Nonato

Ex-lateral-esquerdo do Cruzeiro

Um dos jogadores que mais vezes vestiu a camisa do Cruzeiro (foram 388 jogos em sete anos e 22 gols marcados), o ex-lateral-esquerdo Nonato tornou-se treinador após encerrar a carreira.
Entre 2003 e 2006, trabalhou nas categorias de base do clube da Toca da Raposa. 
Depois, foi auxiliar de Toninho Cerezo no Guarani-SP e no Al-Shabab, dos Emirados Árabes Unidos.
De volta ao Brasil, no meio de 2008, Nonato foi convidado pelo Cruzeiro para divulgar o projeto "Confraria", que visava à abertura de franquias de bares temáticos do clube pelo interior de Minas Gerais.
Potiguar nascido em Mossoró em 23 de fevereiro de 1967, começou a carreira no Baraúnas, em 1988. Passou depois pelo ABC de Natal e Pouso Alegre (MG) até chegar ao Cruzeiro, em 1990. Em 1997, transferiu-se para o Fluminense e daí para o Etti-Jundiaí, que voltou anos depois a se chamar Paulista. O encerramento da carreira aconteceu no ABC-RN, em 2002.
Nonato conquistou inúmeros títulos no Cruzeiro. Foi campeão mineiro em 1992, 1994, 1996 e 1997, da Libertadores em 1996, da Copa do Brasil em 1993 e 1996 e da Supercopa em 1991 e 1992.
Curiosamente destro apesar da facilidade de jogar do lado esquerdo do campo, teve que vencer a concorrência pela posição até cair nas graças da torcida. Quando chegou ao clube, lá já estavam os canhotos Eduardo (ex-Flu) e Paulo César (ex-Grêmio). No entanto, não ter participado da decisão do título intercontinental de 1997 contra o Borussia Dortmund é uma de suas maiores mágoas.
O ex-jogador também ficou marcado por ter agredido com um chute a auxiliar de uma partida em que o seu Cruzeiro perdeu para o Corinthians por 2 a 1 em 10 de novembro de 1993 pelo Campeonato Brasileiro, jogo realizado no Pacaembu.
Por Marcelo Rozenberg

 


 

O Portal Terceiro Tempo recebeu no dia 21 de junho de 2011 de Cláudio Guimarães (claudio@portal5estrelas.net), o seguinte e-mail:

Conforme pedido do Milton Neves em conversa com o produtor Billy do Portal 5 Estrelas segue o link para a entrevista feita com o ex-jogador Nonato sobre o bicampeonato da Copa do Brasil conquistado pelo Cruzeiro Esporte Clube em 1996.

http://www.portal5estrelas.net/colunistas_publicacao.php?Cod=234

Agradeço desde já a atenção

Um abraço

Cláudio Guimarães ? Portal5Estrelas.net
Jornalista Responsável
Twitter: @ClaudioErnani
MSN: clbraga@hotmail.com

 

O capitão Nonato e a saga da Copa do Brasil de 1996
Colunista: Entrevistas Portal 5 Estrelas
contato@portal5estrelas.net 
 
 
Por Cláudio Guimarães - Produção: Billy Goleiro Fotos: Billy Goleiro /Superesportes


Nonato é um vencedor.  Saiu de Mossoró, interior do Rio Grande do Norte, para ajudar o Cruzeiro a escrever várias páginas heróicas e imortais. Uma delas, a Copa do Brasil de 1996, completa hoje, dia 19 de junho, 15 anos. Nesta conquista, Nonato era, além de um dos líderes do grupo, o capitão da equipe e se orgulha de ter levantado uma taça que todos julgavam praticamente perdida.

O Palmeiras era uma máquina de jogar futebol só que o Cruzeiro tinha coração e o BICAMPEONATO DA COPA DO BRASIL  teve um sabor especial para toda a torcida celeste. Haja vista o tamanho da festa feita pelo torcedor no dia seguinte a conquista.

