Por Chico SanTToEm 1948, o Comitê Olímpico Internacional se redimiu do erro cometido em 1936, em Berlim, quando entregou à Alemanha a organização dos Jogos Olímpicos, utilizados por Adolf Hitler como forma de promoção do nazismo. Bombardeada pelos germânicos durante a Segunda Guerra Mundial entre os anos de 1940 e 1941, a cidade de Londres estava arrasada física e economicamente. Mesmo assim, disputou com Baltimore, Los Angeles, Minneapolis, Filadélfia e Lausanne o direito de sediar os Jogos. Doze anos depois do torneio de Berlim, exatamente como ocorrera na Antuérpia, em 1920, em virtude das baixas belgas da Primeira Grande Guerra, a capital do Reino Unido foi escolhida para receber a 14ª edição do principal evento esportivo do planeta.
Nos bastidores, em luto, o Comitê Olímpico Internacional tentava se recompor de duas grandes baixas. A primeira delas com a morte, em 2 de setembro de 1937, de Pierre Coubertin, o Barão de Coubertin, criador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna e principal articulador da competição em Atenas, em 1896. O francês foi sepultado em Lausanne, na Suíça, mas teve o coração retirado do corpo e enterrado separadamente em um monumento perto das ruínas da antiga Olímpia.
Henri Baillet-Latour, sucessor do cartola e então presidente do COI, foi outro que teve o nome associado ao saudosismo de 1948. O aristocrata belga faleceu em 6 de janeiro de 1942 ao ser informado da morte do filho durante o combate da 2ª Guerra Mundial. Entre os atletas, o reflexo do genocídio também se fazia presente. Com o saldo de mais de 20 milhões de mortos, muitos dos esportistas que haviam participado de Berlim-1936, acabaram ? como soldados - vitimas do conflito bélico, tais como os campeões olímpicos Ferenc Csik (100 m livre e 4 x 200 livre) e os alemães Carl Long (salto em distância), Wilhelm Leichum (4 x 100 m), Rudolph Harbig (4 x 400 m) e Hans Woelke.
Mais uma vez, a realização das Olimpíadas estive ameaçada. Tanto que Sigfrid Edström, nomeado o número 1 da entidade após a morte de Coubertin, se viu praticamente sozinho ao convocar os membros de seu Comitê Executivo. Além dele, apenas o norte-americano Avery Brundage e o britânico Lord Aberdale compareceram.
Por outro lado, os ingleses abraçaram os Jogos. Para receber o torneio, a monarquia, mesmo com as dificuldades do pós-guerra, abriu os cofres para a reforma do Estádio de Wembley, tido como o palco principal da Olimpíada. Ao todo, 4104 atletas de 59 países participaram do torneio. Alemanha e Japão foram excluídas da lista em virtude do genocídio causado junto as tropas de Hitler. Como de costume, a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, se recusou a enviar seus atletas. Em contrapartida, coincidentemente, mesmo tendo participado da maior guerra mundial da história como "Força do Eixo?, a Itália do fascista Benito Mussolini disputou a competição.
Neste contexto, embalado pela vitória humana contra Alemanha, Japão e Itália, os Estados Unidos lideraram o ranking geral de medalhas com 84 conquistas ( 38 ouros, 27 pratas e 19 bronzes), seguido por Suécia com 44 (16 ouros, 11 pratas e 17 bronzes) e França 29 (10 ouros, 6 pratas e 13 bronzes).
O Brasil nos JogosVinte e oito anos depois de conquistar a primeira medalha olímpica na Pistola, durante a disputa dos Jogos de Verão da Antuérpia, com Guilherme Gabriel (ouro), Afrânio da Costa (prata) e o time de bronze formado por Milena Figueiredo, Mario Lisboa, Almeida Lucio, Luz Acesa e Sebastião Wolf, o Brasil voltou ao podium.
No basquete, Affonso, Alberto, Alexandre, Alfredo, João Francisco, Luís, Marcus Vinícius, Massinet, Nilton, Ruy e Algodão fizeram uma das mais brilhantes campanhas da seleção masculina. Foram 8 partidas disputadas com apenas uma derrota, na semifinal, para a França. Na disputa pelo 3º e 4º lugar, o Brasil venceu o México por 52 a 47.
Nas demais modalidades, a delegação nacional teve um desempenho pífio. Hélio da Silva, no salto triplo, com 14,49 m, foi o "melhor? do grupo, cravando o oitavo lugar da categoria.