Alexandre Kadunk

Saudoso jornalista brasileiro

Canto do Uirapuru. Silêncio! Bam, Bam, Bam, Bam...Bandeirantes no Ar!. Era o conjunto "Os Titulares do Ritmo", Anunciando "Os Titulares da Noticia". Uma criação de Alexandre Kadunk, que morreu em 14 de junho de 1989, aos 57 anos.

Alexandre Kadunk, nascido em 21 de julho de 1932, em São Paulo, foi um dos jornalistas mais completos do radio paulista. Diretor de jornalismo dos Titulares da noticia, da Radio Bandeirantes, que alem do noticiário principal Primeira hora, tinha também o noticiário de hora em hora. Kadunk iniciava cada noticiário com um pensamento, de sua ou de autoria de outros pensadores e  no período mais duro da ditadura militar ele colocava pensamentos relacionados aos acontecimentos do cotidiano político administrativo.

Carlos Lacerda um dos lideres do movimento de 1964, que passou a ser pessoa não grata aos militares por discordar do andamento político que estava sendo dado pelo governo militar completamente ao contrario do que tinha dito Castelo Branco em 2 de Abril de 1964 que devolveria o poder ao estado democrático.

Quando o canto do Uirapuru surgia no ar, era porque estava se abrindo mais uma pagina do noticiário criado por Alexandre Kadunk que colocava  muitos pensamentos que eram autenticas indiretas ou diretas endereçadas  ao governo militar: "Neste país ninguém sabe quem é quem, e nem quem quer o que! (Carlos Lacerda). =" Os jovens tem o direito de protestar, porque não foram consultados para vir ao mundo, em tempo de crise e guerra?. "É nos porões da opressão, que se preparam as verdades?. = "Os medíocres não merecem compaixão, eles já nascem condenados? =" Liberdade: Quantos crimes não se cometem em seu nome? = Um povo ignorante é sempre escravo mesmo que goze da mais livre das constituições? =" A liberdade e a melhor herança que podes deixar ao teu filho? = "A justiça pode se impacientar porque é precária, mas a verdade não se impacienta porque é eterna? = "Todos desejam o poder, mesmo sem saber o que dele fazer? = "Todos os homens foram criados iguais, a procura da vida, do amor e da felicidade? =" Infelizmente neste mundo há muito para poucos, e muito pouco para muitos? = "Os grandes, só são grandes, quando estamos de joelhos?.  = "O homem só pode andar com a cabeça erguida, se estiver com os pés no chão da verdade? = "O governo que cala a imprensa não governa, fica!? =" É preferível uma terra sem governo do que uma terra sem jornais (Tomaz Jeferson)? Deixe a China dormir, porque quando ela acordar o mundo estremecerá?l(Napoleão Bonaparte). Com toda essa gama de pensamentos os noticiários da Rádio Bandeirantes não sofreram solução de continuidade. Pelo menos não chegou a meu conhecimento. Se alguém souber me corrija.

Alexandre Kadunk tinha cara de bravo, era meio sisudo, para era uma pessoa afável. Quando era necessário dava homéricas broncas como aconteceu com um "foquinha"  intrometido, que estando ele lendo jornal,  meteu a cabeça no ombro dele por trás para ler também. Adivinha o que aconteceu.  No mais ele era muito legal.

Um domingo a rodada do campeonato brasileiro estava parada. Tinha um jogo de futebol da seleção brasileira e quando isso acontecia todos que trabalhavam no plantão esportivo e dos titulares da noticia, e mais alguns bicos, iam ao controle geral onde sempre tinha um aparelho de TV ligado para assistir.

Mas naquele domingo de Julho de 1971 estava jogando Brasil x Iugoslávia. Era a despedida de Pelé da seleção brasileira. Não sei por que cargas água, a TV estava ligada na sala dos "Titulares da Noticia?. Muita gente de olhos grudados na tela vendo o jogo ainda em preto e branco. De repente chega ele, o Chefe Kadunk. Já tinha neguinho tremendo na base. Todos quietinhos olhando por baixo das pestanas, outros pelo "rabo do olho".

Ele parou bem a frente da TV, botou as mãos na cintura, mais parecendo um açucareiro. Pensei comigo: Lá vem Bomba! Ele da uma olhada o jogo, e vê que é a seleção da Iugoslávia que está em campo, e pergunta: - Quando está o jogo?  - Zero a zero, disse alguém  com uma vos que mais parecia um sussurro. Ele deu uma olhada com mais afinco, e falou: Sabiam que minha mãe é Iugoslava? Deu um, boa tarde, e saiu. Foi um, tal de nego soltar vento dos pulmões, que quase voou papel da mesa.

Sabendo que ele gostava de colocar pensamentos no inicio dos noticiosos, um dia cruzei com ele nas escadas subindo para o primeiro andar e disse: Kadunk. Tenho um pensamento legal para você colocar nos noticiários, é de autoria de Pablo Neruda: Manda disse ele: "Nenhum país decente deixa 80% de sua riqueza nas mãos dos estrangeiros?. Ele olhou pra mim com um sorriso maroto e disse:  "Ta querendo fechar a Radio?, Lopomo?

Autor: Mario Lopomo

PARTICIPAÇÃO NO CAPÍTULO FINAL DA NOVELA "O PROFETA", PELA TV TUPI

Alexandre Kadunk teve uma participação no último capítulo da novela "O Profeta", exibida pela extinta TV Tupi entre outubro de 1977 e abril de 1978, um sucesso estrondoso de audiência na ocasião, de autoria da Ivani Ribeiro (1922 - 1995).
 
Kadunk, ao lado de Salomão Ésper, fez o papel de um jornalista durante uma entrevista com o personagem principal, vivido pelo saudoso Carlos Augusto Strazzer (1946 - 1993), que interpretava Daniel, o Profeta.
 
VEJA, ABAIXO, NO EXATO TRECHO DA PARTICIPAÇÃO DE ALEXANDRE KADUNK E SALOMÃO ÉSPER NA NOVELA "O PROFETA"

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