Cláudio Portugal, o "Figo", primo em primeiro grau de minha esposa e filho da saudosa dona Ivone, irmã de meu sogro Hélio "Bibi" Magnoni, hoje é engenheiro e mora em Limeira-SP.
Casado, sem filhos, Cláudio Portugal formou-se na Fatec em São Paulo, esteve na Caterpillar de Piracicaba-SP, viajou a trabalho aos EUA várias vezes e hoje desenvolve grandes projetos de internet em Limeira e é professor também de matemática.
Como atleta, Cláudio Portugal foi bom ponta-direita no futebol, excelente no futsal, vôlei e basquete e no atletismo foi recordista regional de 100 e 200 metros deixando Edson Dino, então o melhor dos anos 60, "comendo poeira? nas competições da Mogiana e dos tradicionais jogos estudantis Azul x Vermelho de Muzambinho.
Muzambinho comemorou 130 anos no dia 30 de novembro de 2012. Já escrevi um artigo reverenciando Muzambinho. Por Amaury Jr e Cláudio Portugal
Digo que "o melhor lugar do mundo é aquele no qual somos felizes". Para homenagear Muzambinho com este artigo, peço que o leitor da minha faixa etária (você vai saber se é) use a imaginação para visualizar pessoas e lugares descritos. Tenho certeza que a identificação permitirá uma viagem aos bons e velhos tempos, nem tão velha assim.
Conto um pouco da minha Muzambinho, que tanto amo.
Minha Muzambinho tinha o rio Chico Pedro, fase vivida pelas gerações anteriores, mas que ficou famosa no passado. O rio ainda existe, mas sem a poesia da época. Que saudade da Praça de Esportes dos tempos do "Sr. Zé da Praça". Ali havia as competições esportivas de atletismo e natação onde Edson Dino brilhou.
Minha Muzambinho tem o tradicional Colégio Prof. Salatiel, dos professores Wellington, Zé Mariano, Dona Lourdes, Dona Alice, Almírio Borelli e tantos outros e do Seu Olinto (porteiro). Professores inesquecíveis. Tem a Escola Agrotécnica, do diretor José Rossi. Tem o Colégio Comercial, recebendo alunos da região e por muitos anos sob a direção do Celinho Sales.
Minha cidade tinha o Azul x Vermelho.
Minha Muzambinho teve o Jovem Guarda Conjunto, Os Dragões, do incomparável Zulu, Nenzinho e do Rui. Há, se fosse hoje... Hoje (há 80 anos) ainda temos a Banda Benedito Cesarino, do incansável Lázaro Cesarino. Um patrimônio muzambinhense que precisa ser incentivado e preservado.
Ainda na música, a cidade tem 05 excepcionais baterias de escolas de samba, muitos músicos, grupos e duplas. Teve as Rádio Continental e depois Rádio Rural, do então Joãozinho Dureza, idealizada por José Antonio de Araujo, Dito Dino, Willian Peres. Tem emissoras FM. Tem A Folha Regional, 1000 edições e 20 anos. E agora o Muzambinho.com Minha Muzambinho tem futebol. Teve o campeão MEC do Aquiles Caetano e o Independente (sonho perdido no tempo), do Luizinho Dentista. Tem a Ponte Preta do Brejo Alegre, o União Bandeirantes da Barra Funda, o Vera Cruz do Alto do Anjo e o Guatapará. Teve o time do Zé Tarzan, quase imbatível e teve os craques Fominha, Wanderley, Laudimiro, Camila, Braguinha e Ivan Surdão.
Minha Muzambinho teve quatro prefeitos, cada um colocando um tijolinho na construção da cidade. Teve o honesto Nilson Bortoloti, o polêmico Marco Regis, o administrativo Zé Ubaldo e o italiano Esquilo. Fico pensando que Muzambinho cresceu 100 anos em 40.
Faça um exercício de memória e lembre que na sua infância, como na minha, não existiam os bairros Jardim Cerávolo, Quinta da Bela Vista Jardim Chico Pedro, Novo Horizonte, Vila Socialista, Jardim Itália, Por do Sol e Jardim dos Imigrantes. Minha Muzambinho teve grandes Festivais da Música Inédita.
Aliás, tenho uma relíquia em casa: um disco de vinil compacto com as músicas vencedoras do I Festival da Música Inédita de Muzambinho, em 1968.
O disco tem o 1º colocado: "Canto Aberto: O Guerreiro?, de Martimiano Valério Borges, letra de Martimiano e Élson de Paula (Coro: Cybelle e Eliza); e o 2º colocado: "Noturno", de Antônio de Pádua Prado. Minha Muzambinho tinha a Loja do Mazzilli, Loja do Nhô Nhô Gaspar, Mercado do Zu, Batidão, Bar do Gilson (na rodoviária), Padaria do Juca, Bar do Elias Dipe, bailes no Clube Recreativo e danceteria no Sancho (Automóvel Clube). O inesquecível Cinema do Hugo, o sorvete Pagão do Bar Avenida, a pista de atletismo no Vale do Sol, a Coomam (ops!), a história política de Messias Gomes e de vida da Dona Josefina.
