UOL Esporte: Você acha que o clube deve se preocupar em fazer do jogador na base uma pessoa mais completa?
Edmilson: Sim. Não adianta ter só uma estrutura maravilhosa. Com todo respeito ao São Paulo, não adianta ter um CT como o de Cotia se você realmente não formar o caráter do homem em primeiro lugar. Eu acho que é fundamental você, dentro de uma carreira, ter uma perspectiva de futuro. Não adianta ter uma estrutura, campo bom, cama boa, tudo bom, se o menino se acomoda. O cara ter que ralar para formar o caráter porque se tudo for muito fácil ele não dá valor.
UOL Esporte: Seguindo esse raciocínio, você acha que o CT de Cotia atrapalha o garoto?
Edmilson: O CT de Cotia que o São Paulo fez é maravilhoso. Acho que não existe no mundo um CT igual. O São Paulo tem acompanhamento psicológico, pedagógico, assistente social, mas o menino precisa aprender a valorizar aquilo. Muitos deles já tem um contrato profissional, já ganham seu dinheirinho, estão num lugar maravilhoso. Será que é bom isso? E tem outra coisa: será que todas as categorias estão lá para ganhar títulos, para ser campeão da Copa São Paulo, ou para formar um jogador profissional? Eu não estou aqui criticando o São Paulo, eu citei o clube porque é um exemplo de estrutura, mas o São Paulo faz algum tempo que não forma um lateral direito e um lateral esquerdo. Será que os laterais das esquipes de base jogam com o mesmo esquema do sub-15, sub-17, 20? Não! O sub-15 joga no 4-3-3, o sub-17 no 4-4-1! No Barcelona existe essa interação do treinador sub-20, com o 17. Reunir pelo menos uma vez por mês, o cara passa relatórios e diz, por exemplo: ´olha eu tenho esse garoto que está se desenvolvendo e ele pode trabalhar nessa função que você quer, Muricy, pode confiar´. O Muricy vai colocar o menino lá e ele vai se desenvolver! Acho que nós estamos vivendo uma crise de talentos.
UOL Esporte: É possível apontar um culpado por tudo isso? Dirigentes? Treinadores? A mídia? Os próprios jogadores? Todos? Ou estaríamos sendo maniqueístas demais ao tentar encontrar um só culpado?
Edmilson: Precisamos sempre melhorar, mas o dirigente não é o único culpado. O atleta também precisa ser mais responsável, os treinadores mais preparados. Acho que hoje não tem educador. O Telê Santana ensinava o cara a bater na bola, insistia para chutar de direita, de esquerda. Hoje, acaba o treino e o jogador não vê a hora de ir embora porque tem gravação. (O atleta) deixa o futebol às vezes como uma coisa secundária, mas é a vida dele. Infelizmente, antes você olhava para os grandes clubes europeus e tinha sempre dois, três atacantes brasileiros em cada um. Hoje, a gente não vê mais isso. Nossa referência, infelizmente, são os laterais e zagueiros. Por que isso aí? Talvez falte um pouco (do trabalho) dos dirigentes, um pouco do treinador, bastante do jogador e do entorno que move o futebol. Não me lembro de um treinador igual ao Telê Santana. O Parreira me ensinou bastante, em 1996, no São Paulo.... Mas o Rogério Ceni hoje é o que é por causa do Telê, que obrigava todo mundo a chegar meia hora antes e ir para o paredão treinar passe. Hoje, você não vê mais um meio-campista fazer uma mudança de jogo, um zagueiro dando um passe de 40 metros.
UOL Esporte: Você defendeu dois grandes clubes da Europa (Barcelona e Lyon). Qual o balanço que você faz de sua experiência por lá?
Edmilson: Em quatro anos no Lyon (entre 2000 e 2004), fui tricampeão francês. Mas tive uma temporada bastante difícil depois da Copa. Até tinha uns caras que queriam me boicotar, achando que eu me sentia ´o cara´ e nunca fui assim. Fui muito bem e discreto, mas francês é um pouco ciumento. Tinha lá um brasileiro ´meio francês´ que me boicotou também. Não era o Juninho nem o Caçapa...é só ver direito quem estava lá (risos). Mas meu objetivo mesmo era ir para um clube grande. A chegada no Barcelona (em 2004) foi um sonho. Tinha 28 anos, quatro anos de contrato. Cheguei bem fisicamente, estava jogando na seleção. Só que rompi o ligamento cruzado com apenas cinco jogos. Graças a Deus consegui me recuperar e fazer uma temporada excepcional com o Barça. Fui convocado para a Copa da Alemanha de 2006 e fui cortado também. Tive uma recaída no próprio joelho que eu havia operado. Fui convocado e a gente fez um exame durante a preparação, e foi constatado que tinha uma lesão de menisco.
