Manoel dos Santos, o Garrincha, o melhor ponta-direita que o mundo já viu, nasceu em Pau Grande, Distrito de Magé, no Rio de Janeiro, no dia 28 de outubro de 1933 e morreu pobre, também no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1983.
Genial com a bola nos pés, o anjo de pernas tortas, como era chamado, foi castigado pela vida boêmia que teve após deixar os gramados. O apelido era o nome de um passarinho, que quando garoto o ponta gostava de caçar.
Começou a carreira no Botafogo em 1953, equipe que defendeu até 1965. O time da estrela solitária conquistou vários títulos: campeão carioca (1957, 1961 e 62), do Rio-São Paulo (1962, 64 e 66). Foi peça essencial nas seleções brasileiras de 1958 e 1962, que conquistaram, respectivamente, as Copas da Suécia e do Chile.
Aliás, em 1962 Garrincha foi o grande astro do time brasileiro. Sem Pelé, que se contundiu ainda na primeira fase da competição, o ponta-direita do Botafogo chamou a responsabilidade para si e desequilibrou.
Os 47 jogadores convocados, devido a forte pressão dos dirigentes dos clubes, para o período de treinamento em Serra Negra-SP e Caxambu-MG como preparação para a Copa de 66, na Inglaterra, foram: Fábio – São Paulo, Gylmar – Santos, Manga – Botafogo, Ubirajara Mota – Bangu e Valdir – Palmeiras (goleiros); Carlos Alberto Torres – Santos, Djalma Santos – Palmeiras, Fidélis – Bangu, Murilo – Flamengo, Édson Cegonha – Corinthians, Paulo Henrique – Flamengo e Rildo – Botafogo (laterais); Altair – Fluminense, Bellini – São Paulo, Brito – Vasco, Ditão – Flamengo, Djalma Dias – Palmeiras, Fontana – Vasco, Leônidas – América/RJ, Orlando Peçanha – Santos e Roberto Dias – São Paulo (zagueiros); Denílson – Fluminense, Dino Sani – Corinthians, Dudu – Palmeiras, Edu – Santos, Fefeu – São Paulo, Gérson – Botafogo, Lima – Santos, Oldair – Vasco e Zito – Santos (apoiadores); Alcindo – Grêmio, Amarildo – Milan, Célio – Vasco, Flávio – Corinthians, Garrincha – Corinthians, Ivair – Portuguesa de Desportos, Jair da Costa – Inter de Milão, Jairzinho – Botafogo, Nado-Náutico, Parada – Botafogo, Paraná – São Paulo, Paulo Borges – Bangu, Pelé – Santos, Servílio – Palmeiras, Rinaldo – Palmeiras, Silva – Flamengo e Tostão – Cruzeiro (atacantes).
Dos 47 convocados por Vicente Feola, para esse infeliz período de treinamentos, acabaram viajando para a Inglaterra os seguintes 22 "sobreviventes": Gylmar e Manga (goleiros); Djalma Santos, Fidélis, Paulo Henrique e Rildo (laterais); Bellini, Altair, Brito e Orlando Peçanha (zagueiros); Denílson, Lima, Gérson e Zito (apoiadores); Garrincha, Edu, Alcindo, Pelé, Jairzinho, Silva, Tostão e Paraná (atacantes).
Depois do Botafogo, já com sérios problemas no joelho, Garrincha ainda defendeu o Corinthians (1966), a Portuguesa Carioca (1967), o Atlético Júnior, da Colômbia (1968), o Flamengo (1968), o Olaria (1972) e no time do Milionários, entre 1974 e 1982.
O Milionários era um time de jogadores veteranos que se apresentava em todos os cantos do Brasil levando o encanto e o talento que verdadeiros gênios tiveram para que vários rincões distantes pudessem também ver de perto quem forjou a grandeza do futebol do Brasil. O idealizador do Milionários, com sede em São Paulo, foi o saudoso Toledo, falecido no dia 13 de abril de 1999. Foram 13 partidas com a camisa do Timão (5 vitórias, 2 empates, 6 derrotas) e apenas dois gols marcados (fonte: Almanaque do Corinthians - Celso Unzelte).