Minha Muzambinho ainda tem o Bazar Pires, Bazar Santo Antônio, a Pastelaria do Lidinho e o Bar Uai. Ainda tem o talento de Paulo Dipe e Tézo Bortoloti, os polêmicos Vonzico e Regis Policarpo. Tem o corintiano "Ti Belo? sorveteiro. Minha cidade tem pessoas ilustres, como: Wellington de Oliveira Jr... João Batista Beneti... Roberto de Araújo... Marco Antonio Villas Boas... Milton Neves... Camila... e outros, muitos outros.
Minha Muzambinho tem histórias de amor e amizades.
Minha Muzambinho tem tudo isso e muito mais que no momento talvez não consiga lembrar.
Muzambinho S/A. Por Cláudio Portugal
O Portal Terceiro Tempo recebeu no dia 22 de agosto de 2013 de Cláudio Portugal (cportugal.msci@uol.com.br) o e-mail abaixo:
"A partir de 1762, as margens dos córregos ao longo das picadas abertas nas matas, ao norte de São Bartolomeu e ao sul de Jacuí, já eram habitadas por negros quilombolas, bandeirantes paulistas e portugueses que iam de Jacuí a Cabo Verde.
Quando o governador de Minas, Luiz Diogo Lobo da Silva desceu de Jacuí para Cabo Verde, em 1764 passou pelo local denominado Quilombo, justamente na posição onde se encontra hoje Muzambinho. A carta de seu secretário, que o acompanhou na viagem, o inconfidente Cláudio Manoel da Costa, dizia que "passou pelos caminhos antigos, todos cobertos de mato", o que significa que a região já era habitada antes dessa data. A partir de 1762, portugueses e açoreanos vieram dar origem às principais famílias que hoje habitam a nossa região. Trouxeram consigo a habilidade em tratar a terra, cuidar de criações, a tecelagem artesanal, a fabricação de queijo, a técnica de fabricar o açúcar, a rapadura, o açúcar mascavo, o fumo, o trabalho em couro e madeira, a religião, o folclore e as crendices populares. Raramente os "sul mineiros" que possuem sobrenome portugueses não possuem descendência açoriana.
O primeiro núcleo habitacional de que se tem notícia data de 1765, em um mapa organizado por ordem do governador da Capitania de Minas Gerais, Dom Luiz Diogo. Nesse mapa está assinalado o local com o nome de Quilombo. Em outro mapa, de 1767, o referido local também tem o nome de Quilombo com dois outros núcleos com nome de Dumbá e Zumdu. Esses núcleos eram habitados por negros africanos livres e seus descendentes.
Seu topônimo originou-se das palavras africanas "Mocambo" ou "Moçambo" e do seu diminutivo "Mocambinho", que serviam para designar um tipo de habitação onde se ocultavam os negros escravos foragidos. Que tiveram grande influência na formação do povoado.
O significado da palavra Muzambinho tem várias explicações e pode ter vindo do idioma quimbundo, falado pela etnia chokwe ou quiocos em Angola, significando "Adivinhação"; é também o nome de um chocalho, musambu, usado pela etnia em rituais de adivinhação e para espantar os maus espíritos. O nome pode estar ligado a máscaras estilo muzamba, usadas pela mesma etnia.
Outra versão é a de que vem da palavra mocambo, também do idioma quimbundo, que significa local onde os negros escravos fugitivos se reuniam (mu+kambo = esconderijo). Pode vir também da palavra muçamba (instrumento musical, espécie de puíta ou cuíca), muçambé (espécie de planta brasileira) e muçambo (enfeite de metal usado pelas mulheres da etnia lunda, de regiões da atual Angola, para apertar o inferior das tranças dos cabelos).
Existe a hipótese de o nome vir de Moçambique, pois a região do país africano era chamada Muzambih por geógrafos árabes na época medieval. A palavra Muzambih teria o significado de "Sopro de Deus" (Mu=sopro, Zambi=Deus) e é usada em rituais de candomblé como uma saudação. Também pode ser considerado lugar onde se fazem oferendas, segundo alguns seguidores do candomblé.
Pode advir da dança Moçambique, praticada no município no século XX. Também pode vir de Muzambo, lugar sagrado, lugar de prender elebó*, no candomblé. O nome Muzambo ainda existe até hoje no norte de Angola, na região Uige.