UOL Esporte: No Barcelona você jogou com o Ronaldinho Gaúcho e Messi. Agora de fora observa o Neymar. Ele está seguindo o caminho para ser o melhor jogador do Mundo?
Edmilson: Nunca joguei com alguém igual ao Ronaldinho Gaúcho. A temporada que ele fez em 2005/06 foi excepcional. Ele levava o time nas costas. Era aquele tipo de jogador que você fala ´para esse aí eu vou correr, vou correr até demais´. O Messi veio como referência da base. O Barcelona tem toda essa metodologia que protege quem é a referrência. É um ciclo. O cara não vai ficar para sempre. Após dois anos, o Messi vai ter que buscar novos ares, novos desafios. Está vindo o Neymar. Com certeza o Barça o está preparando. Ele também foi muito bem assessorado para realmente saber que hoje a referência é o Lionel Messi. Acho que ele melhorou nesse período no Barcelona. Taticamente, ele está muito melhor do que no Santos. Não é aquele cara fantástico que pega e dribla, até porque não é o sistema do Barça. Você não pode passar por três, quatro. Tem que pegar e tocar rápido. Você não é o melhor do mundo de um dia para outro. O atleta tem que estar focado e acho que ele está se destacando, talvez de uma maneira diferente. Na metade da temporada de 2014 ele vai ser tão brilhante como o Messi ou até melhor. O Neymar tem carisma, é popular, sabe lidar com o público. Isso é bom para ele. Acho que foi o primeiro atleta estrangeiro a chegar no Barcelona e não ficar um dia no hotel. Já havia uma casa preparada só para ele.
UOL Esporte: Você é a favor de não ter mais a concentração antes de jogos?
Edmilson: Se tenho um grupo com profissionais realmente comprometidos, quem é o mais prejudicado? O próprio atleta. Vai do profissional se à noite ele vai dormir bem. Só se o cara for burro ele vai pra farra. Porque a hora que ele entrar em campo, não vai render. É pior para ele. Acho que essa consciência depende muito mais do atleta do que propriamente do treinador. Tem gente que dorme e come tarde, na casa dele ou em qualquer lugar. Eu não conseguia acordar meio-dia. Lá na França, a gente acordava de manhã, tomava um café, voltava para descansar um pouco e depois ia caminhar para ´tirar o hotel das costas´. Como que eu vou jogar quatro horas ´numa lua´ sem antes tomar um cafezinho, dar uma alongada, espreguiçar o corpo e fazer uma caminhada?.
UOL Esporte: E sua atuação durante a Copa de 2002? Apesar das boas exibições no final do Mundial e do título, nem tudo foi muito fácil para você, certo?
Edmilson: Em 2002, fui como reserva e conquistei a posição durante a preparação. No primeiro jogo (Turquia 2 a 1 Brasil), fui titular. Na estreia, a Globo colocou a minha camisa de cabeça pra baixo, um bode expiatório. Sai o Edmilson, entra o Anderson Polga e o Brasil ganhou da China por 4 a 0. Fiquei chateado até porque analiso bem o jogo. Não fui mal para sair do time. Fiquei um pouco carrancudo, mas também conversei com o Scolari. Ele disse que queria testar o Anderson. Falei ´não tem nenhum problema´. Eu esperava uma nova chance e ela veio foi no terceiro jogo. Logo depois da partida contra a China, Roque Júnior, Roberto Carlos e Ronaldinho Gaúcho estavam com cartão amarelo. Ele não queria que eles tomassem o terceiro para ficarem suspensos e fez três alterações: Júnior, Edílson e eu. Fiz um dos gols. Eu não guardo nenhum tipo de rancor, pelo contrário, eu tinha que mostrar pra mim mesmo que tinha capacidade. Eu acho que a oportunidade apareceu e eu estava preparado. Mostrei para o Felipão que poderia seguir jogando.
UOL Esporte: Você acha que a TV e a imprensa em certos momentos pode prejudicar o desempenho de um atleta?
Edmilson: O papel de uma grande emissora é de informar dentro de um limite. Em 2002, só tinha imprensa na Universidade de Ulsan, onde a gente fez a preparação, e o contato foi muito grande. O grande erro de 2006, por exemplo, foi essa exposição total. Em 2010, o Dunga já blindou e foi criticado, mas na minha avaliação foi maravilhoso. Em 2006, parecia o Big Brother, com 10 mil pessoas assistindo a um treino. Acho que o Felipão vai isolar neste ano. A Copa é no nosso país, temos que usar a melhor estratégia para que o time realmente entre em campo blindado. Na Copa das Confederações, todas as declarações do Felipão pediam o apoio do torcedor. Cantar o hino nacional foi fantástico. Em 2002, a relação com a imprensa também era diferente. Não tinha tanta rede social, nós tínhamos poucas informações e o contato era só por telefone. Lembro que eu ligava pra minha mãe e ela dizia: ´É bom mesmo que você não jogue contra a China, pelo menos se perder você não estará no time e não será criticado!´. Eu respondi: ´Não mãe, pelo amor de Deus, não é assim (risos)!´
UOL Esporte: Por que o Palmeiras não conseguiu ser campeão brasileiro em 2009? A sua lesão atrapalhou muito para o seu rendimento?