Em sua curta passagem pelo Flamengo, foram 20 jogos (12 vitórias, 4 empates, 4 derrotas) e quatro gols marcados (fonte: Almanaque do Flamengo - Clóvis Martins e Roberto Assaf).
Já com a camisa da seleção brasileira, foram 60 jogos (52 vitórias, 7 empates, 1 derrota) e 16 gols marcados (fonte: Seleção Brasileira 90 anos - Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf).
ABAIXO, VÍDE ESPETACULAR COM IMAGENS DE GARRINCHA COM AS FILHAS E SUA PRIMEIRA ESPOSA (1962 OU 1963) EM SUA CASA, EM PAU GRANDE, SUBDISTRITO DE MAGÉ-RJ
QUANDO GARRINCHA CHOROU O site Terceiro Tempo recebeu no dia 24 de janeiro de 2006, do internauta Maciel de Aguiar, o seguinte e-mail:
São coisas que só acontecem ao Botafogo e ao Estado do Espírito Santo. Menino ainda... torcia para não virar botafoguense diante daquele extraordinário elenco: Didi, Nilton Santos, Garrincha... e olha que o Vasco era o "Expresso da Vitória? ? foi duro. Não, não tinha aparelhos de TV nos idos de 50, era tudo romanticamente ouvido no rádio, na distante Conceição da Barra. Imaginava os dribles intangíveis do gênio das pernas tortas e indagava: Como pode alguém com as pernas feito um bambolê e a bacia deslocada fazer coisas mirabolantes. Pior... ao vê-lo ? no Maracanã, já em fim de carreira ? observei que as mágicas pernas eram vergadas para um lado, aí tive que refazer os dribles na memória. Reconstituir Coronel, Bigode, Orlando e Bellini, batendo cabeça. E suas pernas bailavam desafiando a anatomia, a ortopedia e a lei da gravidade pela linha imaginária dos gramados dos meus sonhos de menino.
Se tivesse uma religião seria a das pernas do Garrincha. Iria adorá-las e reverenciá-las pelos santos e abençoados dribles nos "joões?. Os argentinos não criaram uma religião para o Maradona? Por que não criamos outra para as pernas do Garrincha? Tadinho de Maradona com aqueles driblezinhos previsíveis, aquelas perninhas certinhas e bem torneadas... Estou falando de coisas imprevisíveis, sagradas, míticas, que fizeram a realeza Sueca, em 1958, curvar-se às suas chuteiras; depois no Chile, em 62, a sagração.
Em São Mateus, no norte capixaba, em 1980, a Prefeitura Municipal contratou a "Seleção? da AGAP-RJ para enfrentar o escrete local. A principal atração, lógico: Mané Garrincha. Gritei feito louco e até esqueci as vicissitudes da província...
No dia do jogo, o nosso Garrincha chegou com a perna fraturada e foi gessado pelo médico Ericson Peçanha, no Hospital Maternidade. Humano e gentil, fez questão de cumprimentar todos os doentes, mas estava fora do "clássico?.
? Como assim? Indagou o prefeito... e tomou uma decisão surpreendente: ? Arranjem umas muletas para ele entrar em campo, caso contrário não pago...?. E assim foi feito ? providenciaram duas muletas e o gênio das pernas tortas, o deus dos dribles sublimes, a alegria do povo ?, entrou no gramado apoiando-se num só pé, sob aplausos dos torcedores.
Aproximei-me e vi que Garrincha chorava... paralisado, assisti àquela cena insólita. Olhei-o com um misto de dor e desespero. Quando Garrincha chorou... meus olhos se encheram d´água.
