Laudimiro

Ex-atacante de Muzambinho
por Milton Neves

Laudimiro, o Laudimiro Navarro, excelente ponta-esquerda de todos os times de Muzambinho nos anos 60, 70 e 80, morreu em São José do Rio Preto (SP) no dia 14 de fevereiro de 2008.
 
Filho de "Seo" Cirilo e de dona Bárbara, Laudimiro era apelidado de "Brinquinho" (porque tinha uma enorme verruga crescida no lado esquerdo frontal de seu pescoço). Seu irmão, Lucilio, também foi jogador em Muzambinho.

O atacante era brilhante também com sua canhota no futsal.

Nos campos também defendeu a Gramense, de São Sebastião da Grama-SP, terra do ex-goleiro Donah, do Palmeiras, já falecido, e a Sociedade Esportiva de Guaxupé-MG.

Funcionário da Caixa Econômica de São Paulo, deixou a esposa _natural de Caconde (SP), duas lindas filhas e dois filhos. Sua morte, só com 55 anos, deu-se em função de câncer provocado pelo cigarro. Nascido no dia 27 de agosto de 1952, em Muzambinho (MG), Laudimiro, que era fumante recorrente, foi sepultado em São José do Rio Preto.

Ele foi colega do jornalista Milton Neves por 19 anos no Jardim da Infância, curso de admissão, Grupo Escolar Cesário Coimbra e ginásio e colégio estadual Professor Salatiel de Almeida de Muzambinho. E os dois brigavam muito. Milton pelo Santos e Laudimiro pelo Corinthians. Ele era o caçula de uma família de... 12 irmãos!
 
Clique aqui e veja a página de Lucilio, irmão de Laudimiro, na seção "Que Fim Levou?".