Edmilson: O segundo semestre de 2009 foi muito duro. Quebrei o cotovelo, tenho até a marca. Não consigo esticar direito o braço até hoje. Mas o Vanderlei (Luxemburgo) tinha saído pela eliminação da Libertadores e veio o interino Jorginho. Ele fez uma excelente campanha, mas depois chegou o Muricy e também ganhou alguns jogos. Ganhamos por 3 a 1 de virada do Santos na Vila, com dois gols do Vagner Love. Abrimos 11 pontos e faltavam 11 rodadas. Acho que a gente chegou ao limite naquele jogo. Perdemos duas peças importantes, o Cleiton Xavier e o Pierre. Voltei muito mal e não conseguia o mesmo ritmo do começo de ano. Foi uma frustração muito grande, não só pra mim, mas para todos os palmeirenses. Até fiquei no banco em alguns jogos. Quando perdia, havia aquelas reuniões para lavar a roupa suja no vestiário e eu não falava muito. Como é que eu ia cobrar sendo que eu não estava rendendo nada? Não fui omisso porque, quando você está assim, não adianta chegar e apontar o dedo. Sentia que o time não ia. Foi uma decepção muito grande.
UOL Esporte: Porque você encerrou a carreira no Ceará e não no São Paulo? O São Paulo o procurou?
Edmilson: O São Paulo não me procurou. Tinha prioridade de voltar, mas o projeto do Palmeiras era legal. Infelizmente, fomos eliminados na Libertadores e houve a frustração do Brasileiro. O projeto de 2009 foi muito bem feito, mas demos aquela vacilada no final. Depois, fiquei um ano e meio no Zaragoza e pensava que seriam meus últimos anos de contrato. Quando voltei, tinha propostas de alguns clubes grandes de São Paulo e Rio. Só que eu já voltei pensando em jogar seis meses. Queria ser mais importante fora de campo do que dentro. Foi quando o Vagner Mancini ligou. Ele estava no Ceará com um time legal. Conversei com minha esposa e meu empresário. Queria desacelerar. Se fosse para o Vasco ou Santos (times que recebeu propostas) eu seria apenas mais um. Queria ser mais importante na reconstrução de um clube do que propriamente jogar bola. O Ceará se encaixava neste projeto.
No dia 12 de maio de 2014, o UOL Esporte publicou a seguinte entrevista com a esposa de Edmílson:
Mulher de Edmilson conta que teve vontade de esganar Galvão na Copa de 2002
Simeia Moraes queria que o marido fosse como as meninas do vôlei e procurasse as câmeras para mandar beijos e declarações de amor à família após a estreia do Brasil na Copa do Mundo de 2002. Mas o destaque que Edmilson teve depois do jogo foi bem diferente. O volante foi o escolhido pelo narrador Galvão Bueno como o pior jogador da partida diante da Turquia. Como punição ele teve a sua camisa pendurada de cabeça para baixo no programa de pós-jogo da Rede Globo.
Franzindo a testa e fazendo expressão de contrariada ela conta que foi duro ouvir o narrador desancando Edmilson na transmissão. Teve até vontade de entrar na TV e esganar Galvão Bueno. "Foi muito triste ver a camisa pendurada de cabeça para baixo. Fiquei arrasada".
A família estava toda reunida para ver a partida de estreia do Brasil na Copa. E é claro que o melhor lugar do sofá ficou para Simeia, que estava grávida de sete meses na época do Mundial e por isso não viajou para ver as partidas. "O primeiro hino eu chorei". Ela explica que não tem como segurar a emoção de ver o marido defendendo a seleção porque isto é o ápice da carreira.
No período em que Edmilson estava na seleção, o telefone funcionou como nunca. O casal se falava até quatro vezes por dia e o roteiro das conversas não variava muito. Simeia conta que primeiro ele perguntava como estava a Tiffany, nome escolhido para a filha, e depois passavam para os assuntos de futebol.
Ela diz que a saudade pareceu aumentar na mesma proporção que a distância quando a delegação embarcou para a Coreia do Sul. Também mudou a rotina porque o relógio do marido estava 12 horas adiantado. "Este tempo que ele passou na Ásia eu parecia um zumbi. Falávamos de madrugada e fiquei dois meses vivendo os dois fusos horários".