Maciel de Aguiar é escritor e reside no Porto de São Mateus. memorialeditora@terra.com.br A LENDA GARRINCHA:
"Um lenço era um latifúndio para o talento de Garrincha" (Armando Nogueira) "Ele parado já era um drible" (Jô Soares brinca ao falar sobre Garrincha, que tinha problemas na coluna e as pernas tortas) "Ele era extraordinário. Encantava o torcedor"(Jô Soares, novamente, sobre Garrincha) "O Pelé era um atleta e Garrincha um artista" (Armando Nogueira) LEIA MAIS: Lembrança - O dia em que Garrincha, Nena e mais 20 jogadores foram expulsos de campo. Um gênio chamado Garrincha. Por José Roberto de Oliveira Neste ano que lembramos, tristemente, os 25 anos de ausência do nosso querido Mané Garrincha, não poderia deixar de dar o meu depoimento pessoal sobre esta genialidade de jogador de futebol que, indiscutivelmente, não teve, até o momento, alguém que seja comparado a ele, não obstante o carisma de Pelé e de Maradona.
Ano de 1982, se não me falha a memória, em Indaiatuba, SP. A APAE da cidade, com pouco tempo de fundação, buscava de todo modo, recursos financeiros para dar continuidade em seus trabalhos de atendimento aos excepcionais, ou melhor, portadores de Síndrome de Dawn e solidificação de suas dependências.
Como um dos seus fundadores e pertencente ao quadro de sua diretoria de então, decidimos contratar os conhecidos Milionários, para uma partida contra o Esporte Clube Primavera local. Um evento com o caráter beneficente.
Mais do que nunca, os Milionários se prontificaram a estar na cidade, marcando data, hora e local. O Estádio Ítalo Mário Limongi foi pequeno para receber tanta gente. É que no contrato rezava a presença indispensável de um jogador: Mané Garrincha. Sem este, o contrato jamais sairia.
Entre os jogadores da equipe de veteranos, estava Paulo Borges, Tupãzinho e Dudu. Uma partida que ficaria marcado para sempre em minha retina. Explico:
O jogo dos veteranos do Milionários contra a equipe de profissionais do Esporte Clube Primavera se iniciou sem a presença de Mané Garrincha. É que ele havia chegado atrasado e não estava bem. Tive a oportunidade de vê-lo no carro, estendido no banco de trás e sem possibilidade alguma de entrar em campo. Mané Garrincha realmente não teria qualquer oportunidade de iniciar a sua carreira: tinha as pernas visivelmente tortas. Sei que o Luís Pereira (Luís Chevrolet), que iniciou sua carreira no São Bento de Sorocaba, passando pela Europa e Palmeiras, tem as pernas tortas. Contudo, estas pernas nem chegam no que eram as de Mané Garrincha, razão pela qual o denominam, também, de "o gênio das pernas tortas?. Recolhido nos vestiários, demos, a ele, café quente, sem açúcar e tudo o mais fizemos para reanimá-lo. Foi difícil. O célebre jogador não dava sinal que poderia ficar em pé, tal o seu lastimável estado.
Lá, nas arquibancadas do estádio, a gritaria era ensurdecedor: - "Garrincha! Garrincha! Garrincha! Queremos Garrincha!
O jogo parou e fomos falar com Dudu, que era o interlocutor do Milionários e expomos que não dava para continuar. E, possivelmente, teríamos que devolver o dinheiro, porque os que estavam ali queriam, a tudo o custo, ver Mané Garrincha em campo. Só vê-lo em campo, estariam satisfeitos.
Depois de um vai-e-vem, conseguiu-se deixar o Garrincha em pé. E lá foi o jogador para o campo. A sua entrada triunfal, foi um delírio total. Nunca imaginei que uma pessoa fosse tão idolatrada como o Mané Garrincha.
Reiniciou-se o jogo e o fantástico ponta ficava indo de um lado a outro, mas sem ninguém lhe passasse a bola. Havia o medo de uma queda ou qualquer coisa que pudesse lhe acontecer.
O delírio foi geral: "Bola pro Garrincha! Bola pro Garrincha! E novamente o jogo pára. Chamamos o Dudu e expomos a situação. O ex-palmeirense foi claro, dizendo que Mané Garrincha não tinha condições de apanhar a bola e sair jogando. Mas nada disso adiantou. Propomos que ele mesmo, Dudu, jogasse para o ponta uma bola, só para constar. O pouco que ele estivesse com a mesma, seria o suficiente para os que pagaram o ingresso e lotaram o estádio.
