Assim surgiu o apelido "Magic Paula"
Por Juarez Araújo
O Campeonato Mundial de Basquete Feminino de 1982 foi disputado em julho de 1983. E a fase final foi jogado no ginásio do Ibirapuera, no mês de julho, na fria São Paulo. Existia uma enorme expectativa para duas jovens revelações do Brasil, na época, como agora, comandadas por Antônio Carlos Barbosa. Hortência, com 22 anos, e Paula, com 21 anos. As duas haviam sido lançadas quatro anos atrás, no Mundial da Coréia, onde o Brasil ficou em penúltimo, com 13 seleções participantes.
Já na estreia, na vitória contra a antiga Iugoslávia (74-60), Hortência arrebentou ao marcar nada menos que 40 pontos. Logo em seguida, virou Rainha (detalhes, que diga-se, não fui eu o autor, apenas alimentei, apresentaremos posteriormente).
O assunto agora é tirar qualquer dúvida de como surgiu o apelido "Magic Paula". Vamos contar os fatos de que como acabei chegando a essa magia. Na época do Mundial, trabalhava no jornal A Gazeta Esportiva e sempre tive uma admiração muito grande pelo basquete. Fiz questão de trabalhar na preparação das seleções e no campeonato, chegando ao ponto de perder o casamento da minha irmã caçula (Vera Lúcia) em Campo Grande-MS, onde nasci e tenho um baita orgulho de ser sul-mato-grossense. Fazia vários tipos de matérias, e acabei conhecendo o técnico da seleção peruana, o carioca Heleno Lima. Depois da partida da equipe dele, ele veio ficar do meu lado para acompanhar o segundo jogo do Brasil contra a poderosa Bulgária.
A dupla Hortência e Paula arrasou, as jogadas mágicas de Paula, fez ainda mais aumentar minha admiração pelo seu jogo. A menina de Osvaldo Cruz vestia com elegância a mística camisa número 8 e desfilava uma elegância incomparável. Aquilo tudo era maravilhoso e o ginásio do Ibirapuera lotado, aplaudia. "Heleno Lima, a Maria Paula me fez lembrar de Magic Johnson", disse ao se referir ao astro americano do Los Angeles Lakers que esteve em São Paulo, ainda como universitário, quatro anos antes, em amistoso contra a Seleção Brasileira, de Oscar e Cia. O técnico brasileiro, comentou. "Você achando o estilo de jogo dela parecido como Magic Johnson, então podemos ter uma Magic Paula", disse.
O jogo estava enrolado, duro e Paula, junto com Hortência, mais Paula nesse jogo, comandando às ações. O Brasil venceu apertado (81 a 78). Fui para a sala de imprensa e comecei a escrever o abre da matéria. Apressado, horário estourando, não saia o tal de abre. Ai veio a luz lá de cima, dando aquele toque: faz um abre em cima das jogadas da Paula. Não deu outra: "com show de Magic Paula, Brasil ganha a segunda partida no Ibirapuera". Os elogios vieram na hora da redação.
No outro dia, ao chegar no Ibirapuera, o experiente mestre Ney Craveiro, do Estadão, estava na porta do ginásio, se não falho a memória, portão 6, por onde entravam os jornalistas credenciados. Craveiro logo veio ao meu encontro, tipo para fazer aquele comentário que só um camarada gente fina, como ele era, poderia fazer: "cara que enfoque sensacional você deu na matéria com a Paula. O apelido caiu muito bem e muita gente da seleção, inclusive a Paula, gostou muito". Aquilo para mim foi o melhor que poderia acontecer na então curta carreira jornalística.
Daí para frente, Maria Paula ficou eternizada como Magic Paula. Tudo que fazia sobre a jogadora Maria Paula, passou ser Magic Paula. Não só na GE, mas também na revista Superbasquete (que lancei em 1987) e depois na Worldbasket (de 1995 a 2000). Depois do Mundial do Brasil, que acabou ficando em quinto lugar, estive em mais cinco Mundiais, todas trabalhando, sendo quatro com participações de Magic Paula: 86 - União Soviética (11o.); 1990 - Malásia (10o.); 1994 - Austrália (campeã mundial), 1998 - Alemanha (4o. lugar) e 2006 - São Paulo (4o. lugar). Paula só não jogou o Mundial de 2006, para minha tristeza e milhares e seguidores.
Assim foi como aconteceu. Até a próxima história na semana que vem.
De bandeja
O limeirense Deryk Ramos, agora jogando por Brasília, está a cada vez mostrando que poderá se tornar um dos melhores armadores do País. Digo armador porque não basta o armador fazer ponto, ele precisa armar sua equipe, fazer os pivôs e alas jogarem e, se precisar, decidir. Armador cestinha é o tipo do tipo no pé, porque o adversário sempre vai ter os principais jogadores sem faltas e o risco da derrota é maior. Personalidade é o que não falta ao menino. E curiosamente, vem dividindo a armação de Brasília com outro limeirense, Fúlvio.
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Nada menos que oito novos técnicos estão comandando grandes equipes do basquete brasileiro na Liga Nacional. O precursor foi Gustavo De Conti, no Paulistano. Na saída de João Marcelo Leite, assumiu e já vai para a quinta temporada; depois vieram, na sequência - César Guidetti, no Pinheiros; Cristiano Grama, no Minas Tênis; Léo Costa, no Macaé; Danilo Padovani, no Mogi; Dedé Barbosa, em Rio Claro; Rodrigo Barbosa, no Caxias do Sul, e Cristiano Ahmed, do São José. É uma geração talentosa que poderá ajudar e muito o basquete nacional, na formação de atletas e novas filosofias de trabalho. Na torcida.
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Liga de Clubes é para ser gerenciada por clubes; seleções de base e adulto, por entidades, confederações ou federações. Esse negócio de clube quer mandar em Seleção Brasileira é mais antigo que andar para frente. É um retrocesso tremendo. E ainda mais ainda se quiser se meter na parte financeira, como foram acusações feitas pela CBB. Falei e disse.
Obs - Feliz demais por estar aqui no Portal Terceiro Tempo, do incomparável Milton Neves, podendo escrever um pouco da minha experiência como jornalista. Adorei o convite e espero fazer o possivel para agradar os milhões de leitores que seguem os excelentes profissionais desse veículo. Toda semana (eventualmente duas) teremos coluna.
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