Manoel

Ex-zagueiro-central do Botafogo-RP
por Milton Neves

Manoel, o raçudo Manoel Barbudo ou Manoel Paulada, excelente zagueiro de área do Botafogo de Ribeirão Preto, do América de Rio Preto e do Operário de Campo Grande durante os anos 70 e 80, morreu em Ribeirão Preto-SP em 13 de outubro de 2020, aos 75 anos. O ex-defensor lutava há anos contra o mal de Alzheimer. 

Manoel de Oliveira Costa, mineiro de Januária, onde nasceu em 7 de janeiro de 1945, perdeu o cabelo e a barba após deixar o futebol.
 
Trabalhou como professor de Educação Física e técnico de futebol, sendo sempre extremamente querido e respeitado na cidade onde tanto e tão bem jogou, principalmente nos tempos de Sócrates, no Botinha.

Grande Manoel!

Leia esta matéria feita por Lucas de Castro, do jornal Gazeta de Riberão Preto-SP
Bem longe do glamour
O lado ruim do futebol Craques de outros tempos lamentam desvalorização do futebol no passado e buscam novas opções de renda
LUCAS DE CASTRO
Gazeta de Ribeirão
lucas.castro@gazetaderibeirao.com.br
15/08/2010
A busca por fama e dinheiro é o que leva, cada vez mais cedo, jovens de todas as idades às escolinhas de futebol pelo Brasil a fora. A opinião é de quem já vestiu a camisa de grandes times, numa época em que jogar bola não era sinônimo de riqueza. É comum, hoje em dia, ver grandes craques do futebol da década de 1970 trabalhando em outras atividades para compor a renda familiar.
O ex-jogador do Botafogo Carlos Alexandro Corleone, o Carlucci, 64 anos, ficou conhecido nos anos 70 como o Canhão do Santa Cruz, em referência ao estádio do Pantera. Carlucci brilhou como lateral-esquerdo; passou pelo Comercial, Sertãozinho e chegou a receber propostas do Corinthians e Fluminense. "Quando parei de jogar em 1974, em dez anos como jogador só tinha uma casa e um carro popular." O ex-jogador contou que, após pendurar as chuteiras, entrou para a faculdade de educação física. "Futebol não deixava ninguém rico e eu só tinha 28 anos. Precisava de trabalho e fui fazer algo que amo."
A história de Manoel de Oliveira Costa, campeão Paulista em 1977 pelo Botafogo, contra o São Paulo, no Morumbi, não é diferente. Manoel viveu dos gramados até os 35 anos e depois buscou nos estudos uma fonte de renda. "Eu só tinha o primário quando parei de jogar. Voltei a estudar e me formei em educação física." O ex-quarto zagueiro, aos 65 anos, lembra com orgulho sua trajetória pelo futebol. "A bola para mim sempre foi amor. Até porque dinheiro a gente não ganhava", brincou Manoel. Atleta exemplar, como se autointitula, o ex-jogador hoje dá aulas de preparação física a crianças carentes em núcleos sociais mantidos pela Prefeitura. "Eu não sei ficar parado. Além disso, não fiz fortuna no futebol."
Na opinião do ex-jogador Edson Andrade, 70 anos, que chegou a jogar no Cruzeiro, São Caetano e Vasco da Gama, nos anos 60, o futebol de antigamente foi ingrato com grandes jogadores. Hoje, Andrade luta na Justiça para receber aposentadoria por idade. "Eu dependo dos meus filhos. Na época em que jogava, nunca pensei em seria assim. O futebol não me deu nada."
Escolinha aplica "sermão"
Escolinhas de futebol de Ribeirão Preto ensinam jovens que buscam status como jogador de futebol a como trabalhar com fama e dinheiro. "Quero que vocês sejam grande atletas e não estrelas de tevê." 
É esse o sermão que Marcelo Romeu, preparador físico, costuma dar às 35 crianças do Maria Casa Grande todos os dias. "Sei que daqui vão sair muitos craques.
 Não quero vê-los perdidos por não saber administrar fama e dinheiro", afirmou. Romeu, que há 18 anos dá aulas de futebol a crianças carentes, disse que tenta conversar mais com meninos sem estrutura familiar. "Tento dar a base para que eles se tornem homens e depois jogadores."
Renan Souza, 12 anos, o ensinamento do "tio Roma", como é chamado, será levado para vida toda. "Se um dia jogar em um time grande não vou esquecer de onde eu venho e vou saber usar meu dinheiro para o bem", garantiu. (LC)
FRASE
"A bola para mim sempre foi amor mesmo. Até porque, dinheiro a gente não ganhava."
Manoel de Oliveira Costa, jogador do Botafogo nos anos 70

Salário no Interior varia de R$ 10 mil a R$ 30 mil, dizem clubes

O salário de jogadores de futebol no interior de São Paulo está 20 vezes maior, se comparado há 40 anos, segundo dirigentes de clubes de futebol. Hoje, a média salarial de um jogador que disputa o Campeonato Paulista, por exemplo, vai de R$ 10 mil a R$ 30 mil por mês.
Para o ex-diretor de futebol do Botafogo Osvaldo Festucci, atualmente, o jogador que tem boa cabeça consegue deixar os gramados com um bom dinheiro no banco. "Conheço atletas que, com R$ 10 mil por mês, fizeram a vida em dez anos de futebol." O ex-jogador do Comercial e atual treinado do time de base do Bafo, Adenilson Castelini, o Japinha, encerrou a carreira em 2006 jogando pelo Leão. Ele disse ter investido parte do que ganhou no futebol em imóveis. "É utopia achar que ao parar de jogar um jogador pode deixar de trabalhar. Não sou rico, mas tive cabeça e apliquei o dinheiro que ganhei." 
Japinha disse que hoje tenta passar aos jogadores mais jovens a importância de pensar no futuro após o esporte. "Futebol não é para sempre. Falo aos jogadores que é preciso estudar para conquistar algo na vida." (LC)
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