Confira o papo que o Portal 5 Estrelas teve com o grande capitão. Ele revela, além de curiosidades sobre a conquista, detalhes sobre os bastidores do que aconteceu naquela noite no Parque Antártica.


P5E ? O título da Copa do Brasil de 1996 teve um gostinho especial por toda a atmosfera que se criou em torno do Palmeiras?
Teve um gostinho especial. Ninguém esperava que o Cruzeiro fosse campeão. O Palmeiras era uma verdadeira máquina de jogar futebol. Foi uma grande surpresa para todos. Lembro que a partida foi transmitida pelo SBT e, com cinco minutos de jogo, o comentarista já dava a vitória alviverde como certa. Lembro também que o Ricardo Teixeira estava com o Zezé Perrella na Tribuna de Honra, o presidente da CBF deu um abraço o cumprimentando pelo vice e, aos 30 minutos do segundo tempo, viramos o jogo. Neste momento, o Ricardo já tinha descido com o presidente do Palmeiras para as comemorações. O Zezé chegou junto a eles extravasando. Foi muito legal. Eles tinham até fechado uma boate para comemorar o titulo e quem acabou indo para lá fazer a festa fomos nós.

P5E ? Em campo, vocês sentiam que os jogadores do Palmeiras já se sentiam campeões?
A gente sentia isso. Mesmo antes de entrar em campo,  o grupo se preparava para enfrentar o grande favoritismo do adversário. Na palestra antes da final, lembrei o que o Zezé Perrella sempre dizia: o jogador deveria entrar em campo dando 10% a mais do que cada um pode, ou seja 110%, assim entraríamos com um a mais.

Peguei esse gancho e parti para o individual. Perguntei para cada um: Dida você é pior do que o Velloso? Vítor você joga menos que o Cafú? Todos responderam que ou eram superiores ou do mesmo nível.  Então temos chance! Ai a mão divina nos abençoou.

Aquele título tinha que ser nosso. Salvei gols, o Fabinho também, o Dida pegou tudo. Se fosse um jogo normal, o time deles tinha feito muitos gols. Por isso que o futebol é emocionante e apaixona tanta gente.

P5E ? O Levir Culpi fez algum tipo de preparação especial para a decisão em São Paulo?
Depois do empate no Mineirão, o Levir não fez nenhum tipo de alteração nos treinamentos. Foi tudo normal seguimos, a risca o mesmo cronograma estipulado. O que aumentou foi a motivação para chegarmos lá e conquistarmos o BI.

 Sempre fui um cara que gostava de jogar fora de casa. Quando a gente descia do ônibus, a torcida adversária nos xingava. Eu gostava disso. Mentalizava a vingança lá dentro das quatro linhas: "tá bom daqui a pouco vocês vão ver?. Muitas vezes deu certo, uma delas foi essa no Parque Antártica.

P5E ? Quando o Luisão fez o gol e abriu o marcador, você, como um dos líderes do time, teve qual reação?
Eu pensei, meu Deus, com cinco minutos e tomar um gol, vai complicar. Mas o time acalmou, ficamos tranquilos, passamos a tocar a bola. Chegamos ao empate e, apesar do sufoco do Palmeiras, levaríamos a decisão para os pênaltis. Quando fizemos o segundo gol e viramos,  senti que ali não tinha mais jeito. Para perdermos o título, precisaríamos tomar dois gols, então, era hora de nos fecharmos. Foi aí que comecei a aparecer mais para o jogo, a segurar a bola, e deu no que deu.

P5E ? Como foi o momento em que você viu o Veloso soltando a bola nos pés de Marcelo Ramos e depois a bola balançando as redes?
Nesse momento pensei: não é possível que o Veloso soltou essa bola! Esse é nosso! Agora não tem jeito! O curioso é que, antes do gol, aproveitávamos bem os contra-ataques. No lance anterior, eu fiz uma jogada onde driblei todo mundo, toquei para o Palhinha e ele fez o certo: encobriu o Veloso. Pena que a bola não entrou.  Seria 3 a 1!

