Wagner Bellini

Ex-locutor de Araraquara

Wagner José Bellini, o Wagner Bellini, grande locutor de Araraquara-SP desde os anos 60, morreu em sua cidade no dia 26 de agosto de 2009, aos 64 anos, vitimado por um câncer na garganta.
Veja abaixo o que foi publicado pelo jornal "O Imparcial? (www.jornaloimparcial.com.br), de Araraquara, sobre a morte do saudoso Wagner Bellini. O texto é de Célia Pires.
"Morre o locutor esportivo Wagner Bellini
Vitimado por um câncer na garganta, o locutor dizia que Deus não iria castigá-lo tirando seu instrumento de trabalho.
Calou-se, às 6h17 dessa quarta, na Santa Casa de Araraquara, a voz de um ícone do jornalismo esportivo: Wagner José Bellini, 64.
Vitimado por um câncer na garganta.
Santista roxo.
Tanto que seu maior orgulho foi ter tido a autorização do próprio Pelé para entrar nos vestiários depois de um Santos x AFE para entrevistá- lo.
Mas tinha na Ferroviária sua grande paixão.
O locutor esportivo passou pelo Diário, Tribuna Impressa, Radio Cultura até recentemente no Campeões da Bola e iniciou a carreira na Voz Araraquarense na década de 60.
O jornalista Ivan Roberto Peroni conta que teve o privilégio de ser um dos profissionais de imprensa que mais trabalhou ao lado de Wagner Bellini, o sempre querido "Ludovico?, que pegou nesse dia 26 de agosto uma outra estrada.
Para o jornalista, Wagner levou com ele uma parte do nosso jornalismo romântico escrito no antigo Diário Araraquarense, microfones da Rádio Voz e da Rádio Cultura de onde tiravam às sextas-feiras para lembranças e gargalhadas ao lado do amigo Zé Conde Sobrinho.
"Fomos inseparáveis nesses 43 anos de jornada. Sua voz haverá de permanecer nas lembranças de quem com ele conviveu fazendo a alegria e a emoção do rádio, hoje calado pela ausência do companheiro que se fez gigante na sua querida Cidade Alta, a Vila Xavier?.


Dedicado
Adilson Telarolli conta que praticamente começaram juntos.
"Em 60, o Wagner já estava trabalhando com a gente na Voz Araraquarense (atual Morada do Sol).
Daí não parou mais.
Um sujeito que não tinha hora para trabalhar.
Foi realmente muito dedicado à sua profissão. Sempre batalhou muito pela carreira e pelo jornalismo esportivo.
A jornalista Rita Motta conta que a irmã de Wagner, a radialista Zezé Bellini, há poucas semanas havia comentado que o irmão não estava nada bem.
"Ela está muito abalada pela perda do único irmão que era como se diz a raspa do tacho e o único homem entre várias irmãs. Era o Tatinho.?
O publicitário Garcia se recorda do dia em que Wagner Bellini lhe apresentou um disco de vinil da dupla João Mineiro e Marciano.
"Foi na antiga loja Brasileiras. Agora quando ouvir esta dupla virá com mais força uma agradável lembrança desse meu amigo?.
O ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, presidente do PT do estado de São Paulo, também manifestou pesar pela morte do locutor.
"Araraquara perdeu um grande profissional da comunicação e do esporte, mas, sobretudo, um grande cidadão. Um homem que deixará marcas na história do rádio araraquarense pelo seu forte comprometimento.?


Desde o dente de leite
O ex-jogador Careca, presente ao velório, disse várias vezes que uma bandeira do futebol de qualidade, uma pessoa muito querida por todos, não só em Araraquara, mas por toda região, no meio esportivo e, que, desde criança, ainda no dente de leite, já conhecia o locutor e tinha certa amizade não só com ele, mas também de sua família.
"Infelizmente ele nos deixou e vamos sentir muita saudade, pois era sempre uma pessoa de astral maravilhoso, sempre prestativo?.
Wagner Bellini que deixou 4 filhos: Wagner, Vanessa (ambos do primeiro casamento) e Emerson e Tiago, além de três netos, foi sepultado na tarde de ontem no Cemitério São Bento.
Na homenagem de despedida ao amigo e ex- companheiro de trabalho José Roberto Fernandes falou com o coração dizendo que não existia companheiro de trabalho como Vagner José Bellini.
"Um amigo fiel. Deus devia estar precisando de alguém para ficar de plantão. Vai em paz meu irmão.?