O cansaço não era maior que a falta que o marido fazia por isso Simeia não pregava o olho sem falar com Edmilson. "Ai dele se não ligasse. Eu não dormia até falar com ele. Ele ligava às 3 horas, 4 horas da manhã." Terminados os assuntos de família, a primeira pergunta que fazia era se o marido começaria jogando.
Depois do episódio da camisa de cabeça para baixa no varal de Galvão Bueno, Edmilson foi para o banco de reservas. Naquela semana, os diálogos nas ligações foram diferentes, com ambos tentando esconder a tristeza para preservar o companheiro.
Tudo mudou no terceiro jogo do Brasil na Copa, contra a Costa Rica. Com a classificação para as oitavas de final encaminhada, Edmilson ganhou uma nova chance entre os titulares. E ele aproveitou como nunca a oportunidades. Bola alta na área e o zagueiro faz um movimento acrobático lembrando arte marcial, no aspecto da maior plasticidade que o esporte tem, e meio de bicicleta marca o terceiro da seleção. Simeia recorda que pulou do sofá. Ela projeta o quadril para frente come se fosse repetir o movimento e continua a história com um sorriso no rosto. Com a euforia, todo mundo começou a gritar e a agarrá-la.
Passada a comemoração, ela pensou "se a Tiffany não nasceu naquele dia, nasceria no prazo certo". Aquele momento também é orgulho para a menina que está com 11 anos. A mãe afina a voz para parecer a de uma criança e imita: "Mami eu tava na barriga este dia". A irmã mais nova tem um certo ciúme.
As madrugadas em claro se seguiram até que a seleção entrou em campo para jogar a final contra a Alemanha, num domingo de manhã. Simeia passou a noite em claro e quando a bola rolou os medos se dissiparam e o penta chegou. A ligação daquele dia foi mais longa e emotiva. Edmilson falou o que sentiu quando estava de joelhos no gramado. Chorando, contou que lembrou da primeira ida à roça para ajudar a família até a glória no esporte mais popular do mundo. Claro que a mulher acompanhou as lágrimas.
O grand finale foi com Edmilson sendo recebido no Palácio do Planalto e ganhando medalha do presidente da República, na época Fernando Henrique Cardoso. O país tratava os jogadores como heróis nacionais, mas para as mulheres deles existe um lado B. "O mundo inteiro vê e eu me senti bastante orgulhosa. Ao mesmo tempo não foi fácil. Eu estava grávida, minha filha nasceu em agosto e em junho ele viajou. Eu já estava com um barrigão", lembra. Simeia começa a frase com um sorriso, mas termina pensativa e coçando a perna.
Ela ressalta que a Copa está longe de ser um incômodo, mas diz que foi complicado ir à Granja Comary entregar o marido à Família Scolari para reencontrá-lo somente dois meses depois. E assim como as demais mulheres e namoradas dos pentacampeões, Simeia não teve nem o direito do primeiro abraço depois da volta ao Brasil. O carinho só aconteceu depois dos longos desfiles em carro de bombeiro. "Quando ele chegou foi só festa, todo mundo feliz. Claro que o primeiro abraço foi com muitas emoções e lágrimas."
Simeia decorou as imagens da festa e isto aparece no olhar que parece rever uma cena gravada na memória e descrever uma emoção tatuada na pele: "eu vi ele com a taça na mão". Era o último mês de gravidez quando o marido voltou para casa.Como julho foi o mês da final da Copa e do nascimento de Edmilson, a mulher preparou uma festa de aniversário e de boas vindas. Simeia fala como decorou o salão com o olhar de quem assiste imagens gravadas na memória. Ressalta que ela mesma fez o bolo que tinha a bandeira do Brasil desenhada na cobertura e a frase "Parabenizamos o pentacampeão Edmilson".
Familiares e amigos cantaram o Parabéns a você e Simeia ganhou o primeiro pedaço. "Tinha que ser, né?". Em seguida, o casal viajou para Taquaritinga, a cidade natal do zagueiro. Mais uma vez o penta campeão subiu no caminhão dos bombeiros para desfile em carro aberto. Mas dessa vez não estava acompanhado pelos companheiros de time e sim pela mulher. Ele fez questão da presença dela que mesmo no último mês de gravidez teve a alegria de dividir este momento com o marido. "Muita emoção e fico imaginando o que ele não viveu. Fiquei pensando, nossa!" Depois de 60 dias longe, eles finalmente celebravam as alegrias da Copa juntos.
Em 13 de abril de 2018, a empresária Flávia Raucci escreveu sua coluna no site de Luiz Andreoli falando sobre Edmilson, incluindo a paixão do ex-jogador por cavalos. CLIQUE AQUI E VEJA.
No dia 18 de abril de 2021, José Edmilson Gomes de Moraes, o Edmilson (ex-zagueiro e volante do São Paulo, Lyon e Seleção Brasileira), participou do Domingo Esportivo da Rádio Bandeirantes.
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