P5E ?  Qual foi o seu sentimento quando o árbitro encerrou a partida e você tinha a certeza que o Cruzeiro era tricampeão da Copa do Brasil?
Você pode ganhar muito dinheiro com o futebol. Mas nada paga a glória de uma conquista como essa. O jogador hoje não tem noção do sentimento do que é ganhar uma competição como a Copa do Brasil ou a Libertadores. Pode passar o tempo que for, eu estarei na história do clube. Meu nome está ali.

Depois do jogo no Parque Antártica, fui para o exame anti-doping.  Encontrei com o  Cafu na sala.  Naquele momento, eu estava muito emocionado e chorava sentado no canto. Ele se dirigiu a mim e perguntou: como é que você se emociona com um título desses? Eu nem respondi.

Isso é uma coisa que ficará marcada para o resto da vida. Quantas pessoas estão hoje milionárias ai e não são reconhecidas como eu, o Roberto Gaúcho e todos os jogadores que ganharam aquela Copa do Brasil?

P5E - Quinze anos depois fica uma pontinha de saudade?
Fica sim. Foi marcante. Um título extremamente importante. Eu era um dos líderes do grupo, o capitão e tive a honra e o privilégio de levantar essa taça.

P5E ? Como capitão e um dos líderes daquele time, qual era o ponto forte do grupo?
Sem dúvida a união.  Todo mundo se dava bem. Foi naquele ano que ocorreu a troca de jogadores entre Cruzeiro e São Paulo.  O Beletti e o Serginho foram para lá e, em troca, vieram Vitor, Ailton, Gilmar, Donizetti Oliveira e o Palhinha. O ambiente era tão bom que, na pelada de sábado, dois times eram formados: o dos paulistas e o meu.  Não tinha rivalidade, não tinha nada.

Esse foi um dos melhores grupos que trabalhei. O outro foi o que conquistou a Supercopa de 1992. Mesmo tendo o Renato Gaucho como a principal estrela, não havia nada, nenhum estrelismo. Era bom trabalhar ali.

P5E  ? Como você classifica a atuação do Dida nesta final?
Foi simplesmente inacreditável. O BI, a gente deve metade a ele. Ele pegou tudo estava inspirado.

P5E ? O caminho do Cruzeiro até a final não foi fácil. Vasco, Corinthians e Flamengo foram os adversários até a final. Alguns momentos marcantes dessa caminhada foram a história goleada de 6 a 2 sobre o vasco em São Januario e a partida e a goleada  sobre o Corinthians no Independência. Estes resultados motivaram o grupo?
Em 1996, o único adversário inferior foi o Juventus do Acre. O resto foi pauleira pura. Foi uma das conquistas mais difíceis que tive com a camisa do Cruzeiro. Foram jogos muitos disputados, todos times grandes, de massa e que não entram para brincar em nenhuma competição. Fomos muito felizes naquela ocasião. Posso falar que foi uma campanha inesquecível.

P5E ? Como foi jogar com Palhinha no meio campo e um ataque formado por Marcelo Ramos e Roberto Gaúcho?
O Marcelo era o matador. O Roberto era muito preciso. O Palhinha era o cérebro. Pensava rápido era inteligente demais. Agora um jogador que foi muito importante nesta conquista e que poucos falam nele foi o Cleison.  Ele não aparecia muito para o torcedor mas era fundamental no esquema tático. Ele jogava como ponta direita falso e, quando a gente estava sem a bola, fechava o meio e liberava o Palhinha para criar.

P5E ? O Portal 5 Estrelas realizou uma entrevista com o narrador Alberto Rodrigues e ele te colocou no time dos sonhos do Cruzeiro. Como você vê esse tipo de reconhecimento?
Isso é muito gratificante.  Na primeira eleição da Revista Placar eu também estava presente. Na outra entrou o Sorin. Mas você ouvir das pessoas que está entre os melhores que jogaram no Cruzeiro é muito gratificante. Não há nada que pague isso. Esse  tipo de reconhecimento é tão legal que acabei fixando raízes em Belo Horizonte.

