por Milton Neves
Jamais vou me esquecer de Nilo Bortoloti.
Dono do Bar Majestic, espécie de "Boca Maldita" de Muzambinho-MG nos anos 50 e 60, o Seo Nilo respirava futebol atrás de seus baleiros, no caixa.
Ali, nossas "mesas redondas" provocavam incêndios na cidade.
"Armado" por dois rádios Pionner e Transglobe atrás de si, Nilo Bortoloti "atacava" quem falava mal de seu querido Palmeiras.
Meu hoje sogro, Hélio "Bibi" Magnoni, dono do "Bar Pinguim", rival do "Bar Majestic", fazia o mesmo.
Nilo Bortoloti, que hoje está orgulhoso no céu, por seu neto Marcelo Bortoloti - repórter da Folha no Rio e ex-repórter de Veja -, gostava tanto de futebol, que resolveu não ser só torcedor.
Em parceria com o também saudoso empresário Pedro Viola, fundou em 1960 o primeiro e único time semiprofissional de Muzambinho.
Para isso, comprou uniformes brancos - como o do Santos - em São Paulo e o time ficou lindo para o orgulho da cidade.
E contratou Dedém de Cabo Verde-MG, o beque "Zé Mirto" de Machado-MG, o goleiro Nei Baiano de Guaxupé, Ari Sestari e Boizinho de São José do Rio Pardo-SP e o atacante Ditinho e o zagueiro Chandão, de origem que, confesso desconheço ou esqueci.
Eles "enxertaram" nosso time que já contava com Fominha, Tente, Tôti, Corote, Marcolina, Camila e Ivan Surdão.
Mas a verdade é que o esquadrão do Seo Nilo e do seu Pedrinho empolgou a cidade.
Com 8 anos de idade eu achava até que o Bandeirantes Futebol Clube seria... "campeão mundial".
Não durou muito, mas ganhamos da Esportiva de Guaxupé, Cruz Preta de Alfenas, do então imbatível time de 11 negros sensacionais da Usina de Itaiquara de Tapiratiba-SP e até da Caldense.
Mas duro foi perder de 14 a 1 para o Olaria de Murilo, Haroldo e Jaburu em 1961.
O sonho morreu, mas não nossa gratidão ao bonachão Nilo Bortoloti que falava como o também gordo Modesto Roma, ex-presidente do Santos.
Aquele abraço, Seo Nilo, mas saiba que meu Santos era, foi, é e sempre será maior e melhor do que o seu Palmeiras! (rs).