A fundação do povoado registrou-se antes de 1852 com o segundo nome de São José da Boa Vista, sendo Pedro de Alcântara Magalhães considerado um dos pioneiros da fundação. A região foi habitada primeiramente por escravos africanos fugitivos em pequenos núcleos (quilombos). As terras foram doadas por Maria Benedita Vieira, Ingrácia Destarte, José Braga e João Vieira Homem. Subiu à categoria de distrito pela Lei 1095, em 08 de outubro de 1860. Em 2 de janeiro de 1866 passou a ser paróquia.
Sua ascensão à Vila deu-se pela Lei 2500 de 12/11/1878, formando um termo com as freguesias de Dores de Guaxupé, hoje Guaxupé; e Santa Bárbara das Canoas, hoje Guaranésia.
Finalmente, em 30/11/1880, atingiu a condição de cidade e, ao mesmo tempo, de comarca, com o nome de Mozambinho, de cujo território se desmembraria também os municípios de Monte Belo e Juruaia.
Com o decorrer do tempo, o nome passou a atual grafia com "U". Em relatórios do governo da província no século XIX, o local é grafado como Mosambinho ou Mossambinho.
A história de Muzambinho está ligada à luta pela liberdade dos africanos, à procura de ouro pelos mineiros e à conquista do sertão pelos bandeirantes paulistas que se dirigiam a Goiás.
Na região houve grande incidência de escravos que, fugindo das fazendas, ali se escondiam principalmente onde hoje se encontra o bairro Brejo Alegre. Os escravos, em sua maioria, eram bantos de Angola ou provenientes de várias etnias de Moçambique. Pela atuação dos abolicionistas de Muzambinho, principalmente Américo Luz, grande parte dos escravos da comarca foi alforriada no dia 12 de maio de 1881, antecipando o ato da Princesa Isabel que assinaria a Lei Áurea em 13 de Maio de 1888.
A população muzambinhense é formada por descendentes de índios, africanos, portugueses, italianos, sírios, libaneses, espanhóis e alguns suecos. Há principalmente na zona rural, pessoas com fortes traços indígenas, os caboclos. Os portugueses vieram em sua maioria dos Açores.
O forte da economia do município advém principalmente do setor de serviços, da agricultura e pecuária, tendo algumas indústrias de pequeno porte e casas comerciais que atendem as outras cidades da região.
Muzambinho ocupa uma área de 414 Km2, é um município localizado na mesa-região do sudoeste mineiro e micro-região da baixa mogiana. Limita-se com os municípios de Juruaia, Cabo Verde, Monte Belo, Guaxupé e Caconde, este último no estado de São Paulo.
A História de Muzambinho sempre esteve ligada a fatos relacionados com a História Nacional: a formação do quilombo anterior a 1765, o movimento abolicionista liderado por Américo Luz, a luta de seus líderes políticos para a vinda da estrada de ferro para a cidade, a criação do Lyceu Municipal em 1901, através do qual mereceu o título de "Atenas Sul Mineira", cuidando da educação de jovens de todo o país, que posteriormente figurariam em importantes setores da vida pública nacional, principalmente na política, destacando-se os nomes de Américo Luz, Licurgo Leite Filho como Deputado Federal, Dr. João Marques de Vasconcelos, como Deputado Estadual e vice-governador de Minas Gerais e Marco Regis de Almeida Lima, como Deputado Estadual por dois mandatos além de nomes ilustres como José Antonio de Araújo, João Batista Beneti, Milton Neves, Prof. José Mariano e outros.
Muzambinho sofreu as conseqüências das revoluções de 1930 e 1932, quando a cidade foi ocupada por tropas paulistas, sendo então palco de confrontas armados. Segundo Otto Lara Rezende: "Dutra liderou os mineiros a partir de Muzambinho, empurrando os paulistas para o túnel".
Em 1937, com a implantação do Estado Novo, e dissolução de todos os partidos existentes no país, que manteve Getúlio Vargas no poder até 1945, novamente Muzambinho vai sentir de perto as conseqüências de sua importância na vida política nacional. Com a implantação do Estado Novo, o prefeito Dr. José Januário Magalhães ficou no governo até 1945 e o diretor do Liceu Municipal, Prof. Salatiel de Almeida, foi afastado sendo substituído pelo Prof. Saint Clair, que acabou sendo assassinado pelo professor de matemática por questões políticas. Esse fato levou ao fechamento do colégio e sua ocupação pelo Décimo Batalhão dos Caçadores Mineiros, em 1938.
Com o fim da ditadura em 1945, reiniciou o movimento político na cidade e o próximo prefeito eleito é o Sr. Messias Gomes de Melo, da UDN.
Em 1953 é inaugurada a Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho, com presença de autoridades estaduais, como o governador do Estado de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, Gustavo Capanema e o Presidente Getúlio Vargas de volta ao poder.
Veja belas imagens de Muzambinho-MG, terra natal de Cláudio Portugal :