Depois de brilhar no Vasco - clube pelo qual foi revelado - entre os anos de 1992 e 1995, Valdir de Moraes Filho, o Valdir Bigode, encarou um novo desafio em sua carreira: defender o São Paulo, time que desde 93 vivia uma época mágica com Telê Santana, conquistando o bicampeonato da Libertadores e do Mundial Interclubes. O atacante, porém, chegou em 1996, ano em que a situação não era mais a mesma – o próprio Telê havia deixado o comando em janeiro.
A contratação do atacante gerou expectativa nos torcedores e, depois, algumas críticas. Não que Valdir não tenha deixado a sua marca (foram 30 gols em 63 jogos) no São Paulo, mas a mudança de cenário e a falta de títulos de expressão acabaram tornando a passagem do atacante menos marcante em relação ao que passou no Vasco, como relembra o próprio ex-jogador, hoje auxiliar de Jorginho no Vasco, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
"Não é que eu não tenha vingado. O São Paulo teve uma geração que ganhou muita coisa, 92/93/94, e a de 95 estava passando, estava acabando, e eu cheguei em 96. Quer dizer, por mais que eu quisesse, não chegaria próximo aos caras, eu teria que ganhar muitos títulos, coisa que não aconteceu, mas individualmente eu fiz 17 gols no Paulista", recorda.
"Eu tive um número de gols razoável, não foi tão ruim assim, pelo menos mais de 25 gols eu fiz. As pessoas esperavam que aquele time de 96 fosse conquistar muitas coisas, só que o time foi reformulado. Tinham bons jogadores, só que o time não se encaixou", acrescenta.
Inspiração em Bebeto
Dentro de campo, ninguém inspirou mais Valdir que Bebeto, atacante que assim como ele defendeu o Vasco, além de clubes como Flamengo e Deportivo La Coruña-ESP, sem falar na brilhante passagem que teve pela seleção brasileira, especialmente com o Mundial de 1994.
"Eu adorava o Bebeto. O Bebeto é um cara que tinha uma disciplina muito grande, era um jogador diferenciado, com toque rápido, de velocidade... Eu procurava sempre estar observando os passos dele. A gente procura um nome para seguir e ver, e buscando sempre em cima disso eu consegui chegar nesse sonho que era ser jogador profissional", diz.
E de tanto observar Bebeto, Valdir Bigode acabou até levando algumas características de seu ídolo para dentro de campo. "Cada um tem a sua característica, mas a gente procurou, sim, imitá-lo, procurou fazer o que ele fazia de melhor, comportamento... E se eu não consegui os 100%, eu consegui algo, tive o meu potencial também, da minha forma", analisa Valdir.
Já no fim da carreira, Valdir – que tinha apenas treinado com Bebeto logo nos primeiros anos de futebol, ainda no Vasco – teve a oportunidade de jogar ao lado do ídolo, no Botafogo.
"Foi bem legal mesmo. Eu falei com ele, já não era mais de garoto para ídolo, mas já de jogador para jogador, uma coisa mais tranquila: `Pô, Bebeto você era o cara que eu procurei ver jogar, procurava torcer´, individualmente falando, independente de ele estar num clube ou noutro, era nele... Concentrei com ele algumas vezes, foi bem legal, e ele um cara muito respeitador. Uma consideração muito grande até porque eu era mais jovem, e ele falava: `Pô, que é isso, cara, a gente é jogador agora, estamos juntos´. Eu falava: `sabe como é, você é o cara´, e o Bebeto: `não, agora nós estamos juntos´. Um papo bom, boa resenha, ele sempre um cara muito carinhoso, palavras muito mansas, muito tranquilas como sempre foi", recorda.
"Eu tive um número de gols razoável, não foi tão ruim assim, pelo menos mais de 25 gols eu fiz. As pessoas esperavam que aquele time de 96 fosse conquistar muitas coisas, só que o time foi reformulado. Tinham bons jogadores, só que o time não se encaixou", acrescenta.
Inspiração em Bebeto
Além de auxiliar de Jorginho, Valdir Bigode, junto com a família, administra seu `mini-CT´, localizado no Rio de Janeiro. O negócio é uma forma de, principalmente, ajudar a sua família.
"Tem um campo grande, quase oficial, e tem outros com grama sintética. Tem espaço para festa, estacionamento, um monte de coisa. Tem mais de 30 mil metros. Com uma pequena adaptação qualquer clube pode treinar lá. Aliás, é onde a minha família trabalha, eu fiz para que a minha família trabalhasse e tirasse o sustento deles dali", conta o ex-jogador.
"Inclusive nas minhas folgas eu estou sempre lá com eles. Tomo o meu refrigerante, jogo minha pelada... Quem toma conta lá é o meu irmão, não é uma coisa assim de difícil administração, as contas não são mirabolantes. Ele controla bem, é um cara esperto, trabalhador, e as coisas funcionam. Eu consigo sustentar a minha família de lá", acrescenta.
Vai seguir os passos de Jorginho?
Hoje auxiliar do técnico Jorginho no Vasco, Valdir não descarta seguir os passos do treinador e, em breve, retomar a carreira que já exerceu em clubes menores. Mas pretende fazer tudo com muita calma.
"Às vezes as pessoas têm um pouco de pressa. Ah, eu vou buscar. Eu sou um cara mais sossegado, fico na minha, vou devagarzinho. Trabalhei em alguns clubes pequenos como treinador, já trabalhei como auxiliar no profissional do América-RJ, trabalhei nos juniores do América-RJ, aí eu tive essa oportunidade de auxiliar e estou aprendendo. Quem sabe um dia pinta a oportunidade?", completa.
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Cuca, técnico do São Paulo, em clássico contra o Palmeiras pelo Brasileiro 2019. Foto: Marcello Zambrana/AGIF/Via UOLPelo São Paulo:
Valdir disputou 71 jogos pelo Tricolor Paulista, sendo que venceu 33, empatou 22 e perdeu 16 partidas. Segundo o livro "Almanaque do São Paulo", do autor Alexandre da Costa.
Pelo Santos:
Valdir Bigode participou de 23 partidas, venceu 12, empatou 7 e perdeu 4, marcando 5 gols com a camisa do Peixe. Informações de Guilherme Guarche, Coordenador do Centro de Memória e Estatística do Santos.
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