Pois bem. Num determinado tempo do jogo, Dudu lhe faz um cruzamento. A bola chega pelo alto, até o peito de Mané Garrincha. Desliza sobre o seu corpo, chegando até os seus pés. Pisa e faz um gesto de vitória. Depois escorrega e cai. Não levanta mais e é retirado de maca.
Estes meus olhos, que a Terra há de comer, jamais presenciaram uma situação de jogo de futebol onde a bola, como que por um encanto, chega ao peio do jogador e só desce, vagarosamente até aos seus pés, com a serenidade de possuir um imã dentro dela e, creio eu, existir um outro dentro do fantástico jogador. Foram segundos de pura luz, tal a beleza de um gênio do futebol e uma esfera apaixonada por todos.
Mané Garrincha, ao que pese o aparecimento de jogadores extraordinários, principalmente aqui no Brasil, jamais será superado pela sua formosura em campo e, também, pelas suas célebres tiradas, próprias de sua simplicidade, cantadas em versos, em livros biográficos, em maestrias de vídeos que nos enchem de alegria, "alegria do povo? - assim como o chamavam.
*José Roberto Guedes de Oliveira, ensaísta, biógrafo e historiador. E-mail: guedes.idt@terra.com.br O site Terceiro Tempo recebeu no dia 05 de fevereiro de 2006, do internauta Mário Lopomo (mlopomo@uol.com.br) o seguinte e-mail:
LEMBRANÇA - O Dia em que Garrincha, Nena e mais 20 jogadores foram expulsos de campo. No torneio Roberto Pedrosa de 1954, no mesmo dia em que o selecionado brasileiro ia jogar contra a Hungria, Portuguesa de Desportos, estava jogando com o Botafogo do Rio de janeiro. Por causa do jogo da copa do mundo este jogo foi colocado para a parte da manhã no Pacaembu. Os times estavam desfalcados com alguns jogadores servindo a seleção brasileira. Principalmente a Portuguesa que estava sem Djalma Santos, Brandãozinho e Julinho. O Botafogo sem, Nilton Santos. Tudo ia indo as mil maravilhas com a Portuguesa ganhando pelo escore de 2x1. Mas quando Edmur marcou o terceiro tento da Portuguesa, O beque central do Botafogo deu-lhe uma tremenda porrada pela cara. Houve a reação do jogador da Portuguesa, e todos os demais jogadores em campo, mais reservas, técnico, medico e massagistas também entraram no rolo. Foi uma pancadaria das grossas. Lindolfo goleiro da Portuguesa que não era grande mas atarracado, deu uma porrada na cara do goleiro reserva do Botafogo que jogou ele a três metros de distancia. Foi muito difícil acabar com aquela confusão. Os dirigentes. Delegado e policiais (poucos) a muito custo acalmaram a confusão. Xingamentos daqui e dali faziam esquentar novamente, mas já dava para não deixar a coisa esquentar. Quando o pequeno público que rendeu 44.050 cruzeiros, pensou que o jogo iria continuar, eis que o arbitro Carlos de Oliveira Monteiro (Tijolo) expulsou todos os 22 jogadores e mais reservas e técnicos de campo. Não tenho noticia de que houve outro jogo com esse acontecimento de expulsões.
PORTUGUESA: Lindolfo; Nena e Valter, Herminio, Clovis e Ceci. Dido, (Nelsinho) Renato, Osvaldinho, Edmur e Ortega. BOTAFOGO: Pianowski; Arati, Ruarinho e Tomé. Bob, Juvenal e Floriano. Garrincha, Dino, Carlyle, Jaime e Vinicius. Arbitro: Carlos de Oliveira Monteiro (Tijolo) Renda: 44.050,00 Estádio: Pacaembu - 22/06/1954. No dia 11 de dezembro, o jornalista Severino Filho mandou um e-mail com alguns dados da carreira de Garrincha: "-----Mensagem original----- De: severinofilho@acessepiaui.com.br [mailto:severinofilho@acessepiaui.com.br] Enviada em: sexta-feira, 11 de dezembro de 2009 09:04 Para: redacao@terceirotempo.com.br Cc: severinofilho@acessepiaui.com.br Assunto: GARRINCHA Caro, Embora entenda que os textos do QUE FIM LEVOU não são frios registros de datas e números, sugiro que, na história do saudoso GARRINCHA, sejam incluídas informações como....
