Rubens Volpe

Último dos escoteiros do jornalismo
Com consternação recebi esta manhã (dia 13 de janeiro de 2005) a notícia do falecimento do jornalista Rubens Volpe, o Rubão, como eu o chamava, ou ainda do "Binho Volpe?, conhecido de boa parte da turma da imprensa antiga de Araraquara.

Sempre tive uma admiração mitológica pelo Rubão. Depois que me formei em jornalismo pela Unesp de Bauru, isto em 1997, ingressei na EPTV Central, afiliada da Rede Globo em São Carlos e ouvi muitas histórias do Rubens Volpe, como um dos implantadores da Rede Globo em nossa região. Certamente, meus colegas de profissão Paulo Brasileiro, Osney Montanary, José A.C. Silva Filho, o Zezinho, filho do saudoso Paulo Silva, Humberto Perez e tantos outros têm mais bagagem pra falar do Rubão do que eu.

Mas Deus me deu a oportunidade de estar, ainda que por breve tempo, em sua companhia profissional. Trabalhei com o lendário na Rede Família de Televisão, quando esta ainda mantinha sede em Ribeirão Preto, perto das antenas de tv, onde hoje é a sede da Tv Record. Fazíamos um belo jornal ancorado pelo Lin Fernandez. No dia em que o Rubão me viu, falou: "Você é de Araraquara? Então deve ser louco também...?, referindo-se com sua sarcástica inteligência aos grandes expoentes que nossa Morada do Sol colocou no mundo, como o Zé Celso e o Loyola de Brandão.

Mas o Rubão era diferente: brigão, louco, editor de mão cheia, maldito para alguns, brilhante pra outros. Em 2000, perambulava eu pelo sul de Minas Gerais, ingressando em mais uma afiliada da Rede Globo de Televisão, desta vez a EPTV Sul de Minas, com sede em Varginha. Foi chegar lá, me identificar como sendo de Araraquara e, novamente, o reconhecimento, desta feita vindo do então gerente de jornalismo da emissora e, hoje, amigo de fé, Pedro Varoni: "a Terra do Rubens Volpe, ser-humano especial e diferente!? Passando a vista no histórico acima, fica claro a estreita ligação do Rubão com a EPTV. Consta até que ele gozava de prestígio pessoal com os diretores da empresa, da família Coutinho Nogueira. Tanto assim que os quatro telejornais da casa, anunciaram em rede, a notícia de seu falecimento.

Rubens Volpe era assim: um doido adorável, daqueles jornalistas que fazem qualquer garoto aspirante à profissão acreditar em ideais. Junta-se agora ao querido Wilson Toni, que também nos deixou há um mês. Parece mesmo que os românticos estão partindo e o jornalismo romântico ficando pra trás.

Por fim, telefonei pela manhã ao Luís Alberto Volpe, o Pio, ele mesmo, ex-jogador de futebol do Palmeiras e da Ferroviária. O Pio é primo do Rubão e, juro por Deus, nunca o vi tão abatido (e olha que convivo com a família do Pio há um bom tempo).

Fica assim não Pio. O Rubão descansou. A época de ouro se transforma. Saibamos respeitar o legado de coragem e o lado visionário do Rubão. Que as faculdades de comunicação agreguem sem seu currículo a disciplina: Rubens Volpe ? o jornalismo à flor da péle. Descansa, bravo guerreiro. Até um dia Rubão.

Rodrigo Viana é jornalista, editor e apresentador de tv e mestrando em estudos literários pela Unesp de Araraquara.

por Rodrigo Viana
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