Chacrinha

O Velho Guerreiro

por Marcos Júnio Micheletti

José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha, morreu no Rio de Janeiro em 30 de junho de 1988, aos 70 anos, em decorrência de câncer no pulmão.
 
Pernambucano da cidade de Surubim, onde nasceu em 30 de setembro de 1917, teve seu primeiro contato com um veículo de comunicação aos 20 anos, apresentado uma palestra sobre alcoolismo, na Rádio Clube de Pernambuco.
 
Estudante de medicina, acabou ingressando no serviço militar, primeiro no tiro de guerra e depois se dedicou à música, como percussionista na banda militar.
 
Ele viajava para a Alemanha, com a banda quando começou a 2ª Guerra Mundial, o que obrigou o navio em que estava a atracar no Rio de Janeiro, onde, de fato, começou sua carreira, primeiro como locutor da Rádio Tupi e depois na Rádio Fluminense em um programa de marchinhas carnavalescas, o "Rei Momo na Chacrinha".
 
Na década de 50 passou a comandar, ainda na rádio, o "Cassino do Chacrinha", para estrear na televisão em 1956, com o programa "Rancho Alegre", na TV Tupi, na "Discoteca do Chacrinha".
 
Depois passou pela TV Rio e Rede Globo (1970), nesta com duas atrações semanais: a "Buzina do Chacrinha" e a "Discoteca do Chacrinha".
 
Permaneceu na Globo até 1978, quando foi para a Rede Bandeirantes, ficando na emissora do Morumbi até 1982, ano em que retornou à Globo.
 
Os calouros eram uma atração à parte de seu programa, onde os jurados alimentavam o clima de descontração e irreverências, entre eles a cantora Aracy de Almeida, Elke Maravilha e Pedro de Lara, que depois acabaram participando dos programas de calouros de Silvio Santos.
Elke Maravilha costumava chamar Chacrinha de "Painho" e o apresentador utilizava sua inseparável buzina para dispensar os calouros desafinados.
 
Durante os musicais, era comum o apresentador arremessar peças inteiras de bacalhau para o auditório. E não era apenas bacalhau, sacos de farinha, arroz e feijão também eram jogados ao público. Além disso, os calouros que recebiam a buzina ganhavam o "Troféu abacaxi".
 
Os musicais eram marcados pela presença das dançarinas, no caso, chamadas de "Chacretes". A mais famosa delas foi Rita Cadillac, mas outros nomes marcaram época na atração comandada pelo "Velho Guerreiro", como Gracinha Copacabana, Fátima Boa Viagem, Índia Amazonense, Fernanda Terremoto e Suely Pingo de Ouro, entre outras.
 
Os bastidores do programa eram divertidos, segundo os artistas que dele participavam. A cantora Preta Gil, filha de Gilberto Gil, costumava acompanhar o pai nos programas e se divertia.
 
"Eu amava o Chacrinha. Ele era muito carinhoso. Os artistas se apresentavam pela ordem de chegada ao teatro Fênix, no Rio de Janeiro, uma diversão", disse Preta Gil no "Programa do Jô", em 28 de agosto de 2012.
 
Falando em "Velho Guerreiro", esse apelido surgiu a partir da música de Gilberto Gil, "Aquele abraço". Chacrinha costumava ficar falando durante a apresentação de seus convidados. "Alô, atenção!", "Quem vai querer", etc.
 
Frases.
Chacrinha criou diversas expressões que até hoje são lembradas, entre elas:
"Quem não se comunica, se trumbica".
"Na televisão, nada se cria, tudo se copia".
"Eu vim para confundir, não para explicar".
"Vai para o trono ou não vai!".
"Cheguei, baixei e saravei".
"Vocês querem abacaxi?"
"Teresinha!!!"
"Como vai? Vai bem? Veio a pé ou veio de trem?"
"Aquele abraço!"
Várias de suas marchinhas de carnaval fizeram muito sucesso, entre elas "Maria Sapatão" e Bota a camisinha".
 
Em 1983 foi substituído pelo humorista Agildo Ribeiro, que o imitava com perfeição. Já debilitado pela doença, em 1988, chegou a ser substituído pelo humorista Paulo Silvino e também por João Kléber.
Torcedor apaixonado do Vasco da Gama, não foram poucas as vezes em que apresentou seus programas com a camisa do clube de São Januário.

Abaixo, um trecho do Cassino do Chacrinha:

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