Ainda sobre Laudimiro, no dia 1° de junho de 2008, recebemos o e-mail abaixo:
"Boa Tarde Sr. Milton Neves,
Meu nome é Maria Carolina, filha mais velha do Laudimiro Navarro. É com muita emoção que minha família e eu agradecemos a atenção e o carinho que o senhor teve com o nosso pai e marido.
Nosso pai sempre foi motivo de orgulho para todos nós e ainda continua nos proporcionando momentos maravilhosos e emocionantes, mesmo já tendo partido.
Mais uma vez muito obrigada por ter nos trazido lindas lembranças sobre o nosso querido pai!
Atenciosamente,
Maria Carolina Navarro"
CARTA AO AMIGO
"São Paulo, 02 de junho de 2008
Ei, Laudimiro, o que houve? O que você está fazendo aí no céu, tão cedo? Cara, você era muito chato, ranheta, mas eu era pior ainda, né? Também eu tinha Pelé e você o Pedrinho, Pedro Rodrigues, Marcial, Lula, Aladim... Ah, bons tempos, né? Tua mãe Bárbara falava para minha sogra, dona Nádi (ela me disse no último feriado, lá), que nós éramos como gato e rato, lembra? Então por que a gente não se desgrudava? E quem matou meus canarinhos, meus e do Esquilo, no fundo da horta da dona Alice? Foi você ou o Silas, aquela mala? Olha, Brinquinho, você brincou nessa de morrer, viu, cara? Não me lembro de você fumando... a gente não fumava, bebia... era só passarinho, pião, papagaio, "béti? (lembra?), natação no Chico Pedro, "100 metro? e no Departamento. E bola no seminário. Eu era muito ruim e você bom demais. Dava uma inveja... E nossos rádios? Eu com meu GE com uma bola de seletor e você com um Philips de teclonas parecidas com as do piano. Dos dois só saiam gols do Pelé, Coutinho, Mengálvio, Pepe, Dorval... E você xingava, reclamava e brigava comigo. Que culpa tinha eu? E aquele gol do Ademar Pantera no Heitor aos 47? do 2º tempo? O Lucílio xingou o Romualdo Arppi Filho de FDP! É que não tinha sido corner, disse o Haroldo Fernandes, da Rádio Tupi, equipe 1040. O Rinaldo cobrou e o Pantera meteu na rede.
Mas, e o cigarro? Foi o stress do mala do dia a dia de banco?
Ah, como gostei de ver ? pela 1ª vez ? seus 4 filhos aqui no site. Todos com olhos de gato!!! O véio Cirilo tinha genética forte, não é mesmo? Todos vocês têm olho de gato e suas filhas são bem gatas, parabéns. E o teu irmão Lucílio, também tem olho de gato! Era horroroso de centroavante do "Cumércio?, mas virou bom 4º zagueiro do Bandeirante do Pedro Viola e do Nilo Bortolotti, lá do bar Majestic. Ele jogava com o "Farcuci? e com o Candão. Esse se dopava, sabia? Tava sempre de zóio vermeio e, eu, moleque, escutava que ele tomava bolinha. Ou seja, já era o famoso doping. O Negão, jogador de fora, dava na medalhinha, mas turbinado. E o tanto que o Lucílio era chato na "vida?, na sinuca do Chico? Jogava só para se defender e no fim só ganhava.
Olha, Laudimiro, sábado, dia 31, fui a Cuiabá numa viagem maluca, pelo timing da ida e da volta combinado com o trabalho de microfone de domingo e escrevi esse texto no avião. Chorei, cara! De 71 a 2008 acho que te vi só duas vezes. Lá na esquina da tua casa com a do meu sogro Bibi e outra em Caconde. Te achei triste, sei lá, não era aquele Laudimiro confiante, decidido, muito chato, briguento, mas irredutível nas opiniões e muito craque com a bola na canhota. Olha, fosse hoje, "matava? um Dunga, Vanderlei Luxemburgo, Felipão, Abel, Muricy, Leão e Parreira, mas te colocava na marra num time grande. Você, o Corote, o Fominha, o Lado, o Vanderlei, o Bortola (antes da gordura), o Amir, o Tente e o Ivan Surdão. O Cavadeira punha só na hora de decisão de pênalti.
Laudimiro, Laudimiro, que pena... não tem mais o cinema do Hugo, o cinema da Irma, o sinuca do Chico, a sinuca do Nem, o campinho do seminário, rio para nadar, o vai-e-vem na avenida ou no passeio do colégio ? desde a Pernambucanas, né? -, lembra? Homem de um lado, mulher do outro. Ali tinha "oiada?, o flerte, o namoro, o noivado, o casamento, tudo iniciado no footing e sacramentado no cinema do Hugo. E só pegando na mão. "Aquilo? nem pensar, só depois do padre... autorizar. Lembra do Frei Rafael? Morreu atropelado na Holanda, na rodoviária da cidadezinha dele, no interior deles lá. Mudaram a mão de direção, ficou como na Inglaterra, olhou para o lado errado e morreu debaixo de um caminhão. Também... tinha ficado... 47 anos em Muzambinho!!! Ele era Botafogo e sempre dizia no sermão da missa das 10 que o governo não prestava e que ninguém podia morrer pagão. Como me lembro do Frei Rafael Zevenhoven...
É isso, cara, receba meu abração e só soube do ocorrido pelo Celinho do Zé Salles, meu contador lá na terrinha. Ele me mandou as fotos e me tocou vendo sua linda família e o alpendre tão pobre na entrada da tua casa, com a dona Bárbara. Lá em casa era igualzinho. Ou até pior. Aquele visual é bem típico até hoje na maioria das casas do interior de Minas.
E vendo suas fotos de jogador fica muito claro que você tinha mesmo "panca? de craque. O "Corvino?, teu amigo, colega de Caixa e meu concunhado, no feriado, ficou duas horas contando suas histórias de Caconde e Grama, até a compra do seu primeiro carro. E você não tinha nem carta, né?
Fique com Deus, o Brasil não te viu jogar, mas eu, o Camila, a Neusa Chame, a Ester Rondinelli, o Amir, o Esquilo, o Pininho, o Norinho, o Seo Agripino, o Seo Lazinho, o Mixirica, o Tôti, o Tente, o Pedro Viola, o Carlinho Boca de Véia, o Bichana, os Capetas, os Ratos, o Paulo Pingaiada, os alunos da Agrotécnica, Guaxupé, Grama, e toda nossa região, somos testemunhas oculares do seu talento. E, aí, em cima, você jogará no ataque com Garrincha, Didi, Vavá, Dida e... Laudimiro!!!
Tchau,
Mirtinho Bolão."
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