José Carlos dos Santos, o Russo, três filhos e duas netas, o inesquecível meio-campista do Corinthians, de 1975 a 1978, morreu aos 63 anos, no 1º de setembro de 2012, às 13h00, no Rio de Janeiro, em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Aposentado, os últimos anos de sua vida morou na rua Cisplatina, em Irajá, zona norte do Rio, mesmo estado onde nasceu, em 03 de junho de 1949.
Ele foi proprietário de um bar (instalado na própria residência) mas um fato pitoresco colocou fim ao negócio: os outros quatro sócios de Ruço foram morrendo um a um. Quando o último deles faleceu, Ruço decidiu que era hora de parar. " Tá louco, o próximo seria eu", comentou brincando.
Dizia que "vivia da renda (aquelas que a mulher faz,) costurando e de saudades", arrematou o suadoso ex-jogador também do Botafogo-RJ, Juventus, Cruzeiro e outros trocentos times brasileiros.
Ruço foi o autor do histórico gol corintiano contra o Fluminense, no dia 5 de dezembro de 1976, na "Invasão da Fiel ao Maracanã", pela semifinal do Brasileirão. A partida, realizada sob muita chuva, terminou empatada por 1 a 1 (o gol do Flu foi de Carlos Alberto Pintinho). Nos pênaltis, a estrela do goleiro Tobias brilhou e o Corinthians bateu o Fluminense, conquistando assim o direito de disputar a final contra o Internacional, que foi o campeão.
O saudoso volante, embora não fosse nenhum craque, caiu na simpatia da torcida corintiana pela sua raça e por suas comemorações de gol, que lhe rendeu o apelido de "Beijinho Doce". Ruço, que se emocionava muito ao falar do passado, dizia que sofria constantemente de crises de gota, devido ao ácido úrico. "Tenho que fazer regime para evitar a gota e só posso comer chuchu e tomar água", dizia o brincalhão Ruço (é com ç e não com ss).
O saudoso volante também foi peça importante na conquista do título paulista de 1977, no dia 13 de outubro, quando o Corinthians saiu da fila que durava desde 1954. Ruço era da equipe vencedora dirigida pelo técnico Oswaldo Brandão, que tinha como base: Tobias (Jairo); Zé Maria, Moisés, Ademir (Zé Eduardo) e Wladimir; Ruço, Basílio e Palhinha (Luciano); Vaguinho, Geraldão e Romeu Cambalhota.
O gol no Maracanã
Em entrevista ao programa "Jogos para Sempre", da Sportv, o publicitário e corintiano Washington Olivetto, que estava no Maracanã naquele 5 de dezembro de 1976, falou que o gol de Ruço foi um impacto na torcida do Fluminense.
"Eu digo que foi o segundo grande susto que a torcida do Flu tomou. Foi um gol invasivo, ainda mais porque foi feito pelo Ruço, que era uma figura com aquele cabelo vermelho", contou.
O então presidente do Fluminense, Francisco Horta, também entrevistado no "Jogos para Sempre" falou que o gol de Ruço esfriou a Máquina Tricolor. "Nós não fizemos o segundo e eles marcaram. Eu já tinha sentido medo quando vi a torcida do Corinthians no Maracanã. Foi algo inexplicável", falou Horta.
Para Ruço, o seu gol foi importante, mas o que ele tem mais marcado na memória é o momento em que o Corinthians entrou em campo contra o Fluminense. "Foi realmente de arrepiar. Não sabíamos que seria daquele jeito. Eu tinha amigos no Rio de Janeiro e já tinha falado que a torcida do Corinthians invadiria o Maracanã. Mas não sabíamos que seria daquela forma", fala Ruço.
Fonte "Almanaque do Corinthians" - Celso Unlzelte
Outra curiosidade sobre a partida diante do Fluminense em 1976 no Maracanã aconteceu nos vestiários do estádio, antes do jogo.
"Entrou uma pessoa lá, um vidente, sei lá. Disse que pra eu ter sorte teria de passar a mão no bumbum do Rivellino por três vezes durante a partida. Fiquei meio assim, conhecia o Rivellino... Mas em uma falta que ele sofreu, ajudeio-o a se levantar e aproveitei para fazer a simpatia. Acho que deu certo, né?", revelou sorrindo o jogador, em entrevista ao programa Esporte Fantástico, da Rede Record.