Depois que deixou o Olaria, equipe pela qual jogou sua última competição oficial - o Campeonato Carioca de 1972 -, Mané fez dezenas de jogos-exibições pelo país, como fonte de receita diante das dificuldades financeiras.
O problema tornou-se quase uma comoção nacional e para ele foi realizado um jogo-beneficente - 0 Jogo da Gratidão -, em 19 de dezembro de 1973, quando uma seleção de jogadores brasileiros enfrentou outra de atletas estrangeiros no Maracanã.
Garrincha foi homenageado e fez uma despedida oficial do futebol. Deu a volta olímpica e jogou camisa, meiões e chuteiras para a torcida. Na volta de despedida, ao passar diante da tribuna onde encontrava-se o presidente Médici, fez uma saudação ao presidente da República. A propósito, o nome dos dois está ligado a um episódio interessante.
Quando foi instalado um museu do futebol no Estádio Maracanã, autoridades da época resolveram batizá-lo de Museu Presidente Médici. Alguns anos depois, logo que o jornalista Sandro Moreyra faleceu, diretores do museu procuraram a filha do jornalista - Sandra Moreyra, da Rede Globo -, solicitando a doação do uniforme completo que Garrincha usou na Copa de 62 e que, até então, era guardado por Sandro.
Sandra não colocou dificuldades, mas fez uma exigência: "Eu faço a doação do uniforme do Mané ao Museu, mas desde que mudem o nome para Museu Mané Garrincha". E assim foi feito.
O museu do Maracanã leva o nome de Garrincha e ostenta, como peça de inestimável valor, o uniforme completo que Garrincha usou quando ganhou sua segunda Copa do Mundo. É isso, Abs, Severino Filho (jornalista e historiador)"
No dia 9 de fevereiro de 2014, a redação do Portal Terceiro Tempo, recebeu de Roberto Ponzo, o seguinte e-mail sobre Diogo Ponzo e Garrincha:
Olá Miltão, boa tarde!
Segue abaixo a sumula do dia em que meu pai Diogo marcou o mito Garricha, preciso resgatar o Diário do Povo de Curitiba que no dia seguinte colocou a seguinte manchete: Torcida foi ver Garricha jogar e acabou vendo .....DIOGO, isto foi como um troféu para meu pai, mas que niguém fala , ou por medo pois ninguém conseguia marcar o Mané garrincha, pode até ser que de dez jogos meu pai conseguiria somente em um jogo marcar bem o Garrincha e ser valorizado por isto! Entendo que somente você pode divulgar isto!!! Meu pai esta completando este ano 34 anos de Guarani FC, 9 como atleta na lateral esquerda, vestindo a camissa por 352 vezes e 25 anos de funcionário...ano que vem completara 35 anos de GFC!!! Abração do Roberto Diogo
Local: Durival Britto e Silva - Curitiba/PR Data: 15/11/1960 (terça-feira) Árbitro: Vítor Marcassa (PR) Assistentes: José Ferreira dos Santos (PR) Carlos Silvano Schoering (PR) Renda: Cr$ 990.770,00 Público: 13.634 (11.894 pagantes e 1.740 não pagantes)
Gol: Cabrita aos 17 min. do 1º tempo.
BOTAFOGO: Manga; Cacá, Zé Maria e Chicão (Ademar); Jorge e Pampolini; Garrincha, China, Quarentinha, Didi e Amarildo.
GUARANI: Nicanor; Ferrari, Ditinho e Diogo; Ílton e Eraldo; Dorival, Milton, Cabrita (Marin), Benê I e Osvaldo. Técnico: Armando Renganeschi.
No dia 5 de outubro de 2014, quando do primeiro turno da eleição presidencial brasileira, Milton Neves publicou em seu blog o seguinte texto
Mais um domingo sem futebol.
E tem que ser assim mesmo.