Imagine só? Eu, nordestino, lá de Mossoró, Natal, a capital do meu Estado, é uma das mais belas  e eu optei por morar em Belo Horizonte. Essa decisão aconteceu principalmente por este carinho que tenho. Hoje eu sou mais conhecido aqui do que lá. Minha família se adaptou muito bem. O mineiro é muito bom. Principalmente depois que você conquista a confiança dele.

P5E ? Como foi o seu início de carreira no Cruzeiro?
Eu vim do Pouso Alegre e foi muito difícil. O Cruzeiro tinha dois laterais na época:  Eduardo e Paulo César. Coincidiu que os dois ficaram sem contrato na véspera da estreia do Campeonato Brasileiro.  A oportunidade de jogar apareceu e vencemos o Botafogo por 1 a 0. Aproveitei a minha chance tive personalidade. Quem chega do interior ou de clubes menores nunca pode desanimar. O segredo é matar um leão todos os dias.

P5E ?  Vencida esta etapa, você se transformou em um dos jogadores mais vitoriosos da história do Cruzeiro. Quais são as conquistas  que não saem da memória?
A Supercopa de 1991 foi muito importante. Inesquecível por ser o meu primeiro título e mais ainda pelas circunstâncias. Perdemos o primeiro jogo lá por 2 a 0 e precisávamos fazer três gols no Mineirão. Neste jogo, todos os gandulas eram das categorias de base do Cruzeiro. Entre eles estavam Belleti e Donizetti Amorim.  Não éramos apenas 11 em campo. Este foi um título conquistado por um grupo, um clube, uma  mobilização.

A Copa do Brasil também foi muito importante. Mas a Libertadores de 1997 foi especial. Perdemos as três primeiras partidas e tivemos forças para reerguer e passar por cima de adversários como o Grêmio e o Colo Colo.

Só ficou a tristeza por não ganhar o Mundial de 1997 no Japão. O que nos prejudicou foi a indecisão. O Nelsinho criou uma dúvida muito grande sobre os jogadores que viajariam para enfrentar o Borussia. O Gottardo, capitão na conquista da Libertadores, nem foi relacionado. Eu, com 14 títulos no Cruzeiro, fiquei na reserva. Isso gerou um clima ruim.

P5E ? Além dos títulos, quais são os jogos  mais marcantes que você participou?
As finais da Supercopa contra River Plate e Racing. A final da Copa do Brasil  em que vencemos o Palmeiras. A vitória por 5 a 3, sobre o Botafogo, no Brasileirão de 1996 e, neste mesmo ano, o triunfo sobre o Atletico, por 2 a 1. Neste jogo travei um grande duelo com o Euller e sai vitorioso. Fui eleito o melhor jogador em campo.

P5E ? Qual foi o melhor treinador que você teve na carreira?
Sem dúvida alguma o Ênio Andrade. Seu Ênio, Deus o tenha em bom lugar, era um profissional diferenciado. Se você perguntar para 100 jogadores que trabalharam com ele, 99 dirão que ele foi o melhor. Ele era muito simples, curto e grosso. Futebol se joga assim. Não adianta inventar. Seu Ênio não cobrava de ninguém nada que você não estava apto a fazer. Ele sabia exatamente qual era o limite de cada atleta.

P5E - Como é a sua relação com a torcida do Cruzeiro?
O carinho do torcedor do Cruzeiro é muito grande. Não há nada que pague isso. Em qualquer lugar que eu vou sempre tem alguém para conversar, tirar uma foto ou simplesmente pedir um aperto de mão. Isso para mim é muito gratificante e guardo com muito gosto na memória.

P5E - Apesar do início ruim no Brasileirão você ainda acredita que o Cruzeiro podera chegar ao topo da tabela?

O Cruzeiro é um dos melhores elencos ao lado de Internacional, Corintians e Fluminense. O time precisa começar a vencer e afastar essa fase ruim. A partir deste momento o time tem tudo para chegar ao topo.

 

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