por Marcos Júnior Micheletti
Alberto Zolim Filho, o Carlitos, morreu em 30 de outubro de 2001, aos 79 anos, vítima de infecção generalizada.
Ele estava aposentado e residia no bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre. Aliás, começou sua carreira como amador no clube do bairro, o Tristezense, para em seguida chegar ao Internacional, único clube que defendeu em sua brilhante carreira, apesar de ter recebido propostas de diversos clubes do eixo Rio-São Paulo, entre eles o Flamengo e o Palmeiras.
Natural de Porto Alegre, onde nasceu em 27 de novembro de 1921, Carlitos foi o maior artilheiro da história do Sport Club Internacional, com a incrível marca de 485 gols, 38 deles em 58 Gre-Nais disputados, maior artilheiro da história do clássico.
O apelido, vem do fato do próprio jogador se apresentar como Carlos Alberto, ao invés de apenas Alberto Zolim, tanto que o seu primeiro contrato com o Colorado foi grafado como Carlos Alberto Zolim Filho.
Uma outra marca invejável do jogador foi a de nunca ter desperdiçado uma penalidade máxima, nos 13 anos em que defendeu a camisa do Inter. Aliás a fidelidade do jogador ao seu clube de coração foi tamanha que ele só atuou pelo Colorado Gaúcho.
Foi hexacampeão gaúcho (1940 a 1945) no chamado "Rolo Compressor", designação dada ao time do Inter entre as décadas de 40 a 50, que era praticamente imbatível. E ainda ganhou o título estadual pelo Inter em 1947, 1948 e 1950.
Carlitos foi autor do antológico "Gol Plano Inclinado", um lance inusitado que foi registrado fotograficamente. A partida foi contra o Cruzeiro-RS, em 16 de setembro de 1945. Carlitos estava na pequena área e passou "do ponto da bola", mas, mesmo caído, movimentou seu corpo para trás e tocou de cabeça para marcar.
Em 1999, quando o Internacional comemorou 90 anos de fundação, Carlitos deu uma entrevista ao programa "Grandes Momentos do Esporte" da TV Cultura de São Paulo, para o jornalista Vladir Lemos. Na conversa, Carlitos contou algumas passagens memoráveis de seus tempos pelo Colorado.
Relatou que estava servindo o exército mas já era atleta do Internacional e pediu uma dispensa para passar um final de semana na praia, na casa da namorada.
Mas Carlitos só retornou duas semanas depois, morrendo de medo de ser preso por deserção. Ao chegar ao quartel, o comandante, ao ver o craque, disse imediatamente:
"O que você tá fazendo aqui rapaz? Vi que você não apareceu e te dei mais quinze dias", disse a autoridade.
Carlitos voltou para a praia, para aproveitar mais um pouco ao lado da namorada...
Outra história contada pelo bem humorado Carlitos aconteceu em uma viagem de ônibus com o Inter para enfrentar uma equipe do interior.
"O ônibus quebrou no meio do caminho, uma estrada de terra horrível. Os jogadores morrendo de forme. Vimos um armazém distante e fomos até lá. Batemos na porta e nos identificamos como jogadores do Internacional. O homem abriu, ficou atrás da porta e apareceu com uma espingarda apontando para nós. Achou que estivessemos mentindo, mas acabou nos oferecendo umas bolachas enormes, duras como pedra, com sardinha e vinho. Comemos e bebemos e estava uma delícia", revelou o sorridente e saudoso Carlitos.
Seu amor pelo Internacional era tão grande, que seus três filhos foram batizados com a inicial "I", em alusão al clube: Ivan, Iran e Irany.
Carlitos em 1999, em entrevista para a RBS e ao Grandes Momentos do Esporte, da TV Cultura-SP, no especial sobre os 90 anos do Internacional-RS.
Abaixo, outros trechos da entrevista de Carlitos ao Grandes Momentos do Esporte da TV Cultura-SP
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