Um dos mais controvetidos e discutidos árbitros da história, Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques, popularmente conhecido como Armando Marques, é tido por alguns como a maior referência brasileira do apito. Ele morreu no dia 17 de julho de 2014, aos 80 anos, vítima de insuficiência renal, no Rio de Janeiro, onde morava.
Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques nasceu em 6 de fevereiro de 1930, no Rio de Janeiro, e apesar de suas atuações na maioria dos jogos tenha sido irrepreensível, ganhou fama por cometer erros históricos que decidiram campeonatos.
Pediu demissão em 2005 do comando da Comissão de arbitragem da CBF por não aceitar críticas que vinha recebendo por conta do escândalo de corrupção da arbitragem no futebol brasileiro que envolveu os árbitros Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon. Solteiro, tinha vários sobrinhos que receberam todo seu acervo de fotos e motivos relacionados à carreira.
Seu estilo rigoroso marcou época e serviu de inspiração para muitos outros árbitros. Tanto que sempre era chamado para apitar decisões importantes Brasil afora. Tinha como característica não tolerar lances violentos. Também não se intimidava com a truculência dos cartolas.
Suas falhas gritantes em partidas importantes ficaram gravadas na memória da torcida. Em 1966, pelo Campeonato Paulista no Pacaembu, o São Paulo vencia o Corinthians por 2 a 0. No segundo tempo, segundo o grande internauta Pedro Luiz Boscato, validou um gol que não ocorreu. No lance, Rivellino desferiu um chute que furou a rede e entrou no gol tricolor. Como se não bastasse, Armando ainda expulsou dois jogadores do São Paulo que reclamaram da marcação.
Cinco anos depois anulou um gol legítimo de cabeça marcado por Leivinha, então no Palmeiras, na decisão do Paulistão contra o São Paulo, alegando que fora feito com a mão.
Em 1973, o mais famoso do erros, quando se atrapalhou na contagem dos pênaltis que decidiram o Paulistão entre Santos e Portuguesa. O Peixe vencia por 2 a 0, mas ainda havia a possibilidade, remota, de a Lusa empatar. Por conta disso, o título foi dividido entre os dois clubes.
No ano seguinte, na final do Campeonato Brasileiro entre Cruzeiro e Vasco no Maracanã, anulou um gol legítimo de Zé Carlos, do time mineiro, quando o jogo estava 2 a 1 para a equipe carioca. Detalhe: o lance ocorreu aos 45 minutos da etapa final.
Internacionalmente, Armando Marques tem um registro importante em sua carreira, pois foi o árbitro do jogo inaugural do Estádio Olímpico de Munique, na Alemanha, em 1972. A partida foi entre a Seleção Alemã e a União Soviética. O apito utilizado por Armando Marques neste jogo encontra-se no acervo do jornalista Severino Filho, em teresina, Piauí, devidamente autenticado pelo próprio árbitro.
por Marcelo Rozenberg / colaborou: Severino Filho
No dia 23 de abril de 2014, o portal UOL repercutiu a entrevista dada por Armando Marques a Jô Soares
Armando Marques admite erros, corneta Neymar e leva plateia do Jô aos risos
UOL Esporte
O ex-árbitro Armando Marques levou a plateia do Programa do Jô, da TV Globo, aos risos em entrevista levada ao ar na madrugada desta quarta-feira. Marques admitiu erros de sua carreira, fez piadas e ainda cornetou o atacante Neymar.
Perguntado por Jô Soares se ainda tem o hábito de ver futebol, Armando Marques disse que assiste com menos frequência, e citou Neymar ao falar que a modalidade já não é mais tão atraente.
“O futebol ultimamente, para mim, caiu muito. Esse menino do Santos que agora foi para o Barcelona, vão acabar com esse menino. Vão acabar rápido. Estão dizendo que ele é o maior do mundo e ele começa a simular faltas”, disse Marques.
Neymar ainda recebeu outra cornetada do ex-árbitro, que disse que o jogador do Barcelona tem suas qualidades exageradas. “Ele é um bom jogador, mas não é tão bom quanto ele pensa. Porque Pelé só teve um. Eu desafio alguém que me diga outro Pelé, outro Garrincha”, afirmou.
Marques relembrou o famoso erro na disputa de pênaltis na decisão do Campeonato Paulista de 1973, entre Santos e Portuguesa, quando ele encerrou as cobranças quando a Lusa ainda tinha chances de igualar o placar, dando a vitória ao Peixe. “Contei quatro como cinco. Para você ver a porcaria de economista que eu era”, disse, em referência a sua formação.
“Não entrava na minha cabeça que eu não vi o Pelé cobrar, como é que eu não vi? Eu devia estar meio louco aquele dia. De vez em quando isso acontece comigo, eu fico meio cachorro danado, aí é meio perigoso”, contou Marques.
Questionado pelo seu estilo dentro de campo, Armando Marques fez até uma piada. “Eu expulsava só com o dedo. Falava ‘fora’. Até fizeram uma música com o ‘dedinho do Armando’. Eu não tinha outra coisa para fazer com o dedo”, disse.
O ex-árbitro arrancou mais risos da plateia quando disse que não há um colega de profissão que não tenha cometido erros. “Quem diz que nunca fez uma boa cagada, ou é mentiroso ou nunca apitou”, disse, antes de contar outro desses enganos.
“Eu tenho muitos erros, muitos. Mas palavra de rei não volta atrás. Uma vez eu dei um cartão amarelo a um jogador e fui fazer a súmula. Como é que eu dei cartão para esse jogador, se ele estava no banco? Passei para o outro”. “Mesmo sem ter merecido”, perguntou Jô. “Não quero nem saber”.
Marques, porém, fez uma restrição. “Eu nunca errei um impedimento, porque eu sempre ficava na linha do último defensor. Errei pênalti, errei gol, mas nunca errei impedimento”.