Afinal, o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes e neste domingo o voto no gol da urna goleia de novo a bola na rede.
E em minha eleição para os presidentes e craques do mágico mês de outubro eu voto no candidato Garrincha.
Afinal, Pelé não vale e já ganhou todas as eleições até o fim do mundo.
E nesses 43 anos de São Paulo, em que venho votando em todas as urnas de rádio, televisão, jornal, internet, revistas, ponto de venda, eventos, palestras e publicidade, só consegui ver de perto o meu candidato Garrincha uma única vez na vida.
Vi, conheci, senti, entrevistei, cumprimentei, observei mais em silêncio do que falando e me emocionei como os milhares de ouvintes da Rádio Jovem Pan naquele domingo de 1º de agosto de 1982.
Para emplacar o "bebezinho? Terceiro Tempo a emissora levava aos domingos sempre um nome top para emoldurar e fortalecer o principal dia do futebol.
Vieram do Rio até os então badalados árbitros Arnaldo Cezar Coelho e José Roberto Wright.
É que a Jovem Pan estava naturalmente assustada com a saída, em meio à Copa da Espanha, de Estevan Sangirardi e de seu então imbatível "Show de Rádio".
Ele levou o programa e todo o seu time para a Rádio Bandeirantes.
O "cano" profissional do saudoso "Sanja" foi desastroso para sua carreira, sua autoestima, e para seus colegas de microfone.
É que, ao contrário da Pan, na Bandeirantes ele não entrava coladinho no final do jogo e o "Show de Rádio" definhou e Sangirardi morreu profissional e fisicamente tempos depois.
Foi um passo em falso.
É que a Rádio Bandeirantes, já à época, sacou que o jornalismo pós-jogo, já se consagrando sob o manto da marca "Terceiro Tempo", era muito mais importante do que o "rádio esportivo humorístico".
Mas, e aí, eu consegui ver Garrincha.
Vi, abracei, ri, quase chorei, mas a entrevista saiu.
E você pode ouví-la no player abaixo:
Garrincha ganhou um cachê, em cheque, de cerca de 1000 reais em dinheiro de hoje.
Mas o cheque, entregue pelo diretor José Carlos Pereira da Silva, era de R$ 897,27, mais ou menos.
É que havia descontos de imposto de renda, ISS, INSS, PIS e etc, sei lá.
Mané reclamou, queria os 1000.
José Carlos completou com uma nota de 100 e pediu o RG e o CPF dele para a documentação.
"Mas o que é isso? Nem sei o que você tá pedindo e o que tenho tá aqui", falou Mané, esvaziando seus bolsos e jogando o conteúdo na mesa.
Eram algumas moedas, poucas notas amassadas, uns papéis e uma carteira de identidade de séculos atrás toda sem plástico nas beiradas.
Foi emocionante.
Fotos, aos milhares, imagens tão repetidas à exaustão na TV e falas tão curtinhas de Mané, todo mundo tem e já viu e ouviu.
Mas, aqui, no player acima, você ouve Mané Garrincha por quase 30 minutos.
Clique, ouça, acenda uma vela, olhe para o céu, reze ou ore, abra a janela e berre: obrigaaaaadooooo, Manéeeeeeeee...
Ouça abaixo a homenagem prestada pelo jornalista Milton Neves ao craque Garrincha, no dia 1º de outubro de 2016, na Rádio Bandeirantes
O vídeo abaixo mostra Garrincha em seu íntimo, confira:
Garrincha disputou uma única partida pelo Vasco da Gama, um amistoso diante do selecionado da cidade carioca de Cordeiro. CLIQUE AQUIe veja uma matéria especial publicada no Portal Terceiro Tempo sobre esta única exibição de Mané com a camisa cruzmaltina.
