmente deu tudo errado.
Os 47 jogadores convocados, devido a forte pressão dos dirigentes dos clubes, para o período de treinamento em Serra Negra-SP e Caxambu-MG como preparação para a Copa de 66, na Inglaterra, foram: Fábio (São Paulo), Gylmar (Santos), Manga (Botafogo), Ubirajara Mota (Bangu) e Valdir (Palmeiras) (goleiros); Carlos Alberto Torres (Santos), Djalma Santos (Palmeiras), Fidélis (Bangu), Murilo (Flamengo), Édson Cegonha (Corinthians), Paulo Henrique (Flamengo) e Rildo (Botafogo) (laterais); Altair (Fluminense), Bellini (São Paulo), Brito (Vasco), Ditão (Flamengo), Djalma Dias (Palmeiras), Fontana (Vasco), Leônidas (América/RJ), Orlando Peçanha (Santos) e Roberto Dias (São Paulo) (zagueiros); Denílson (Fluminense), Dino Sani (Corinthians), Dudu (Palmeiras), Edu (Santos), Fefeu (São Paulo), Gérson (Botafogo), Lima (Santos), Oldair (Vasco) e Zito (Santos) (apoiadores); Alcindo (Grêmio), Amarildo (Milan), Célio (Vasco), Flávio (Corinthians), Garrincha (Corinthians), Ivair (Portuguesa de Desportos), Jair da Costa (Inter de Milão), Jairzinho (Botafogo), Nado (Náutico), Parada (Botafogo), Paraná (São Paulo), Paulo Borges (Bangu), Pelé (Santos), Servílio (Palmeiras), Rinaldo (Palmeiras), Silva (Flamengo) e Tostão (Cruzeiro) (atacantes).
Dos 47 convocados por Vicente Feola, para esse infeliz período de treinamentos, acabaram viajando para a Inglaterra os seguintes 22 "sobreviventes": Gilmar e Manga (goleiros); Djalma Santos, Fidélis, Paulo Henrique e Rildo (laterais); Bellini, Altair, Brito e Orlando Peçanha (zagueiros); Denílson, Lima, Gérson e Zito (apoiadores); Garrincha, Edu, Alcindo, Pelé, Jairzinho, Silva, Tostão e Paraná (atacantes).
Ainda sobre Bellini, leiam o e-mail recebido por Milton Neves, do vascaino Antonino Vasconcelos, no dia 22 de maio de 2005.
"Caro Milton Neves,
No seu programa de hoje você citou três jogadores antigos dos Vasco da Gama: Écio, Orlando e Coronel, e me fez lembrar de quando ainda morava na minha terra, Pratápolis-MG, eu era torcedor fanático do Vasco, pois o mineiro daquela época , além dos times de Minas, torcia muito p/ os times do Rio de Janeiro. E em 1958, após a conquista do título mundial, houve a disputa do Super-super campeonato carioca, e eu tinha 12 anos de idade e me lembro até hoje a escalação dos dois times: E a final do Super-super carioca, ficou com Vasco x Flamengo. E os dois times atuaram com: Vasco da Gama: Barbosa, Paulinho e Bellini; Écio , Orlando e Coronel; Sabará , Almir, Vavá , Rubens e Pinga. Flamengo: Fernando, Joubert e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel , Moacir, Henrique, Dida e Babá.
E o Vasco ganhou de 2x1, gols de Almir e Pinga p/ o Vasco.
Naquela época já gostava do Corinthians por causa do goleiro Gylmar. Em 1964, mudei para Franca-Sp para trabalhar e estudar e aí virei corintiano pra valer. Hoje é o meu time do coração. E ainda bem que meu coração é bom. Quis lhe transmitir esse fato, pela maneira como você tem tido com seus programas de televisão, quando neles ressalta os valores dos nossos jogadores já aposentados, mas que muito contribuíram para que nosso futebol seja o maior do mundo, até hoje. Fraternal abraço do Antonino Vasconcelos"
Com respeito à histórica decisão do Supersupercampeonato Carioca de 1958, o site Terceiro Tempo recebeu outro e-mail "contestando? o torcedor anterior. Leiam, por favor:
"Caro Milton Neves. Na sua página Que Fim Levou, onde você fala sobre o jogador Coronel, você destaca um e-mail muito gentil de um torcedor que esteve no Maracanã assistindo a partida do Supersupercampeonato Carioca entre Vasco e Flamengo. Porém alguns equívocos foram cometidos pelo nosso companheiro de torcida. O jogo foi 1 a 1.
O Vasco precisava de apenas um empate. Vasco - No lugar do Barbosa, jogou Miguel, o goleiro titular que vinha atuando era o Ita. - No lugar do Vavá, jogou Roberto. - Time todo: Miguel, Paulinho, Bellini, Écio, Orlando e Coronel; Sabará, Almir, Roberto, Rubens e Pinga. - Flamengo: - No lugar de Joel jogou Luis Carlos. Faço estas ressalvas apenas no intuito de exercitar a memória e criar uma polêmica saudável. Eu também estava no Maracá naquele dia. Quero aproveitar a oportunidade para cumprimenta-lo pelo ótimo site e a maravilhosa descontração do programa. Um abraço, Jorge Rodrigues da Silva". Melhores momentos da final da Copa de 1958, na Suécia
Atuou em 214 jogos, sendo 118 vitórias, 51 empates e 45 derrotas. Marcou 1 gol. Fonte: Almanaque do São Paulo Autor: Alexandre da Costa
Pela Seleção Brasileira:
Atuou em 57 jogos, sendo 42 vitórias, 11 empates e 4 derrotas.
Títulos:
Copa Roca (1957 e 1960), Taça Oswaldo Cruz ( 1958, 1961 e 1962), Copa do Mundo (1958 e 1962)m Taça Bernardo O´Higgins (1959) e Taça do Atlântico (1960).
Fonte: Seleção Brasileira - 90 Anos - 1914 a 2004 Autores: Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf Editora MAUAD