Aprendiz de feiticeiro
Na equipe esportiva Campeões da Bola, na Rádio Cultura, desde 2000, Carlos Chiocchini, 25, praticamente cresceu ouvindo Wagner Bellini e o conheceu aquele que viria a ser seu mestre ainda na Escolinha de Futebol.
Em 2003 era assessor de plantão do estúdio passando a assessorar diretamente o locutor.
"O Zé Roberto e o próprio Wagner foram me dando chance de começar a falar, de trabalhar com ele no estúdio. Wagner me ensinou bastante coisa, inclusive em relação a dicção. Ele foi um pai pra mim, principalmente por eu ter crescido com minha mãe e meus avós. Riamos. Chorávamos juntos. Sofria. Passamos muitas coisas boas. Enfim é uma perda cuja dor vai ser difícil passar.?
"O sonho de Wagner era conhecer a Arena, pronta ou em construção, mas não se sabe por qual motivo ele não conheceu. Era santista roxo, mas o maior amor da vida dele era a Ferroviária. Sofria se o time perdia. Era um grande profissional.
Pra ele não tinha dia nem horário. Sempre estava de disposto.?


Amor pra vida inteira
Casada há 35 anos com Wagner Bellini, Maria Helena, ficou até o último sopro de vida ao lado do locutor esportivo.
O casal teve dois filhos: Tiago, para quem o pai sempre foi uma pessoa muito tranquila.
"Quero guardar dele a personalidade de uma pessoa sempre forte?.
Emerson trilhou o mesmo caminho esportivo do pai.
"Trabalhei com ele durante sete anos. Aprendi tudo com meu pai. "Cresci dentro da redação de jornal. Depois trabalhar com ele foi um privilégio de tudo que o vi fazer e depois fazer igual?, conta ele que, juntamente com o amigo Felipe, está com a coluna, antes de responsabilidade de Bellini , a ?Olho Vivo?, nome dado em homenagem ao locutor.
"Ele descansou?, fala emocionado. Segundo a esposa Maria Helena, Wagner era uma pessoa muito boa, humilde demais. "As pessoas até chegavam a abusar dele pela humildade que tinha. Amava a profissão dele e bom companheiro. Excelente pai. Do jeito dele, mas ele amava, amava os filhos?.
Ela relata que por conta da profissão Wagner não foi um pai e marido presente, pois apesar de amar a família, a profissão, falar sobre esporte, era um sacerdócio para ele.
"E o problema dele foi justamente na fala, então ele não aceitou. O que levou Wagner à morte não foi a doença em si, mas a cabeça dele, pois não admitia que aquela voz linda que ele tinha se perdesse?, diz.
"Ele não se conformava. Ignorou o câncer. Dizia que se tivesse a doença daria fim à sua vida, pois esta era a sua voz e Deus não iria castigá-lo tirando seu instrumento de trabalho. Foram as últimas palavras dele. E ele se fechou e tinha tanta vergonha que nem em casa com a gente ele conversava. Ele entrou em depressão. Foi isso que levou o Wagner. Aquela voz maravilhosa do rádio.?
Num certo momento, durante o velório, uma fã de Wagner Bellini, chegou até Maria Helena, lhe entregou uma rosa e lhe disse que gostava muito de ouvir o programa esportivo, principalmente por causa de Wagner.
Ainda lhe disse que ela merecia aquela rosa, pois como dizia o ditado atrás de um grande homem? Só quem conhece Maria Helena sabe do grande amor dedicado ao locutor.
Um amor pra vida inteira!?

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