EM 31 DE MAIO DE 2017, DURANTE O JORNAL BANDNEWS FM, MILTON NEVES COMENTOU COM O APRESENTADOR RICARDO BOECHAT SOBRE O DESAPARECIMENTO DOS RESTOS MORTAIS DE GARRINCHA NO CEMITÉRIO DE MAGÉ, NO RIO DE JANEIRO. OUÇA NO PLAYER ABAIXO
Abaixo, ouça a entrevista de Ruy Castro, biógrafo de Garrincha, no "Domingo Esportivo" do dia 15 de abril de 2018:
Artigo publicado por Ruy Castro na Folha de S.Paulo no dia 20 de janeiro de 2013
Trinta anos após sua morte, certos mitos sobre Garrincha continuam mais difíceis de matar do que Rasputin. O de que ele chamava seus marcadores de "João", por exemplo --significando que não queria nem saber quem eram, porque iria driblá-los do mesmo jeito. Garrincha nunca disse isso.
A história foi inventada por seu amigo, o jornalista Sandro Moreyra, em 1957, para mostrá-lo como um gênio ingênuo e intuitivo. Garrincha a detestava, porque os adversários, que não queriam ser chamados de "João", redobravam a violência contra ele.
Que Garrincha era um gênio intuitivo do futebol, não há dúvida. Mas não tinha nada do ingênuo, quase débil, com que algumas histórias o pintavam. Ao contrário, era até muito esperto a respeito do que o interessava --mulheres e birita, a princípio nesta ordem--, e não havia concentração que o prendesse. Nos seus primeiros dez anos de carreira, 1953-1962, Garrincha conseguiu conciliar tudo isso com o futebol. Dali em diante, a vida lhe apresentou a conta.
Outro mito é o de que, às vésperas do Brasil x URSS na Copa-1958, na Suécia, os três jogadores mais influentes da seleção --Bellini, Didi e Nilton Santos-- foram ao técnico Vicente Feola e exigiram sua escalação na ponta direita, com a consequente barração de Joel, do Flamengo, então titular. Em 1995, isso me foi desmentido pelos quatro jogadores (Bellini, Didi, Nilton Santos e Joel), pelo preparador físico daquela seleção, Paulo Amaral, e por outros membros da delegação.
Perguntei a Nilton Santos por que, durante tantos anos, ele confirmara uma história que sabia não ser verdadeira. Ele admitiu: "Era o que as pessoas queriam ouvir". No futuro, em entrevistas, contaria a versão correta: a de que Joel se contundira ante a Inglaterra, e a entrada de Garrincha aconteceria de qualquer maneira. Note-se que, até o jogo com a URSS, Garrincha ainda não era o Garrincha da lenda, e Joel, também grande atleta, era uma escolha normal para a ponta.
Outro mito, este agora bastante atenuado, mas ferocíssimo na época, refere-se à participação de Elza Soares na vida de Garrincha. Para os desinformados, ela ajudou a destruí-lo. A verdade é o contrário: sem Elza, Garrincha teria ido muito mais cedo para o buraco. Quando ela o conheceu (em fins de 1961, e não em meados de 1962, durante a Copa do Chile, como até hoje se escreve), Elza estava em seu apogeu como estrela do samba, do rádio e do disco. E ninguém imaginava que Garrincha, logo depois de vencer aquela Copa praticamente sozinho, logo deixaria de ser Garrincha.
Elza Soares morreu em 20 de janeiro de 2022, exatos 39 anos depois de Garrincha, de causas naturais, aos 91 anos de idade.
Ninguém, em termos. Os médicos e preparadores do Botafogo sabiam que Garrincha, com o joelho cronicamente em pandarecos (e agravado pela bebida), estava no limite. Mas ele não se permitia ser operado --só confiava nas rezadeiras de sua cidade, Pau Grande. O que Garrincha fez na Copa foi um milagre. Mas, assim que voltou do Chile, os problemas se agravaram.
Mesmo jogando pouquíssimas partidas, levou o Botafogo ao título de bicampeão carioca --e, assim que o torneio acabou, com sua exibição arrasadora nos 3x0 ante o Flamengo, ele nunca mais foi o mesmo. Marque o dia: 15 de dezembro de 1962 --ali terminou o verdadeiro Garrincha.
Um outro Garrincha --gordo, inchado, bebendo às claras ou às escondidas, incapaz de repetir seus dribles e arranques pela direita-- continuou se arrastando pelos campos, vestindo camisas ilustres (do próprio Botafogo, do Corinthians, do Flamengo, do Olaria e da seleção) por mais inacreditáveis dez anos --até o famoso Jogo da Gratidão, organizado por Elza Soares. Foi sua despedida oficial, a 19 de dezembro de 1973, com um Maracanã inundado de amor.
Naquela noite, um time formado por Felix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Rivellino e Paulo César; Garrincha, Jairzinho e Pelé --praticamente a seleção de 1970 com Garrincha-- entrou em campo para enfrentar uma seleção de estrangeiros que atuavam no Brasil, estrelada por Pedro Rocha, Forlan, Reyes e outros.
Isto é Garrincha
Numa das várias preliminares, cantores e artistas, como Chico Buarque, Jorge Ben, Wilson Simonal, Paulinho da Viola, Miele, Sergio Chapelin, Francisco Cuoco e outras celebridades também se enfrentaram. Pelas borboletas do estádio, passaram 131.555 pessoas e, com exceção de uma pessoa --o ditador Garrastazu Medici--, todos pagaram para entrar, inclusive os jornalistas. Era o dinheiro que garantiria o futuro de Garrincha.
Da renda de quase 1 milhão e 400 mil cruzeiros (US$ 230 mil de 1973, uma nota), cerca de 500 mil cruzeiros saíram do cofre do Maracanã direto para cadernetas de poupança em nome de suas oito filhas oficiais e um apartamento ou casinha para cada uma. Este era um dos objetivos do jogo. Com os descontos da Receita e outros, sobraram-lhe mais de 700 mil cruzeiros para fazer o que quisesse --e que ele, naturalmente, torrou logo, sem saber como.
Daí o último e maior mito a ser derrubado sobre Garrincha: o de que ninguém o ajudou --o que, no fim da vida, ele declarou em entrevistas para a televisão, que ainda hoje são reprisadas. Mas a verdade é que Garrincha foi muito ajudado, e em várias etapas de sua vida.
Entre seus maiores benfeitores, estavam o banqueiro José Luiz Magalhães Lins, do então poderosíssimo Banco Nacional; o empresário Alfredo Monteverde, dono do Ponto Frio; o Instituto Brasileiro do Café (IBC) e a Legião Brasileira de Assistência (LBA), que lhe deram empregos generosos, aos quais ele não correspondeu; e seus ex-colegas do futebol, agrupados na Agap (Associação de Garantia ao Atleta Profissional), que não se cansaram de recolhê-lo em coma alcoólico na rua e interná-lo em clínicas de "desintoxicação" --das quais era criminosamente liberado dois ou três dias depois de dar entrada.
O alcoolismo matou Garrincha há 30 anos --e continua a matá-lo até hoje, a cada uma de suas vítimas que o Brasil deixa de assistir.
No player abaixo, ouça a narração de Fiori Gigliotti do pênalti perdido por Garrincha no clássico entre Corinthians e Palmeiras em 1966. Valdir Joaquim de Moraes praticou a defesa e José Paulo de Andrade era o repórter:
Foram 13 partidas com a camisa do Timão (5 vitórias, 2 empates, 6 derrotas) e apenas dois gols marcados (fonte: Almanaque do Corinthians - Celso Unzelte).
Pelo Flamengo:
Em sua curta passagem pelo Flamengo, foram 20 jogos (12 vitórias, 4 empates, 4 derrotas) e quatro gols marcados (fonte: Almanaque do Flamengo - Clóvis Martins e Roberto Assaf).
Pela Seleção Brasileira:
Já com a camisa da seleção brasileira, foram 60 jogos (52 vitórias, 7 empates, 1 derrota) e 16 gols marcados (fonte: Seleção Brasileira 90 anos - Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf).
Pelo Botafogo:
Com a camisa alvinegra do Fogão foram 614 partidas com 245 Gols marcados. Sua estreia com o glorioso foi em 19 de julho de 1953 em uma goleada sobre o Bonsucesso por 6 a 3 onde o craque das pernas tortas marcou seu primeiro gol. Seu último jogo foi em uma vitória sobre a Portuguesa do Rio em 16 de setembro de 1965